Quem percorre as serranias do Gerês, certamente já deve ter reparado na diferença da paisagem.
Aquilo que vemos, é algo que nos faz lembrar o pináculo do Verão em pleno Agosto; porém, estamos em princípios de Julho e a paisagem está queimada pelo Sol, seca.
Os pequenos ribeiros há muito que deixaram de ter água e a secura dos seus leitos complementa a paisagem com as planuras amarelecidas da vegetação queimada pelo Sol. A visão das grandes barragens cheias de água, engana a percepção daqueles que «visitam» o Parque Nacional e se indignam pela Cascata do Arado ser "só um fio de água!" Não tarda e a culpa também é do Parque Nacional ou da Câmara Municipal.
Tal como o resto do planeta, o Parque Nacional da Peneda-Gerês sente os efeitos destas alterações do clima. O Verão alonga-se mais quatro semanas, afectando assim todo o ciclo da vida. Um Inverno quase inexistente, apesar da muita chuva que se perdeu toda no oceano, pois a neve quase nem deu para as fotografias. Entretanto, os animais vão-se adiantando na vezeira e ocupam prados mais elevados onde o pasto ainda resiste e é mais fresco. Os próprios pastores dizem que este ano "há muito menos água." Os vales mais baixos surgem desolados, tristes, vazios... Os rios são com um corpo exangue, de escassos caudais ou secos, levando a que a qualidade da água não tarde a ser um problema de saúde pública nas zonas balneares mais procuradas no interior da serra.
Para quem caminha nos carreiros serranos a busca de água começa a ser problemática, pois é preciso saber onde estão as fontes que não secam e saber fazer uma boa gestão do consumo de água nos dias tórridos que preenchem o calendário.
Continuando este calor, começará a ser problemático caminhar e frequentar os espaços florestais onde todo o cuidado será pouco para evitar incêndios.
Estamos perante uma montanha a morrer de sede e o Verão ainda agora começou...
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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