quinta-feira, 18 de abril de 2013

Orónimos perdidos da Serra do Gerês (I)


Algo que me dá uma grande satisfação, é saber que percorro uma parte da Serra do Gerês podendo contribuir para a sua memória etnográfica e geográfica. A Serra do Gerês é um manancial riquíssimo ao nível da sua toponímia (ou mais precisamente da sua oronímia... será que é assim que se diz?)

Se as cartas militares em algumas (poucas) situações nos ajudam a perpetuar estes velhos nomes, na sua maior parte estes nomes são perpetuados na forma oral, passando de geração em geração dos habitantes serranos. Porém, com o gradual abandono das actividades tradicionais ligadas ao cultivo das terras e em especial à transumância dos gados, muitos destes nomes vão caindo no esquecimento, ressuscitados aqui ou ali pela passagem mais curiosa de um forasteiro em deambulações pela serra.

Gosto, e tenho um grande prazer, de dar o meu contributo para a preservação da memória serrana e é com afinco que procuro saber mais sobre esses orónimos perdidos e em especial a sua localização (o mais exacta precisa). É certo que este trabalho de preservação da toponímia e da micro-toponímia deveria ser da responsabilidade de um parque nacional que se preze. Porém, estará mais preocupado em perseguir aqueles que percorrem os velhos trilhos seculares do Gerês e das outras serras, numa presença responsável, do que em fazer o seu trabalho de preservação de uma memória que se vai perdendo e para o qual tanto contribuiu.

Assim, e após me deparar com um conjunto de orónimos que desconhecia na totalidade, procurei saber algo mais sobre a sua localização. Para ajudar a uma melhor compreensão da Serra do Gerês, apresento aqui alguns desses nomes (agradecimento especial ao Paulo Figueiredo e ao Sr. Pires pela ajuda prestada).

Vou dividir estes nomes em duas partes: os terrenos de Vilarinho e os terrenos do Mourinho, começando hoje por estes últimos (o mapa em cima ajuda na localização de alguns desses nomes assinalados com letras).

- Fraga da Rocha Gorda: está situada na zona da Quelha Direita, a corga que nos leva à Bouça da Mó;

- Concões: está situado junto ao pequeno prado abaixo do Pé de Cabril (em direcção a Sul) e mais voltado a Leonte;

- Cabeço do Arieiro: zona de carvalhos junto do Pé de Cabril, virado a Leonte (também existe a Chã do Arieiro);

- Portela do Confurco (E): no princípio da Quelha Direita (zona da mariola grande em direcção ao Pé de Cabril);

- Corga do Mourinho (C): inicia-se na linha do Curral do Mourinho, baixando para Leonte;

- Cabeço da Azilheira (B): existe o 'de Cima' e o 'de Baixo', e está entre o Mourinho e a Varziela;

- Portelas da Quelha Direita: onde se vira para o Prado Marelo no princípio da Quelha Direita;

- Fraga da Portela do Perro (H): parte «de trás» do Pé de Cabril, voltada a Vilarinho, no trilho para o Tirolirão;

- Curral Velho (A): entre Varziela e Bemposta, voltado a Vilarinho;

- Lama da Mó (D): abaixo do Curral de Tirolirão;

- Penedo Março (F): ao lado da Portela do Confurco acima do trilho para Varziela;

- Quelha Direita (G): corga entre a Portela do Confurco e a Bouça da Mó.

Depois virão os terrenos de Vilarinho.

Fotografia: © Rui C. Barbosa (retirada da Carta Militar n.º 30)

1 comentário:

joca disse...

Boa Rui, esta é uma zona que nunca explorei muito.