Se o dia anterior na subida Ao Topo da Serra Amarela havia sido marcado pelo calor da tarde e as peles queimadas ao final do dia, este não seria diferente! O ar fresco da manhã e a brisa confortável, seriam substituídos por um Sol que de tarde incomodava na pele. De novo, a caminhada foi feita a partir da Corga da Abelheira, uma verdadeira porta de entrada para um Gerês imenso, quase selvagem e que nos transmite uma sensação de grandiosidade que a estas montanhas só lhe falta em dimensão. Seguindo pela «face Nascente», os últimos quilómetros ou últimos metros que nos levam ao ponto mais elevado da Nevosa, enchem-nos de uma sensação de aventura e conquista que só aquele lugar nos dá na Serra do Gerês, mesmo sendo uma subida fácil. É talvez pelo facto de ser o ponto mais elevado da geresiana serra ou dar a sensação de ser uma fronteira entre dois mundos, mas o Pico da Nevosa traz a sensação de que, de facto, conquistamos algo, quanto mais não seja a imensa paisagem perante a qual nos tornamos tão pequenos.
A paisagem vê-se também polvilhada de grandes blocos graníticos em tempos arrastados pelas forças dos glaciares que moldaram aqueles vales. De facto, na Serra do Gerês podem-se encontrar formas de relevo e zonas sedimentares que são memória das acções da glaciação que afectaram aquelas montanhas há centenas de milhares de anos. No vale de Compadre, por onde acabaríamos de passar, tivemos a oportunidade de observar acumulações de blocos graníticos (moreias) criadas pelo movimento dos glaciares. Destas, destaca-se a moreia lateral de Compadre, a mais extensa do Norte de Portugal, com cerca de 1 km de extensão, e noutros sectores do vale, tais como a Ribeira da Biduiça e vertente ocidental dos Cornos de Candela, ocorrem sedimentos (denominados 'till subglaciário') que permitem estimar uma espessura de gelo de cerca de 150 metros, durante o máximo da glaciação.
Deixando então para trás aquela magnífica varanda em Entre Caminhos, iniciamos uma curta descida para os currais de Biduiça (Biduiças) e seguindo a Norte, chegávamos ao Curral das Rocas de Matança situado na margem do Ribeiro da Biduiça.
Tomando um caminho diferente da última passagem por esta zona, segui o Ribeiro de Lamelas a partir do Curral de Rochas de Matança, subindo depois para os Currais das Negras e daqui enveredando por um carreiro que segue a face Nascente da Nevosa até chegar à base do seu Pico. Aqui, a Fonte da Nevosa ainda brotava intensamente o que nos ajudou a aliviar a sede que já se fazia sentir. Depois de lutar contra a vegetação, lá se conseguiu chegar à base que permite a subida final para o Pico da Nevosa.
O regresso é feito descendo para o Colo de Marabaixo onde, escondido pela alta vegetação, conseguimos encontrar o carreiro que nos levou de volta aos Currais das Negras. Passados os Currais das Negras, e seguindo a vertente da margem esquerda da Ribeira das Negras, seguimos na direcção do Marco K. Este pequeno marco é um dos três marcos alfabéticos da Serra do Gerês. Passando ao largo dos Currais da Matença desce-se para o Curral de Rochas de Matança, e acompanhando a margem direita da agora Ribeira de Biduiça, chegarmos ao Curral de Biduiça onde se faz uma pequena paragem antes de encetar o regresso descendo a Corga da Abelheira a partir de Entre Caminhos.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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