Carris, 10 de Fevereiro de 2008
Muitas vezes imaginamos a montanha como algo de imutável, algo que tem tendência para se conservar com o tempo. O mesmo acontece às características humanas que marcam a serra tais como os abrigos dos pastores, os seculares trilhos ou as úteis mariolas que nos ajudam a encontrar os caminhos. Os trilhos que atravessam a Serra do Gerês são o resultado de anos e anos de actividade pastorícia na montanha, sendo em tempos idos também utilizados pelos peregrinos para chegar aos locais de culto no São Bento da Porta Aberta ou mesmo como caminhos em direcção a Santiago de Compostela. Podemos imaginar em tempos medievais, qual cenário tirado de um romance de Umberto Eco, os peregrinos a percorrer as cinzentas montanhas num verdadeiro ambiente medieval.
Para aqueles que calcorreiam as montanhas contemplando o seu esplendor, aquilo que a caminhada proporciona é retribuído preservando os espaços e tentando deixar o lugar um pouco melhor do que o encontrou. Na montanha esperamos ver cores naturais, cores da montanha, foi por isso com um certo espanto que me deparei na minha última caminhada aos Carris a partir da Lagoa do Marinho com alguns exemplares do que talvez venha a ser um novo aspecto característico da Serra do Gerês: mariolas azuis! Confesso que não faço a mínima ideia de quem terá sido a ideia de pintar as mariolas de azul. Se a ideia partiu dos pastores então talvez faça algum sentido e como tal será daqui a algum tempo um pormenor interessante para o visitante. Se por outro lado a ideia partiu de alguma empresa de turismo ambiental, então não compreendo como terão sido capazes de fazer tamanha aberração e pergunto mesmo com que direito transformam assim a paisagem serrana? Ou será que a ideia partiu do bom planeamento de uma operação de socorro? Gostava de saber a resposta...
Fotografias: © Rui C. Barbosa
Só nos faltava esta. Qualquer dia, aparecem placards de publicidade da Coca-Cola. Também encontrei uma mariola no Vale da Teixeira, "vestida" com uma camisola, tipo espantalho. O problema é se estes precedentes viram moda...nem é bom imaginar.
ResponderEliminarEU GOSTAVA DE SABER O QUE JÁ FEZ A DIRECÇÃO DO PARQUE NACIONAL PENEDA GERES ACERCA DESTE ASSUNTO.. OU AINDA NÃO SABERÁ ????
ResponderEliminarPOR ISSO QUE EU DEFENDO UMA SERRA LIVRE PARA OS CAMINHEIROS, POIS MELHOR PROTECÇÃO DO QUE ESTES DÃO A SERRA NÃO EXISTE..
MIGUEL MOURA
MONTALEGRE
Ou será "alguém" (alguma empresa) que esteja a "marcar" um trilho; ou (pior das hipoteses) é o PNPG a delimitar certas zonas.
ResponderEliminarMas creio que será a 1ª opção.
p.s: as marcas começam onde? nas lagoas do marinho, e vão até à ponte das abrotegas?
Passem no UPB, e vejam o link que o Louro colocou nos comentários...
ResponderEliminarOI Rui,
ResponderEliminarDia 27 de Janeiro estive nas Lagoas do Marinho e essas mariolas ja estavam pintadas, alias pintadas de fresco ainda havia vestigios de tinta em alguns charcos de agua. Tambem havia setas pintadas en algumas rochas... horrivel mesmo.O grupo que me acompanhou tambem nao entendeu nada, ficamos chocados com o que vimos.
Aproveito ja agora para te felicitar pelo trabalho que tens vindo a fazer com as minas; trabalho que ja venho a acompanhar quase ha un ano.(Alias ja nos cruzamos nos Carris) mas nao disse nada, dia 20-01-08.
Aproveito para divulgar tb o meu blog ( pois é tambem sou apaixonada pelo Gerês e amante de toda a natureza).
www.almademontanhista.blogspot.com
Saudaçoes montanheiras
White Angel
Pelo comemtário da White Angel só posso concluir que quem fez as pinturas nas mariolas terá sido alguma empresa (de turismo). Seria mau de mais ser o próprio PNPG a fazer este tipo de marcas.
ResponderEliminarEu notei as marcas algumas dezenas de metros mais à frente do abrigo das aldeias que existe perto da Lagoa do Marinho e não as vi mais depois da Casa do Padre nos prados antes de chegar ao Couce. É provável que elas sigam para o outro lado dos prados ou então que subam em direcção às Minas do Borrageiro, o que seria um mau sinal pois poderia significar que seguem em direcção aos Prados da Messe atravessando uma grande parte da serra. Seria interessante ver para onde segue o... trilho azul!?
Rui,
ResponderEliminarNos vinhamos de Lamalonga, passamos no pé de Maceiras em direcçao ao ribeiro do Couce. Apanahmos o trilho que vem das Abrotegas e so alguns metros a frente é que começamos a ver aquela "aberraçao".Portanto tudo leva a crer que seguem mesmo em direcçao as minas do Borrageiro e quem sabe aos Prados da Messe...
Sobre este assunto, só tenho a condenar que fez as pinturas...
ResponderEliminarNão acuso ninguém, anda por aí muito lobo com pele de cordeiro...
Penso que as Empresas de Turismo, também têm o seu lugar na Serra como toda a gente! Não vejo porque seria uma Empresa a marcar o trilho, uma vez que os Guias também conhecem a Serra!
Conheço é precisamente o inverso, alguns aventureiros que se servem das ditas para conhecerem o terreno e posteriormente levarem grupos de amigos!
Não estou, nem quero aqui fazer de advogado do Diabo!
Boas caminhadas
Sem dúvida que as empresas de turismo têm o seu lugar nas serras, mas também sabemos de empresas que organizam as caminhadas nas quais proporcionam um contacto com a Natureza sem haver um controlo dos guias e o cenário da Lagoa do Marinho tem todo o aspecto de ter sido uma actividade assim... O trilho está marcado com as mariolas azuis o que dá uma falsa sensação de conhecimento do local a quem o percorre pela primeira vez.
ResponderEliminarSerá que nunca ouviram falar em GPS!??!
ResponderEliminarAgora é ir lá...e retirar (voltar) as pedras.
Amanhã vou para a Lagoa e Minas do Borrageiro! (devidamente autorizado pelo PNPG)
ResponderEliminarQuantas Mariolas azuis encontrar quantas vou tazer...
Boas caminhadas
Fui ver em loco a mariola "azul"!
ResponderEliminarO cenário era bem mais grave do que eu inicialmente supunha.
Ao chegar à ponte da lage dos infernos onde tem o portelo, deparei logo com uma grande seta pintada de azul sobre uma pedra!
Voltei a encontar outra seta na cabana de Lagoa do marinho!
Iniciei o trilho que ali me levou e ao subir ao topo do Borrageiro nº2, deparei-me com a seguinte sigla pintada a azul" D6C.
Continuei o trilho!
No regresso à cabana, seguindo o leito da ribeira de couce, deparei-me com o cenário das mariolas "Azuis" e grandes setas pintadas nas pedras, e nas árvores!Afinal o "PINTOR" nada poupou! Fui apagando algumas setas e substituindo as mariolas azuis pelas tradicionais! Penso que não ficou nenhuma azul!
As fotos irão aparecer no blog do ECDCPORTUGAL. Outras vou enviar-las ao PNPG!
Boas caminhadas
Viva Jorge!
ResponderEliminarExcelente serviço Jorge! Muitos parabéns. Ao fazeres a descrição acabei por me lembrar também da tal seta que referes na ponte.
As mariolas terminavam no Borrageiro? Será que me podes ceder uma ou duas fotos para o blogue?
Parabens Jorge!!!
ResponderEliminarE obrigada por devolver aquela serra o seu natural esplendor.
Saudaçoes montanheiras.
Depois do Borrageiro nº 2, segui pelo Corgo das Mestras, não vi mais Mariolas Azuis! Subi ao Borrageiro nº 1 e desci para o Curral de Ribeira de Couce e até aqui não vi Mariolas Azuis. Penso que o Pintor terminou no Cimo do Borrageiro nº 1 ao escrever a Sigla D.6.C.!
ResponderEliminarNão precisam agradecer... Abraço e Boas Caminhadas!
P.S. Quando tiver um tempinho envio-te as Fotos!