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terça-feira, 30 de julho de 2013

Porque não peço autorização para caminhar nas áreas protegidas?!


Antes de mais, e por muitas vezes dar a cara em relação à contestação às taxas estipuladas pela Portaria 138-A/2010, de 4 de Março, gostaria de reafirmar que não sou contra os pedidos de autorização para caminhar dentro das áreas protegidas.

Isto pode parecer a muitos um contra-censo e sem mais explicações até eu o diria que era. Não é que me ache na obrigação de explicar, até porque cada um deve assumir os seus actos e eu assumo plenamente os meus.

Tal como foi referido inúmeras vezes, o mote desta luta contra as taxas sempre foi 'Regras, Sim! Taxas, Não!' e mantenho sempre este mote até porque as áreas protegidas devem se regulamentadas e sabendo existir zonas cuja sensibilidade ambiental pode estar em risco com a presença humana, faz todo sentido que essa regulamentação exista. Logo, nunca esteve em causa a regulamentação das áreas protegidas, isto é, nunca estiveram em causa os respectivos planos de ordenamento.

Então, porque não peço autorização para caminhar nas áreas protegidas? Questionemos primeiro qual o objectivo das taxas. Estas têm como objectivo pagar um serviço administrativo, logo nem um cêntimo daquele dinheiro alguma vez chegará ao PNPG ou a qualquer outra área protegida. Esta é a verdade, por muito que queiram ou não.

Porque «pagamos» a taxa? De forma simples, porque o Estado não é capaz de gerir de forma eficiente os nossos impostos e como não é capaz de fazer isso, tem de se socorrer destas vigarices para ter dinheiro. Assim, lá se vai o argumento de que a taxa sirva para algo mais a não ser ter um destino fora da protecção da Natureza.

De forma mais complicada, a explicação assenta na verdadeira negociata que foi a Pan Parks que actuou como lóbi para alterar o plano de ordenamento o PNPG e por tabela todas as outras áreas protegidas vieram a sofrer desta negociata. Mas esta é uma questão que ainda se irá debater a jusante, numa outra ocasião em que muita gente deva ser «posta no olho da rua».

O esclarecimento das pessoas
, naturais e visitantes, em relação às taxas deve ser feito pelo PNPG (ou pelas outras áreas protegidas) e pelo ICNF. Porém, aqui reside um outro grande problema. É que nem o PNPG, nem o ICNF, sabe (ou alguma vez souberam) falar com os naturais e com os visitantes. Como não sabe falar, o PNPG limita-se a estar calado e a ter uma atitude repressiva e de esconder a cabeça na areia, não assumindo as situações ridículas que cria.

Só desta forma se explica o facto de o PNPG nunca assumir perante os naturais e os residentes, as áreas de protecção total. Porque é que o PNPG não impede o usufruto das lagoas do Rio Homem por banhistas untados de protector solar, mas impede o percurso do trajecto pelo Vale do Homem às pessoas que usufruem o parque com regras e respeito pela conservação da Natureza? Há falta de vigilantes? Ou os vigilantes estão mais dedicados a controlar os acessos à pobre Mata de Albergaria ou são enviados para zonas a dezenas e dezenas que quilómetros do PNPG?

Se o PNPG realmente assumisse o que está estipulado no seu plano de ordenamento, teríamos um novo Verão de 2010 e todos nós sabemos o que isso implicou e o efeito que isso teve na forma como o POPNPG foi alterado e a forma como o PNPG mudou na atitude para com os naturais.

Eu, e muitos como eu, temos um grande respeito pelo PNPG e por isso não acredito que alguém pense que esta luta é contra o PNPG, porque não o é (e se o pensa assim, assume uma gritante falta de inteligência... em suma, estão a ver uma porta?). Já referi que o nosso mote sempre foi 'Regras, Sim! Taxas, Não!', e no dia em que as taxas desaparecerem ou serem colocadas num valor simbólico, o número de pedidos de autorização irá disparar porque as pessoas respeitam as regras e respeitam o PNPG.


Assim, não me venham pedir 157 euros por um papel e enquanto que isso acontecer, e por muito respeito que tenho pelo PNPG, eu não peço autorização alguma e irei percorrer o parque nacional e as outras áreas protegidas com o respeito que merecem. Além do mais, apelo a todos que, numa forma de desobediência civil, assim procedam, informando o porquê de não pedirem autorizações para caminhar quando elas são necessárias!

Fotografia: © Rui C. Barbosa

segunda-feira, 29 de julho de 2013

...e taxar a estupidez, não?


Estas imagens mostram algo que se encontra no Vale do Homem há já várias semanas. É o retrato fiel do turismo que acorre ao Parque Nacional da Peneda-Gerês e este não é taxado por qualquer portaria que uma governação medíocre decidiu implementar e que outra não menos medíocre insiste em continuar.

A esta gente de geleira e pratos de louça, de talheres e fogareiro, de carvão e acendalhas, a carne putrefacta em plena Área de Protecção Total, ninguém importuna. Os outros, aqueles que percorrem os píncaros serranos em pleno gozo da Natureza, são vistos como os que destroem o parque nacional... e são taxados!

Se este é o turismo que «foge» por causa das taxas, então deixá-lo ir porque este turismo não trás nada para a economia local!

Repito... estas imagens mostram algo que se encontra no Vale do Homem há já várias semanas. Quanto tempo ficarão lá estes despojos da estupidez? ...e taxar a estupidez, não? Resolvia-se num instante quase todos os problemas deste país...

...estas imagens mostram algo que se encontra no Vale do Homem há já várias semanas!



Fotografias: © Rui C. Barbosa

200...


Minas dos Carris, 27 de Julho de 2013

Vinte e quatro anos após a minha primeira passagem pelas Minas dos Carris, atingi o marco das 200 caminhadas até àquele local na Serra do Gerês. Comigo estiveram presentes alguns daqueles que me acompanharam em dezenas e dezenas de caminhadas não só aos Carris, mas também a outros pontos da Serra do Gerês e de outras montanhas.


Esta caminhada foi até muito parecida com a primeira que fiz em Setembro de 1989. Um dia cinzento com alguma chuva, mas que não fez desanimar os ânimos de todos aqueles que percorreram o Vale do Homem e se deslumbraram com as magníficas paisagens que um dia de Inverno em pleno Verão nos proporcionou.

Ao longo do caminha foram surgindo algumas surpresas, tal como a visita das cabras selvagens junto do Ribeiro do Cagarouço e dos inúmeros sinais de outros animais.

Ao chegar às minas encontramos o complexo mineiro envolto no seu misterioso silêncio. As suas ruínas vão resistindo à passagem dos dias e conservando cada vez mais efémeras as memórias dos dias à muito idos.


No final da nossa presença não foi impossível ficarmos indiferentes aos comportamentos que algumas pessoas têm na montanha e em especial no nosso único parque nacional. Ao longo de longos minutos, fomos escutando os assobios e os gritos de um grupo que se ia aproximando do complexo mineiro. A presença na montanha deve ser um exercício de contemplação e de respeito pelo local e pelas outras pessoas que por lá caminham. Ao se perturbar a Natureza desta forma impede-se o pleno usufruto da Natureza e impede-se que as outras pessoas que por perto caminham sejam capazes de tirar toda a satisfação de poder observar um animal ou de observar as mais magnificas das paisagens num ambiente de paz e sossego.

Agradeço a todos aqueles que participaram e que me apoiaram nesta caminhada e ao Zé Carlos pelas facilidades concedidas.


































Fotografias: © Rui C. Barbosa