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quinta-feira, 10 de setembro de 2020

A terceira fase de exploração e as operações mineiras nas Minas dos Carris nos anos 70 (Parte II)


Continuação do artigo que nos relata a terceira fase de exploração e as operações mineiras nas Minas dos Carris nos anos 70 do século XX.


Segundo o despacho então emitido pela Câmara de Falências de Lisboa, Manuel Maria Mendes dos Santos foi encarregue de vender as quotas e o crédito da Sociedade ao restante sócio, José Antunes Inácio. Na escritura lavrada a 8 de Maio, a quota de 147.000$00 é cedida pela mesma quantia a Armando Félix Pereira e a outra quota de 115.000$00, que juntamente com a outra quota de 408.000$00 (juntamente com o crédito que a ‘Mason & Barry’ tinha na Sociedade das Minas do Gerez, Lda.) é cedida pelo preço global de 768.000$00 à ‘International Mining Corp.’ Manuel Santos recebe também de Armando Félix Pereira a quantia de 32.000$00 respeitante à quota que lhe havia sido cedida e que da qual dava quitação. Por outro lado, e em relação à cessão de quotas e do crédito feito à ‘International Mining Corp.’, já teria sido entregue nesta data a quantia de 200.000$00 à administração de falências da ‘Mason & Barry’ a título de sinal e como princípio de pagamento (recebendo Manuel Santos neste acto a quantia de 568.000$00). Armando Félix Pereira e Alexander Schneider-Scherbina aceitaram em nome da ‘International Mining Corp.’ a cessão das quotas e do crédito que a empresa falida possuía na Sociedade das Minas do Gerez, Lda., dando-se a unificação dessas duas quotas numa única com o valor de 523.000$00 (408.000$00 + 115.000$00).

Tendo em vista já o futuro reatar dos trabalhos, a 30 de Maio é solicitado à Secretaria de Estado da Industria que a mina da Corga das Negras n.º 1 seja considerada em actividade produtiva referindo que a sociedade havia procedido a trabalhos de limpeza e conservação na mina do Salto do Lobo. Era referido que por falta de mão-de-obra em 1969 não fora possível efectuar qualquer produção. Uma solicitação semelhante (feita à Direcção-Geral de Minas e Serviços Geológicos) seria feita a 20 de Janeiro de 1971, referindo não ter havido qualquer produção em 1970 também por falta de mão-de-obra.



A 15 de Julho a Circunscrição Mineira do Norte recebe uma cópia da acta de cessão de quotas que havia decorrido no dia 8 de Maio. Porém, e segundo esta Circunscrição devido ao facto de a Sociedade das Minas do Gerez, Lda. não estar devidamente representada perante o Estado, essa escritura foi enviada no mesmo dia para a Repartição de Minas para que fosse devidamente estudada perante a lei portuguesa. A Sociedade é também informada para o que está preconizado no então Decreto-Lei n.º 18.713, de 1 de Agosto de 1930, nomeadamente sobre a obrigatoriedade de director técnico e respectivos termos de responsabilidade deste e da concessionária, obrigações dos concessionários mineiros, alterações dos planos de lavra e penalidades.

A 28 de Julho de 1970 procede-se à alteração parcial do pacto social da Sociedade das Minas do Gerez, Lda., dando-se assim mais um passo para a retoma dos trabalhos mineiros. A autorização do capital social solicitado ao Banco de Portugal por Armando Félix Pereira e respeitante a suprimentos a efectuar pela ‘International Mining Corp.’, tem parecer favorável do Secretário de Estado da Industria a 18 de Agosto (sendo este parecer baseado numa informação datada de 6 de Agosto). O parecer do Secretário de Estado é transmitido ao Governador do Banco de Portugal pelo Chefe de gabinete da Direcção-Geral de Minas a 21 de Agosto.

Em Julho inicia-se a reabilitação e conservação das instalações por uma equipa de uma dezena de homens com a instalação de um novo gerador. A linha telefónica é reparada por todo o Vale do Alto Homem, com os trabalhos a terem início a 12 de Agosto. Os trabalhos de melhoramento das instalações decorrem ao mesmo tempo que se reinicia a exploração, prolongando-se por mais de um ano. Estes trabalhos consistiram apenas na composição dos edifícios e infra-estruturas, não havendo alterações significativas aos métodos de desmonte, lavaria e instalações exteriores. Assim, limitaram-se ao mínimo os investimentos e procedeu-se ao estudo do jazigo com os trabalhos de exploração. Nestes trabalhos procedeu-se à instalação de um elevador no poço principal (então denominado ‘poço mestre’) capaz de elevar uma vagoneta e procedeu-se à reparação das instalações e equipamentos. Os trabalhos a decorrer em Agosto de 1971 consistiam na desobstrução da galeria do 7.º piso (um piso abaixo da travessa de esgoto), avanços nas galerias do 5.º e 6.º piso, e trabalhos de desmonte no 5.º e 6.º piso.




A lavaria era referenciada como uma ‘instalação pobre’, originando grandes perdas. Os concentrados então obtidos (com pirites, volframite, scheelite, molibdenite, cosalite e diversas gangas) eram flutuados em mesa, possivelmente só com fuelóleo, obtendo-se a molibdenite como flutuado. De seguida, procedia-se a uma separação electromagnética onde se obtinha a volframite. O restante era transportado para o Porto onde era tratado electrostaticamente. Os produtos estéreis da lavagem eram lançados na Lamalonga.

Continua...

Adaptado de "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês" (Rui C. Barbosa, Dezembro de 2013)

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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