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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Paisagens da Peneda-Gerês (CCLXXXIII) - Pão de Pitões


Criado no fogo do Forno Comunitário de Pitões das Júnias, o Pão de Pitões é uma homenagem ás gentes daquela terra serrana.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 30 de outubro de 2018

"Minas dos Carris em Dezembro"


Uma actividade organizada em conjunto pela Associação Pé d'Rios e o blogue Carris entre 7 e 9 de Dezembro de 2018.

Programa:

Dia 1
19:00 – Recepção no Abrigo Pé d'Rio, Germil. Pernoita no abrigo.

Dia 2
07:00 – Saída de Germil em direcção à Portela do Homem.
08:00 - Caminhada de 21 km dificuldade Média / Alta desde a Portela do Homem às Minas dos Carris (regresso pelo mesmo percurso)
20:00 - Pernoita abrigo Pé d'Rios.

Dia 3
09:00 – Início da caminhada no Trilho de Germil dificuldade baixa

Inclui por participante: Guia, seguro, pequenos-almoços e pernoita no abrigo Pé D'Rios

Não inclui: Material de montanha

O que terás que levar
Botas de montanha
Mochila até 30 litros (caminhadas e almoços volantes)
Bastão de marcha
Casaco impermeável e forro polar, luvas, gorro e óculos de sol
Cantil e termos
Roupa e calçado de muda

Características do passeio
Visitação com pequenas paragens e caminhadas interpretativas às Minas dos Carris pelo Vale do Homem e Trilho de Germil.

Valor por participante 50€

As receitas revertem para aluguer da viatura, seguros, combustível, pernoitas, pequenos-almoços e guia.

Poderás enviar a tua inscrição até ao dia 2 de Dezembro através de e-mail pederiosgeral@gmail.com mencionando o primeiro e ultimo nome, numero de B.I e data de nascimento para efeitos de seguro.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Uma mina, três caminhadas


Três caminhadas na Serra do Gerês com o mesmo destino, as Minas dos Carris a realizar entre 23 e 25 de Novembro de 2018.

As inscrições limitadas a 9 pessoas por caminhada.

Dia 23 - Início da caminhada pela Corga da Abelheirinha, seguindo por Biduiça, Lamas de Compadre, Currais das Negras e Minas dos Carris. Regresso pelo Castanheiro.

Dia 24 - Caminhada de ida e volta às Minas dos Carris pelo Vale do Homem.

Dia 25 - Caminhada de ida e volta às Minas dos Carris pelas Minas das Sombras e Portela da Amoreira.

Pernoitas e jantar de Sexta-feira e Sábado nas Caldas do Gerês.

As inscrições podem ser feitas nas três caminhadas ou nas caminhadas à escolha.

Mais informações e inscrições aqui. Inscrições obrigatoriamente via facebook. Inscrições definitivas até 16 de Novembro.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Recolha de bolotas (Outono)


Entre Quarta-feira, dia 24 Outubro e Sábado, dia 24 Novembro de 2018 o Parque de Campismo de Cerdeira promove uma recolha de bolotas dentro da sua área.

Esta actividade serve para uma reflorestação de áreas ardidas com floresta autóctone!

Basicamente, tem de pegar numa cesta e recolher dentro do Parque Cerdeira bolota de carvalho. Depois, é só entregar as bolotas na recepção.

Informe-se na recepção.

"Projeto dos passadiços no rio Adrão vai ser candidatado ao PROVERE"



Em minha opinião, não deixa de ser preocupante esta «passadização» dos rios. Abrir o acesso desgovernado ou mesmo governado por um euro a certas zonas, não contribui em nada para a melhoria seja do que for. 

Fotografia: Soajo em Notícia

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Paisagens da Peneda-Gerês (CCLXXXII) - Paisagem humana de Pitões das Júnias - O Magusto Celta


A paisagem humana e etnográfica é uma parte fundamental do Parque Nacional da Peneda-Gerês, e nesta paisagem Pitões das Júnias tem uma presença muito peculiar com as suas tradições Celtas.

Fotografia: © Rui C. Barbosa (todos os direitos reservados)

domingo, 28 de outubro de 2018

"Concessão de edifícios públicos para turismo chega às áreas protegidas"


Uma entrega exclusiva a privados não acho ser a melhor solução. Mas em causa estão dezenas de edifícios que em tempos foram utilizados pelos Guardas Florestais e pelos Guardas Fiscais. Na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês são mais de 50 edifícios deste tipo que se encontram em diferentes estados de ruína, pois poucos fora reutilizados após o seu abandono.


O Revive, programa de valorização do património imobiliário do Estado criado em 2016, vai ser alargado às áreas protegidas e aos parques naturais. De acordo com informações do Ministério do Ambiente e da Transição Energética (MATE) ao PÚBLICO, a medida implica a criação do Fundo Imobiliário - Revive Natureza, de capitais públicos, que irá reunir os imóveis em causa.


Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

"Bombeiros localizaram os três jovens desaparecidos no Gerês"


Notícia do Jornal de Notícias.

Os bombeiros já conseguiram chegar aos três jovens que estavam desaparecidos desde o final da tarde de sábado. As vítimas foram localizadas já na parte espanhola do Parque.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

"Encontrados no “Xurés” jovens de Braga que estavam desorientados entre as Sombras e os Carris"



Notícia do Diário do Minho.

Os três indivíduos que pediram ajudam, ao final do dia deste sábado, aos Bombeiros Voluntários de Montalegre (BVM), depois de se terem desorientado quando faziam trilhos de “pé posto” de BTT, entre as Minas das Sombras (Parque Natural do Xurés – Galiza) e as Minhas dos Carris (Parque Nacional da Peneda Gerês – Terras de Bouro / Montalegre), foram resgatados do lado espanhol pouco depois de meia noite.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa / Carris (28 de Outubro a 5 de Novembro)


É uma previsão a quatro dias e deve ser lida com um pouco de sal, mas mesmo assim não deixam de ser impressionantes os 53 cm de acumulação previstos para 31 de Outubro nas Minas dos Carris.

Muito cuidado na montanha e nunca se esqueçam que ela vence-nos sempre aos pontos!

sábado, 27 de outubro de 2018

"Três pessoas perdidas na Serra do Gerês em dia de mau tempo"



Três pessoas de nacionalidade portuguesa perderam-se, ao final desta tarde de sábado, na zona dos Carris, freguesia de Cabril, concelho de Montalegre.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Estupidez sem limites


Ainda há pouco tempo mostrei aqui o nível máximo que a estupidez de algumas pessoas podia atingir quando pretendem deixar a marca da sua passagem pelo Gerês. Isto prova que o Gerês terá sido algo de frustrante para elas, pois como não os terá marcado, decidiram elas marcar o Gerês.

Se pensamos que estes casos são relativamente raros, não nos enganemos pois não são, tal como mostram as fotografias desta publicação e que foram obtidas pelo João Paulo Oliveira no Rio Homem por entre quedas de água e piscinas naturais.

É uma estupidez sem limites!!!








Fotografias © João Paulo Oliveira (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa / Carris (27 de Outubro a 4 de Novembro)


Os primeiros flocos de neve deverão começar a cair hoje nas Minas dos Carris. Porém, somente a 30 de Outubro deveremos assistir a uma boa acumulação de neve, estando previstos 30 cm. Neste dia a temperatura máxima não deverá ser superior a 2ºC e a mínima deve baixar a -1ºC.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

O Curral d'Home


Há uns dias atrás, o Jesus Acosta contactou-me para determinar a localização de um curral Furnense esquecido no Vale do Alto Homem, Serra do Gerês.

Denominado "Curral d'Home", este pequeno curral estaria "...no meio da encosta e que não pode precisar (a sua localização) com precisão porque deixou de ser usado", segundo o Prof. Manuel Antunes.

Ora, no artigo "Para um estudo da ocupação humana do Vale do Homem", publicado a 11 de Abril de 2016, faço uma descrição dos abrigos toscos que foram encontrados (a sua maioria) na margem direita do Rio Homem entre o Modorno e a Água da Pala.

A localização deste curral seria mais ou menos entre a Água da Pala e a Ponte do Cagarouço. Este seria o pequeno Curral d'Home.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Exposição "Rostos com História"


Exposição de fotografia "Rostos com História", de Pedro Canedo, vai estar patente no Ecomuseu de Barroso - Vezeira e a Serra, em Fafião, a partir do dia 03 de Novembro (Sábado). 

"Do Gerês para o país: agentes especiais vão proteger floresta"


Notícia do Diário de Notícias.

Limpar matas, educar as populações e restaurar vegetação nativa para prevenir incêndios. O Corpo Nacional de Agentes Florestais, criado há dois anos no Gerês, expande-se a oito áreas protegidas.

Fotografia © Rui Oliveira/Global Imagens

Previsão meteorológica para Nevosa / Carris (26 de Outubro a 3 de Novembro)


Deverá haver uma boa acumulação de neve nas Minas dos Carris a 30 de Outubro.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Previsão meteorológica para Nevosa / Carris (25 de Outubro a 2 de Novembro)


Continuam as previsões de neve que deverá pintar de branco os píncaros mais elevados da Serra do Gerês entre 27 e 31 de Outubro.

6.000 publicações


Com a publicação anterior, este blogue atingiu a notável marca das 6.000 publicações.

Obrigado a todos aqueles que por aqui ainda passam!

Dia Aberto no Parque Nacional da Peneda-Gerês - Fafião 2018


Ainda mal raiava o Sol, e já chegavam os primeiros inscritos neste que foi um evento dedicado à Natureza, onde ela adquire o seu expoente máximo no nosso país, o Parque Nacional da Peneda-Gerês. Uma parceria entre o ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas), a Associação Vezeira de Fafião e o Ecomuseu de Barroso, pólo de Fafião. A importância de um evento desta ordem não embate apenas nos convidados que vindos de todo o país pretendiam perceber um pouco mais da mecânica dos ecossistemas, mas de um elo de ligação da Aldeia de Fafião com o Instituto que regula e gere o Parque, criando uma simbiose de informação que dotará ainda mais a aldeia não apenas para receber o turismo sustentável e de natureza, mas também para que o povo perceba a importância da fauna e da flora e como podem equilibrar e ser decisivos na gestão destes ambientes por si frágeis. 

Importante e de realçar que esta viagem foi feita em dois moldes bem distintos, na Aldeia de Lobos, Comunitária, a associação descreveu as suas tradições e a sua cultura centenária, das vezeiras ao lagar, do fojo do lobo à eira onde se malhavam os cereais, as passagens foram explicadas para as cerca de cinquenta pessoas que se reuniam à volta do Sr Alcides Afonso, homem de muito saber. Consoante o caminho permitia o Instituto de Natureza ia com os os seus peritos explicando a riqueza territorial, as árvores autóctones que compõem os nichos florestais circundantes à aldeia, bosques onde residem os sobreiros, os carvalhos, os castanheiros, frentes de azevinho, tojais, carqueja, oliveiras, medronheiros, e até um pilriteiro. É importante descrever a importância que representa a mata para os Fafiotos, e na voz do presidente da Associação Vezeira de Fafião entendemos os projectos impressionantes de reflorestação que têm sido implementados, em conjunto com o conselho directivo dos baldios e na presença também do seu presidente. 




Depois do bosque chegam as águas, o Rio Fafião e o Conho são os dois senhores que banham estas terras, a aldeia extrai deles a sua água, por isso um cuidado acrescido na manutenção e preservação destes dois cursos cuja riqueza da fauna atrai várias espécies interinas ao Parque, as águas transportam a truta, o escalo e a boga, assim como serve de bebedouro e zona de caça às tímidas lontras, às martas, às raposas e claro está, ao lobo ibérico. 




Apresentamos o melhor que o nosso trilho, PR01 de Montalegre, um projecto conjunto de várias instituições incluindo o Ecomuseu de Barroso, a Câmara Municipal de Montalegre, a Junta de Freguesia de Cabril, os Baldios e a Associação Vezeira de Fafião. A passagem do Quelhão é talvez um dos locais de maior riqueza, um pequeno nicho que apresenta emparedados graníticos únicos, local antigo de nidificação das aves rapinas como são exemplo as águias cobreiras e as águias de asa redonda, nova paragem para explicações, sobre o regresso da águia real ao Parque Nacional, a sua reintrodução, do abutre negro que em conjunto com os grifos estão a fazer morada permanente no Parque e por estas passagens também fafiotas, é interessante perceber como especialistas como o Henrique ao serviço do ICNF nos explicam e ensinam sobre estas mudanças recentes no panorama do Parque Nacional, estamos a crescer, é um sinal positivo, dar a entender ao povo que este conjunto de aves não representam um perigo para as populações, que se devem orgulhar de as poder ter de volta, e que se possam expandir moldando ainda mais positivamente o panorama do Parque. 


Depois de tanta explicação é altura de conhecer alguns dos poços que são considerados os santuários de Fafião, o poço da Cancela e o Poço Verde, e aqui perceber a dinâmica e a urgência de estancar os fogos, para que as cinzas não matem os rios, e os colorem de cores negras, escuras. Um incêndio leva a um demorado período de recuperação que vai dos 3 aos 5 anos para os rios, dizima os peixes, e afasta os restantes animais. 

Um dia em cheio que marcou este domingo de 27 e que abre portas a novas e fulcrais parcerias entre as entidades reguladoras e as entidades que lideram a preservação deste nosso Parque Nacional, workshops e tertúlias que em breve farão parte do panorama do Pólo de Fafião, Ecomuseu de Barroso, e que servirão para discutir, perceber e trabalhar o parque da melhor forma. Este é o caminho de uma aldeia de turismo sustentável, que partilha o Parque com a Natureza, e que o trata como um jardim que tem que ser constantemente podado por todos os seus jardineiros, que são o povo de Fafião.

Texto e fotografias © Júlio Marques (todos os direitos reservados)

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Paisagens da Peneda-Gerês (CCLXXXI) - Pico da Nevosa e Corga das Negras


O Pico da Nevosa e a Corga das Negras, Serra do Gerês.

Paira o nada, mas numa leveza e subtilidade tais, que não nos suscita impressão de pequenez ou insignificância, pelo contrário, a paisagem é tão bela no seu conjunto, esbatido em profundas extensões, que nos dá a impressão de estarmos num maravilho (embora tosco) pedestal, denominado, em soberbo miradouro, este cantinho de Portugal.

Fotografia: © Rui C. Barbosa (todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa / Carris (24 de Outubro a 1 de Novembro)

 

A neve poderá chegar ás Minas dos Carris entre os dias 27 e 31 de Outubro.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Relatório de reconhecimento da mina da Corga das Negras n.º 1 em 1951


MINA DE WOLFRAMIO, ESTANHO E MOLIBDÉNIO 

“CORGA DAS NEGRAS nº 1”


RELATÓRIO DE RECONHECIMENTO

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SITUAÇÃO, VIAS DE COMUNICAÇÃO E MORFOLOGIA DO TERRENO

A mina fica situada no local do mesmo nome, freguesia de Cabril, concelho de Montalegre, distrito de Vila Real, a cerca de 22 km da povoação Gerez (estancia termal), para Nordeste.

Está-se em plenas alturas geresianas, a altitudes entre 1250 e 1450 metros da nossa serra mais rude e áspera. Granitos em caprichosos e gigantescos afloramentos sucedem-se numa avalanche de múltiplas e variadíssimas feições topográficas, com ascendência característica da serra com profundas e íngremes ladeiras, encaixando tortuosos ribeirinhos, separados por altos picos. Por toda a parte uma vastidão de fantásticos blocos rochosos ora irregularmente distribuídos por altos e ladeiras, ora como que metodicamente sobrepostos simulando ciclópicos muros de insuperável protecção a baixios, por onde irrequietas e velozes águas se escapam a caminho de sossegadas regiões. Quando a erosão forçou à deposição de espessos depósitos nos baixios, constitui-se o que lá se chama “lamas” (extremamente frio, com neves mais ou menos duradouras). A este conjunto desolador acrescenta-se o imenso e profundo silêncio da inactividade, da quase total esterilidade nestas alturas onde em extensas áreas não existe uma árvore nem se vê uma ave.

Paira o nada, mas numa leveza e subtilidade tais, que não nos suscita impressão de pequenez ou insignificância, pelo contrário, a paisagem é tão bela no seu conjunto, esbatido em profundas extensões, que nos dá a impressão de estarmos num maravilho (embora tosco) pedestal, denominado, em soberbo miradouro, este cantinho de Portugal.

Da mina a Braga (centro importante mais próximo) são cerca de 72 km, sendo: 22 km da mina ao Gerez, por estrada em parte municipal (1º troço a partir do Gerez), outra parte florestal (troço seguinte) e, finalmente, mineira, construída pela requerente (último troço).

Braga (já de si um centro importante) tem fáceis ligações com os principais centros industriais e de exportação do país.

GEOLOGIA

Granitos de vários tipos, são as rochas da região. Vimo-las de grão grosso, médio e fino, de duas micas ou só de uma delas. Predominam, no entanto, os granitos biotítos de grão médio e grosso, estes frequentemente porfiróides, Regra geral são granitos róseos, cujo tom varia com a percentagem dos feldspatos dessa cor. Alguns autores vêm nesta coloração dos granitos um indício favorável, quase certo, da existência de minerais uraníferos. Infelizmente, na Serra do Gerez ainda não foram identificados e, quanto a nós, supomos que tal regra não seja confirmada nesta região, a não ser por possíveis ocorrências raras. Aliás não encontramos explicação de qualquer dependência genética entre aqueles minerais (feldspatos róseos e minerais uraníferos).

São nítidos os planos de disjunção sobre duas direcções principais normais entre si: cerca de N-S e E-W.

É de crer que, a avaliar pela grande extensão dos afloramentos graníticos e pela rudeza da estrutura da serra, a erosão tenha aqui penetrado profundamente. A abundância de grandes blocos soltos e espalhados por quase toda a serra é disso um testemunho. A intensa arenização representada por grossos grãos de quartzo e feldspatos, filiam-se nos mesmos fenómenos.

Ainda notória escassez de formações filoneanas, denotando, evidentemente, uma fraquíssima acção tectónica no sentido da profundidade, parece sugerir que houve grandes deslaces dos níveis superiores primitivos, rebaixados até ao presente nível topográfico, inicialmente muito afastado do campo daquelas acções.

Um interessantíssimo sistema de filetes, sensivelmente paralelos, mineralizados por volframite, cassiterite e molibdenite parecem representar os únicos vestígios de jazigos deste tipo, tão comuns na bordadura deste maciço granítico. Tais filetes, com andamento de muitas centenas de metros, são nitidamente visíveis próximo das alturas de Carris, Castanheiro, etc. Visto de plano superior dão a ideia de longos cordões, cingindo os afloramentos graníticos, em malha mais ou menos apertadas. Essas alongadas protuberâncias marcam, em escala reduzida, as cristas filoneanas de grandes elevações. O seu material, mais duro e resistente á erosão, persiste, impondo as leis desta microrogenia.

Os depósitos modernos são raros, sendo os elementos clásticos muito heterogéneos. As pequenas áreas aluvionares cobrem normalmente, apertados leitos evidenciando, em mais ou menos extensa desnudação, grandes blocos graníticos. Noutros casos, nos meandros de suaves dobras das alturas, sempre de extensão reduzida (nesta serra não se vêem áreas planálticas), também há alguns retalhos aluvionares.

TRABALHOS

A lavra nesta mina foi reduzida e irregular. Todos os trabalhos nos filões interessam pequenos volumes. São a céu aberto, constituídos por cortas e pequenos poços. A parte aluvionar foi mais intensamente trabalhada, mas, mesmo assim, cremos que, devido à desorganização desta exploração, ainda há bastante minério perdido em áreas tidas por exploradas e noutras, então dadas sem valor.

DESCRIÇÃO DO JAZIGO

1º) Parte filoneana

Há um sistema de filetes com características médias próximas de:

d = N-S
i = ± 90º
p = ± 0,01 m.

Seguem-se ao longo de centenas de metros. O conjunto conta mais de uma dezena de unidades, ora juntas com estreita faixa, ora dispersas em grandes volumes. Quando caminham cerrados, dentro de uma secção inferior a um metro, tudo se passa como se o conjunto representasse um único filão com possança igual à soma da possança dos filetes. À medida que tal largura vai aumentando os inconvenientes da dispersão aumentam até constituírem, só por aí, motivo impeditivo a uma lavra económica. Na área da concessão ambos os casos se verificam.

A mineralização útil é essencialmente constituída por volframite.

A cassiterite e a molibdenite ocorrem em muito menor quantidade. A percentagem destes minerais deve ser cerca de: volframite 80%, cassiterite + molibdenite, 20 %.

A volframite ocorre disseminada em toda a matriz filoneana. A cassiterite e a molibdenite encontram-se, normalmente, junto e nos encostos, constituindo, por vezes, conjuntamente com feldspatos, quartzo e alguma mica, em forro, como que almofadando o granito.

O calibre dos respectivos agregados cristalinos são variáveis, mas predominam os superiores a 0,5 cm para a volframite e cassiterite; a molibdenite ocorre em lâminas, em que os agregados de aspecto tabular (micáceo), por vezes, agrupam-se sob conjuntos estrelados. São vulgares placas com mais de 0,5 cm de diâmetro. 

Em facturas com 1 cm (e menos, quantas vezes) foi fácil o enchimento total, ou quase, por volframite. Isto, porém, não representa mais do que o condicionamento especial da cristalização da volframite (e dos outros minerais) às especiais características da estrutura das fracturas. Assim se explicam as tais “bolsadas em placas” das minas do Gerez.

O teor da mineralização das substâncias úteis é bastante variável nos filetes. No entanto, até aos níveis atingidos pela exploração, de um modo geral os seus valores devem situar-se acima dos habituais, tomados relativamente ao material filoneano. Tomados, porém, relativamente ao tout-venant ou m2 de superfície de filete, tais valores são, regra geral, muito baixos para cada filete, de modo a tornar proibitiva a sua exploração individual.

Já dissemos, os filetes armados em estreitas faixas, tem andamento mais ou menos paralelo. Quando são vários a entrar na secção de um trabalho mineiro (secção de galerias, altura de desmontes) tudo se passa como se houvesse redução do conjunto a um só. Portanto, o que determina o valor industrial do sistema é a malha de distribuição dos diferentes filetes.

Embora por vezes a distância entre traços horizontais dos filetes, por vezes, não ultrapasse os 5 cm, não são muito vulgares os cruzamentos por mudanças de direcção. Pelo contrário, verificam-se muitas vezes as intercepções por variação de inclinação. Claro que em tais casos verificam-se, correntemente, apreciáveis enriquecimentos, não só por aumento do teor como também por aumento de possança (superior ao somatório das individuais). A maior parte dos belos exemplares de minério do Gerez são provenientes de cruzamentos.

Simplesmente como nota ocasional informamos que num local de exploração da mina “Salto do Lobo” (mina dos Carris, mais conhecida) que visitamos nesta altura, apesar de o rendimento operacional ser relativamente baixo, o rendimento da produção era elevado, representado por cerca de 2 kg de concentrados por homem – relevo. Tal sucesso deve-se exclusivamente ao facto de o teor de mineralização nessa parte do jazigo ultrapassar, seguramente, os 15 kg/m2. Numa secção com menos de 0,60 m de largura corta 10 filetes.

Já, atrás, denunciamos a nossa escassa esperança de o jazigo se continuar em profundidade, mas simples dezenas de metros abaixo dos níveis de exploração actuais com as mesmas características. Em nossa opinião, justifica-se, mesmo, um certo pessimismo sobre este assunto. No entanto, o futuro o dirá e mais uma vez fazemos votos pela injustificação da nossa previsão.

Nesta mina identificamos um sistema de filetes com as características gerais indicadas, mas em que se nota certa dispersão de filetes e uma possança média talvez inferior á citada.

2º) Parte aluvionar

Resultantes deste tipo de jazigo são muito vulgares os depósitos aluvionares de apreciável valor. Compreende-se que do desgaste de muitos filetes, bem mineralizados, mesmo sem interesse individual por dispersão (caso mais vulgar) do sistema, resulte um depósito rico.

Explorações da última guerra mundial provaram tal facto, pois houve explorações com rendimento superior a 20 kg/ton nos sítios ricos e rendimento superior a 2 kg/ton no restante da maioria dessas lamas.

Apesar da extensão destas explorações quer pelo primitivo dos métodos utilizados, quer por carência de meios e principalmente devido à manifesta desorganização de serviços, cremos que ainda restam apreciáveis áreas cobrindo interessantes depósitos aluvionares.

No caso desta mina, precisamente, somos de opinião de que tem mais valor a parte aluvionar do que a filoneana.

GENESE

A génese do jazigo está ligada à intrusão do batólito granítico que aflora na região.

Na última fase de consolidação do magma, durante o arrefecimento dar-se-ia a fracturação, talvez por contracção. Tais fracturas, seriam de reduzida amplitude e interessariam pequenos volumes, circunscritos a zona periférica da massa granítica (outros factores poderão explicar a origem das fracturas), magmas residuais graníticos do tipo pegmatítico penetrariam as fissuras, em especial cristalizando sobre as paredes. A estreita parte central seria essencialmente preenchida por um núcleo quartzoso. As soluções hidrotermais mineralizadas de volframite entrariam no venulo central, ao passo que a cassiterite cristalizaria junto dos encostos, num meio tipicamente pegmatítico. Em fase mais adiantada soluções hidrotermais penetrariam junto dos encostos e aí cristalizariam molibdenite. Deste modo teríamos uma secessão pegmatítica: cassiterite, volframite e molibdenite.

A cassiterite pertenceria à fase mais quente, substituindo os primeiros elementos magmáticos (especialmente feldspatos); a volframite seria uma fase seguinte substituindo também elementos de matriz pegmatítica ou fazendo parte de um enchimento hipotermal de uma finura não totalmente preenchida ainda. A molibdenite seria a última, conduzida segundo linhas de penetração fácil, encostos, etc.

O aspecto especial das ocorrências de molibdenite dá vem a ideia de uma pigmentação das superfícies em contacto dos filetes e rocha encaixante (tanto o granito como os filetes apresentam-se mineralizados nessas superfícies de contacto).

Da destruição dos filetes e posterior concentração natural resultaria os depósitos aluvionares.

VALOR INDUSTRIAL

Do exposto se deduz que somos de parecer que a parte do jazigo contida nesta mina tem valor industrial para ser objecto de concessão definitiva.

PLANO DE LAVRA

O plano de lavra aprovado para a concessão provisória ainda se adapta á parte do jazigo que interessa (parte aluvionar). Se a concessionária pretender estender a exploração à parte filoneana, deverá apresentar o respectivo plano de lavra.

DEMARCAÇÃO

Modificou-se a demarcação provisória de modo a fazer um melhor aproveitamento do jazigo.

CONCLUSÃO

Atendendo a que somos de opinião que:
1º O jazigo tem valor industrial para ser objecto de concessão definitiva;
2º O plano de lavra aprovado ainda se adapta às características da parte do jazigo que interessa;
3º Tudo quanto interessa à conversão em definitiva da concessão provisória está em ordem;

Somos de parecer favorável ao pedido do requerente.

O alvará de concessão n.º 4992 é publicado no Diário do Governo a 20 de Dezembro de 1952.

____

Esta é uma transcrição integral do Relatório de reconhecimento da mina da Corga das Negras n.º 1 em 1951 extraída do livro "Minas dos Carris - Histórias Mineiras na Serra do Gerês" (Rui C. Barbosa, Dezembro de 2013).

Fotografia: © Rui C. Barbosa (todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa / Carris (23 a 31 de Outubro)


Com a incerteza de uma previsão a sete dias, o primeiro nevão nas Minas dos Carris nesta época poderá acontecer a 30 de Outubro.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Previsão meteorológica para Nevosa / Carris (22 a 30 de Outubro)


E começo hoje mais uma época de previsões meteorológicas para a zona do Pico da Nevosa e Minas dos Carris, com as primeiras previsões de neve! 

Paisagens da Peneda-Gerês (CCLXXX) - Mosteiro de Sta. Maria das Júnias


Mistérios do Mosteiro de Sta. Maria das Júnias, Pitões das Júnias.

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

domingo, 21 de outubro de 2018

Pisões e Tradições, O ciclo da lã


A oficina do dia 11 de Novembro em Tourém será orientada pela Senhora Maria do Padre e pela Senhora Maria Paneira, duas mestras octogenarias, verdadeiras embaixadoras da Cultura Tradicional de Barroso.

Mais informações aqui.

sábado, 20 de outubro de 2018

Ânsia da montanha


A ânsia da montanha surge cada vez mais intensa quando na cidade onde vives, a coisa mais inclinada que tens são as escadas para o teu apartamento...

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Uma menina chamada Gerês


Por vezes, há coisas que acontecem e que nos fazem ter um pequeno sorriso e passar por um momento em que parece que todos os problemas desaparecem. Quase que parece que as coisas acontecem com um propósito... Que acontecem para, no meio das nossas vidas que complicamos, surgir este mesmo sorriso que não é compreensível para quem está junto de nós, mas que para nós é muito importante e nos ajuda com um alento para o resto do dia.

Qual é a probabilidade de alguém que é apaixonado pelas paisagens Geresianas e que está a trabalhar a milhares de quilómetros de casa, encontrar alguém com um apelido tão peculiar como "Gerês"? Aconteceu hoje, comigo, na Guiné Bissau, ao fazer uma consulta a uma menina Guineense de 9 anos com o apelido de "Gerês".

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)


Trilho das Bruxas - Aventura no Gerês


No próximo dia 03 de Novembro, com organização da responsabilidade da associação empresarial Gerês Viver Turismo, vai realizar-se a quinta edição do evento “Trilho das Bruxas”.

A aventura e a surpresa serão os principais “ingredientes” da caminhada nocturna proposta aos participantes. Percorrerão um trilho em autonomia, sendo que em pontos estratégicos existirão elementos orientadores. Pelo caminho, será de esperar a presença do inesperado.

Junto ao Núcleo Museológico de Campo do Gerês, no concelho de Terras de Bouro, local de partida e chegada da caminhada, vai estar instalada a “Feirinha das Bruxas” com diversos produtos, incluindo comes e bebes. Também nesse local acontecerá o esconjuro e será oferecida a típica queimada aos participantes. Também típico, é o caldo no pote que será servido gratuitamente a quem se inscrever. A acompanhar, muita animação.

A inscrição no evento, no valor de 2,50€ para crianças até aos 12 anos (inclusive) e de 7,50€ para os restantes, inclui seguro, malga para o caldo e copo para a queimada.

São motivos suficientes para que a noite de 03 de Novembro no Gerês seja de aventura e diversão.

Horários:

Abertura da Feirinha das Bruxas: 18:30
Secretariado (registo de presenças): das 19:30 às 20:30
Animação: 20:30
Início da caminhada: 21:00
Fim da Caminhada: 23:00 (aproximadamente)
Animação: 23:15
Esconjuro + Queimada: 23:45
Animação: 00:00

COMO SE INSCREVER

Enviar email para tbruxas2018@gmail.com com o seguinte:

Nome completo + Data de nascimento + Concelho de residência + Email (de cada uma das pessoas a inscrever)
Comprovativo de transferência do valor total correspondente às pessoas a inscrever
NIB para transferência: 0045 1291 40219997712 71
Data limite para inscrições:  31 de Outubro 2018 (18:00)

Barbacana "La huella del lobo"


Carlos Evaristo refere na página da AMO Portugal - Parque Nacional da Peneda-Gerês (no facebook), que este é "um filme que estreia nos cinemas (...) em Espanha. Segundo me inteirei estão a fazer contactos para passar nos cinemas em Portugal.

Transcrevo: "Hola Carlos. Estamos trabajando para poder proyectar la película en cines en Portugal y en otros países de Europa. También se podrá ver en televisión, Un cordial saludo.""

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Paisagens da Peneda-Gerês (CCLXXIX) - Olhando para trás a caminho das Minas dos Carris


Muitas vezes esquecemo-nos de olhar para trás quando caminhamos em direcção a um objectivo. Esquecemo-nos que o verdadeiro momento pode estar a acontecer atrás de nós e muitas vezes é necessário parar e olhar para trás. Nunca sabemos quando o deveremos; apenas sentimos que temos de o fazer e naqueles três segundos do momento somos assombrados pela magnificência da paisagem que se revela e que desperta em nós a fonte dos sentimentos que nos farão recordar aquele momento, tal como nesta fotografia do Vale do Alto Homem, Serra do Gerês, olhando para Poente.

Mais tarde faremos (ou não) um trabalho nessa fotografia que é, ele mesmo, um outro reflexo do momento que vivemos no presente e daquilo que nos completa e tolda a nossa diferença na personalidade humana. Assim, a fotografia (um rascunho de uma prosa poética de sensações visuais) torna-se numa prosa poética que se consolida neste preciso instante onde o vento uiva e a saudade dos dias frios faz crescer a vontade do regresso a casa.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (CCLXXVIII) - "Eu sou as ruínas que resistem"


Minas dos Carris, Serra do Gerês, a 4 de Fevereiro de 2015.

Mas...
...estarei ao teu lado na sombra que te acompanha...
Na brisa que te percorre o rosto...
No último raio de sol, na gota da chuva, no charco ao lado do teu reflexo...

Irei olhar o infinito vazio...
Procurar a paz, o silêncio que nos penetra a alma...
O prazer que me vai alimentar o espírito...

A vontade de um dia regressar... só...

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Paisagens da Peneda-Gerês (CCLXXVII) - Louriça, ou um cruel vislumbre do Inverno


Para sentir a poesia da paisagem, tens de sentir o frio no teu corpo e a dor na tua alma. A Louriça, píncaro granítico da Serra Amarela, surge nesta fotografia como um cruel vislumbre do Inverno.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)