terça-feira, 13 de março de 2007

Carris, a História (IX)

Carris, 22 de Junho de 2003

No correr deste edifício pré-fabricado encontram-se casas de habitação nas quais ainda são visíveis as lareiras e as paredes de estuque que dividiam várias divisórias das casas. A última casa desta pequena avenida seria também pré-fabricada e somente dela existem os rebites de sustentação das paredes. No final desta avenida e andando mais alguns metros chegava-se a uma pequena plataforma natural na qual teria sido montada uma antena de comunicação. Desta estrutura restam as bases de apoio da antena e os pontos de fixação dos cabos de sustentação da mesma. Nesta base existe uma pequena entrada para uma pequena mina. Não deixa de ser curioso a existência desta mina neste local, mas uma visita á zona sob a qual a mina foi escavada revela a existência de explorações mineiras a céu aberto e a possibilidade da existência de minério em profundidade nesta zona poderá ter levado à criação desta pequena mina. Ou então seria uma mina de água e eu estou aqui a inventar! Também nesta área encontram-se pequenas casas cujo seu objectivo é completamente desconhecido.

A terceira área de Carris seria uma área inteiramente industrial na qual se localizavam armazéns, edifício de processamento de minério e acesso às minas. Tem-se acesso a esta área descendo uma pequena rampa a partir da segunda área e que termina junto de um edifício que servia de armazém de material pesado (ent António Ribeiro). Muito próximo deste edifício e á sua frente encontrava-se um outro edifício no qual estava localizado um grande gerador que fornecia energia a todo o complexo. Separado deste edifício existiam uma série de construções nas quais ainda são visíveis pequenos fornos que provavelmente serviam para processamento de minério. Em frente deste edifício e afastado uns 50 metros encontra-se um outro edifício junto do qual existia um forno (ainda presente) e que pela sua estrutura serviria para o processamento final do minério antes do seu transporte para fora do complexo. Nesta zona localizam-se ainda outras pequenas casas que provavelmente serviriam de armazéns e uma zona que serviria para elevação do minério a partir dos níveis inferiores da mina. No terreno esta será actualmente a parte mais perigosa de todo o complexo pois é um poço muito profundo e nada resguardado. Ao longo de várias dezenas de metros são visíveis locais de abatimento do solo provavelmente provocados pelo colapso de galerias subterrâneas. Junto a estes edifícios é visível a entrada para uma pequena mina composta de uma só galeria com uma extensão muito curta.

Na proximidade destes edifícios e tendo início junto a uma pequena escombreira na qual são visíveis sinais de poluição por ácidos (o cheiro é característico!), inicia-se um sistema de pequenas condutas de pedra que serviram para conduzir a água para o vale que se abre mais abaixo. Ao longo da conduta são visíveis em certos locais pequenas ranhuras nas pedras que provavelmente serviriam para o encaixe de comportas de madeira bloqueando a passagem de água. Na extremidade destas condutas existia uma pequena construção em madeira na qual terminava o cabo de telégrafo que em tempos percorreu todo o Vale do Alto Homem até Carris e que foi retirado na década de 90. Actualmente restam menos de cinco postes que assinalam a presença desse meio de comunicação.

Fotografia © Rui C. Barbosa

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