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sábado, 30 de abril de 2011

Para as Minas dos Carris "...caminho não asfaltado condicionado..."

Na tentativa de arranjar formas de sair do pântano no qual se colocou com a definição de trilhos de montanha no Plano de Ordenamento, a Direcção do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) denomina o caminho para as Minas dos Carris como "...caminho não asfaltado condicionado..." na seguinte resposta a um pedido de autorização por parte de uma pessoa interessada em visitar aquela zona:

"Exm.º Sr.


Em resposta à sua mensagem informamos que o percurso aos Carris não é um trilho actualmente definido como tal no PNPG, mas um caminho não asfaltado condicionado, que se situa em Área de Ambiente Natural, e, de modo particular, numa Área de Protecção Total e que carece, de facto de uma autorização prévia do PNPG.


A Direcção do PNPG entendeu ser de autorizar, em determinadas circunstâncias (nomeadamente pequenos grupos de pessoas) a caminhada às minas dos Carris a partir do estradão que se inicia na ponte sobre o rio Homem, mas esta autorização terá um custo de emissão de 152,00€, nos termos da Portaria n.º 138-A/2010, de 04 de Março (ponto VI, com a respectiva actualização para 2011).


Assim, solicitamos que nos confirme se pretende que a mesma seja emitida e, em caso afirmativo, que nos informe sobre o número de participantes previsto.


Com os melhores cumprimentos,"

Assim, a estrada que sucessivas direcções do PNPG deixaram degradar ao ponto de se encontrar intransitável mesmo por veículos todo-terreno e que em certos locais só permite a passagem de uma pessoa de cada vez, é considerada como um caminho não esfaltado. Como as imagens seguintes mostram, aquele caminho nos nossos dias só pode ser considerado como um trilho de montanha devido à sua degradação.






Fotografias © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Visitar as Minas dos Carris e a ignorância de quem informa

Recentemente tenho recebido algumas perguntas relativas à permissão ou não de se visitar as Minas dos Carris. Escrevo então esta entrada no blogue para responder à questão geral que me têm colocado: "É proibído visitar as Minas dos Carris?". Resposta dura e crua: NÃO!

Assim, e tendo em conta a forma como muitas pessoas têm sido informadas por parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês, o que eu recomendo é que vão de imediato à sede do DGAC Norte em Braga (onde està a sede do PNPG) e peçam o livro de reclamações pois a informações que estão a ser dadas estão na sua maior parte ERRADAS e são certamente ditas de forma a condicionar a vossa presença no PNPG.
 
Se o PNPG diz que é proibido visitar as Minas dos Carris, então todas as pessoas que foram informadas desta forma foram ENGANADAS! Não é proibido visitar as Minas dos Carris nem mesmo caminhar no Vale do Homem que se situa dentro da Área de Protecção Total. Porém, tem de se explicar como é que as caminhadas devem ser feitas, coisa que pelos vistos o PNPG não se dá ao trabalho de fazer!
 
O actual Plano de Ordenamento do PNPG (POPNPG) «abre» de certa forma o acesso a toda a área do nosso único parque nacional. Este POPNPG estabelece três zonas dentro da Área de Ambiente Natural: a Área de Protecção Total, a Área de Protecção Parcial Tipo I, e a Área de Protecção Parcial Tipo II.
 
Enquanto que na Área de Protecção Parcial Tipo I se pode caminhar sem solicitar qualquer autorização até grupos de 10 pessoas e na Área de Protecção Parcial Tipo II se pode caminhar sem solicitar qualquer autorização em grupos até 15 pessoas, na Área de Protecção Total é necessária a autorização por parte do ICNB, IP / PNPG. O pedido administrativo desta autorização tem um custo de €152,00 (centro e cinquenta e dois euros). Quando existem grupos superiores a 10 pessoas na Área de Protecção Parcial Tipo I ou grupos superiores a 15 pessoas na Área de Protecção Parcial Tipo II, tem de ser solicitada autorização e logo esta está sujeita ao pagamento de €152,00.
 
O caminho florestal que liga a ponte sobre o Rio Homem e as Minas dos Carris encontra-se na quase totalidade da sua extensão, dentro da Área de Protecção Total. As Minas dos Carris ESTÃO FORA da Área de Protecção Total e dentro da Área de Protecção Parcial Tipo I. Assim, para percorrer o estradão entre a ponte sobre o Rio Homem e as Minas dos Carris (ou para ser mais exacto as Lamas da Carvoeirinha) terá de solicitar autorização ao ICNB, IP / PNPG e pagar pelo serviço administrativo o valor de €152,00. Mas atenção, o pagamento desse pedido de autorização NÃO IMPLICA que seja dada a autorização para fazer essa caminhada, se bem que me parece uma total falta de vergonha pagar-se trinta contos (pela moeda «antiga») e ser recusado o pedido...
 
Assim, e conforme se pode comprovar atrvés da leitura do POPNPG e da verificação dos respectivos zoneamentos NÃO É VERDADE QUE SEJA PROIBIDO VISITAR AS MINAS DOS CARRIS NEM MESMO CAMINHAR NO VALE DO RIO HOMEM SEJA DE QUE MANEIRA FOR, tal como tem sido dito pelo PNPG. O acesso às Minas dos Carris pode ser efectuado por outras direcções sem entrar na Área de Protecção Total.
 
Mais uma vez, e para finalizar, liguem para o PNPG ou passem pelas suas instalações em Braga e exijam que lhes sejam dadas as respostas correctas!!!
 
Fotografia © Rui C. Barbosa

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Trilhos Seculares - Descendo em frente do Murjal

Em todas as caminhadas, sejam estas grandes travessias ou pequenos raides, exitem momentos, caminhos ou lagares, que acabam por marcar todo um dia. Pode ser uma grande paisagem com um imenso vale a nossos pés ou pode ser uma estreita passagem por entre as paredes granuladas do graníto do Gerês.

Há já vários meses que sabia deste «novo» trilho mas por uma rzão ou por outra havia sempre adiado passar por ali. Da mesma forma, vindo da Junceda para o Pé de Cabril, já há muitos anos que havia notado as mariolas que desciam um pequeno vale e acabavam por desaparecer entre a vegetação rasteira. Já na mais recente caminhada ao descer para o Mourô vindo da Freza, eu e o meu amigo Paulo Figueiredo havíamos notado uma série de trilhos que traçavam as encostas abarcadas pelo olhar.

Perante a evidência de um fim-de-semana de chuva (confiando nas previsões que muitas vezes nos enganam) e saindo muito mais tarde do que é usual, decidi-me então partir à exploração... por vezes faz bem fantasiar... Passado pelas Caldas do Gerês, rumei então à Portela de Leonte e menos de 5 minutos depois de parar o carro já estava de pequena mochila às costas a caminhar pelo estradão florestal que se inicia junto do busto de Arthur Ribeiro situado por detrás da Casa Florestal. Depios de caminhar quase dez minutos, flecti à esquerda seguindo a mariola que surje junto do estradão. Depois de subir mais um pouco, já tinha à minha frente a visão da Serra Amarela, ao fundo parte da albufeira de Vilarinho da Furna e ligeiramente á minha esquerda o imponente e magestoso Pé de Cabril. Era na sua direcção que me dirigia mas desta vez não iria subir a sua clássica ferrata. Passei ao lado do grande promontório granítico e comecei a descer para o pequeno vale que se abre a Sul. Aqui, comecei então a procurar o «novo» trilho mas antes de o começar a percorrer, foi ver as vistinhas para o Vale do Rio Gerês e contemplar a grandeza daquela montanha que me abraçava... ... ... bem... depois de fotografar uma decrépita carcaça, fui até a um pequeno marco geodésico de 2º ordem a partir do qual via o vale em toda a sua extensão. À minha frente, a Corga de Mourô e a Corga da Cantina com o Curral da Raíz um pouco mais acima. Daqui via nitidamente um trilho que se dirige a Sul... este também não me escapa brevemente! Ao lado esquerdo da Corga de Mourô, a Costa do Murjal e um pouco mais acima o Prado de Mourô (ou do Vidoal). No horizonte acima da Corga do Mourô, quase imperceptível, o repetidor do Borrageiro e a noção de que a encosta anterior marcava o Camalhão e o posterior Vale da Teixeira.

Era então hora de ir á descoberta, e que descoberta que foi. O «novo» trilho, recentemente reaberto com os trabalhos de silvicultura preventiva do Parque Nacional da Peneda-Gerês, começa junto de um carvalho facilmente identificável. Depois de atravessar o curso de água (que irá engrossar para formar a cascata de Leonte ou do Leão), facilmente se observa a limpeza do trilho. Este vai serpenteando encosta abaixo entre a vegetação, ladeando um escarpado vale impenetrável. No chão, são visíveis rochas que ali foram colocadas há muitos anos e certamente que aquele trilho serviria as populações serranas para o acesso às pastagens de altitude situadas nos Prados. O trilho vai descendo, umas vezes de forma mais abrupta, mas sempre de percorrido fácil. Nesta altura atravessa dois cursos de água e vai terminar na Portela de Leonte junto do pequeno riacho na antiga zona de merendas onde apesar de ter uma placa de proibição de pic-nic os ignorantes continuam lá a parar os carros...

Este trilho permite assim realizar um percurso fantástico que se inicia na Portela de leonte e sobe ao Pé de Cabril pela encosta Oeste / Sul. Depois, pode-se seguir para o Cancelo e Prado Amarelo, e depois passar pelo Curral Velho. Aqui, pode-se optar por seguir para o Alto da Varziela e descer para a Mata de Albergaria pela Costa da Varziela ou então, do Curral Velho, descer a encosta poente do Rio Maceira em direcção à Ponte de Maceira, regressando em qualquer opção à Portela de Leonte.

Algumas fotografias...





























Fotografias © Rui C. Barbosa

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Postais do Gerês (XCVII) - Serra do Gerez - Curral do Conho

O fantástico e bem conhecido Curral do Conho é o motivo deste postal que mostra um dos locais mais pitorescos da Serra do Gerês.

Este postal terá sido editado na segunda metade do Século XX pelo Bazar Soares - Porto, tendo por base uma fotografia da Foto Marques - Braga.

Fotografias © Miguel Campos Costa / Rui C. Barbosa

terça-feira, 26 de abril de 2011

A visitação, as autorizações e as taxas

Mais uma vez parece que a resolução de um problema que afecta de forma potencial centenas de praticantes de pedestrianismo, montanhismo ou «desportos» similares em Portugal terá de partir de pessoas em nome individual já que quem deveria defender os interesses de muitos, e principalmente dos seus associados, não foi capaz de o resolver «em tempo útil»!

Assim, cria-se uma plataforma de discussão na qual se pretendem definir propostas para resolver o verdadeiro imbróglio que foi criado pela aprovação do Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês e da Portaria n.º 134-A/2010, de 4 de Março.

Chegados a este ponto, e sabendo não existir um consenso alargado dentro do próprio ICNB, IP quanto à aplicação (ou taxação) da portaria referida, torna-se urgente definir uma série de estratégias para que o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) e as outras áreas protegidas nacionais não se tornem zonas nas quais a visitação seja para muitos um acto de ilegalidade.

Foi decidido criar um grupo de discussão que terá a sua primeira reunião oficial a 7 de Maio pelas 15h00 na cidade de Braga em local a designar atempadamente.

Usar e deitar fora...

Usar e deitar fora! É assim que muita gente vê o nosso único parque nacional... usar e deitar fora. Basta os dias se tornarem quentes que a afluência de visitantes na Peneda-Gerês aumenta de forma substancial; são os «turistas» do usar e deitar fora. E é fácil ver a sua presença tanto durante, como é óbvio, como depois... devido ao «usar e deitar fora. É como uma presença em algo descartável, daquelas coisa de... «usar e deitar fora». Aquilo tem valor enquanto lá permanecem, mas depois da partida, isto é depois de usar... é deitar fora. Assim, como a quantidade de lixo que se começa a ver a acumular nos cantos, nas bermas, por debaixo das pedras... lixo que em tempos foram coisa que se usaram mas que se deitaram fora... Vê-se de tudo um pouco...

Nestes dias encontrei um pedaço de uma folha de papel que não tem nada de especial, apenas algo escrito. Passaria despercebido se não o tivesse encontrado no local de encontrei, na Portela do Homem, e por ter lá escrito algumas indicações de como chegar ao Gerês... daqueles sítios de usar e deitar fora. Foi o que aconteceu com as indicações escritas naquele pedaço de papel... usaram-se e deitaram-se fora, num sítio que foi utilizado e depois deitado fora porque já lá não está quem lá foi através das indicações. Como não é a sua casa pôde deitar fora as indicações que utilizou escritas naquele pedaço de papel que teve o nosso único parque nacional como o seu caixote do lixo.

Pessoas assim não são boas para serem usadas, é logo deitar fora...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

166... Caminhar em Liberdade...

Carris, 25 de Abril de 2011

Porque caminhar na montanha é acima de tudo um exercício de liberdade responsável, decidi caminhar no 25 de Abril até às Minas dos Carris através do Vale do Alto Homem em plena Zona de Protecção Total tal como está definida no actual Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Foi sem dúvida uma caminhada plenamente consciente dos locais que percorri, só possíveis do seu verdadeiro valor porque me ajudam a evoluir como ser humano na tomada de conscrência da importância da sua preservação. Porém, esta não deve ser uma preservação feita como se um parque nacional estivesse dentro de uma redoma, redoma esta virtual à medida da consciência de quem por lá caminha.

Pergunto-me se os banhistas de feriado tinham consciência dos locais por onde caminhavam de toalha às costas para o belo banho? Pergunto-me se os casais de namorados aos quais inocentemente interrompi o delo momento amoroso, tinham consciência do local onde se beijavam? Pergunto-me se os passeantes do meio da tarde nos seus sapatos de vela e no seus saltos altos compreendiam o porquê daquele caminho se encontrar naquele estado? Assim, a realidade para todos nós naqueles espaços são mundos virtuais, como que no interior de uma matrix que cada um vê conforme escolhe o comprimido vermelho ou azul. (In)felizmente, parece que tomei a decisão de engolir o comprimido vermelho e assim acabo por ser consciente de toda a realidade que passa ao lado de toda aquela gente. Vou tentanto aos poucos e da forma como posso fazer com que outros também se decidam pelo comprimido vermelho e que assim compreendam a realidade na qual estamos inseridos.

E foi assim, tentando-me lembrar de dias nos quais era muito novo para ter consciência do que se passava país que eu amo, que ao se completarem 37 anos da Revolução, percorri aqueles quase 10 km ao longo do Vale do Alto Homem. Vivendo uma liberdade a cada passo que dava, respirava aquele ar que aos poucos me transportava para um sítio único no mais belo cantinho do nosso Portugal!

...algumas fotografias...































Fotografias © Rui C. Barbosa