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sábado, 10 de maio de 2025

"Bombas relógio", uma crónica de António Afonso

 


Tenho observado, um pouco por todo o lado, ancoragens mal instaladas. Sobretudo buchas segmentadas (vulgo pernos, parabolts,...) — daquelas que até se usam na construção civil.

Parece banal colocá-las bem... mas não é isso que observo, em tantas falésias à beira-mar, em locais de treino, etc.

Vou ser claro: instalar uma ancoragem não é só ter um berbequim, brocas, martelo, chave de aperto e buchas segmentadas à mão.

É preciso muito mais do que ferramentas. É preciso conhecimento, e tenho reparado que há muita falta de...

É preciso conhecer os tipos de rocha, compreender como funciona cada ancoragem, saber quais as mais "aptas" para..., saber as suas especificações, SABER COMO SE INSTALA, etc. 

Cada ancoragem tem a sua técnica.

Instalar ancoragens não é simplesmente um ato mecânico — é uma responsabilidade técnica e ética. Uma bucha mal colocada, uma rocha mal avaliada, um aperto excessivo, entre outros, pode transformar-se num incidente ou acidente.

Pelo simples ato de aplicar uma plaquete certificada numa bucha, não quer dizer que a instalação o é, nem que a mesma aguenta essa resistência. Tenham noção disso!!! Existem mais factores envolvidos.

E o mais preocupante é verificar estes erros em contextos de treino e formação, muitas vezes por pessoas que prestam auxílio em caso de necessidade - resgate.

Alerto que o formador deve ser qualificado, reconhecido e experiente. Tem de ser um exemplo de excelência! Tem de se formar, tem de zelar pela sua atualização constante, e preocupar pela qualidade do que transmite...

As ancoragens são a base de todas as manobras. Comprometer a sua instalação é comprometer vidas. Por mais que se desculpem!!! - desculpem a minha sinceridade.

Ser não basta querer. É preciso formação, treino, e atualização constante. 

É um risco elevado treinar ou fazer formação com pessoas não reconhecidas, ou sem conhecimento — porque quem aprende, reproduz. E nesse ciclo, o risco multiplica-se!!!...

Como tudo na vida, existem bons profissionais e maus profissionais, não é isso que está em questão! Apenas relato o observável em muitos locais...

Hoje, é intolerável continuar a colocar-nos num risco exponencial.

Vocês e todos nós.

Texto e fotografia: António Afonso

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