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domingo, 14 de setembro de 2025

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCXXII) - As Albas e o abrigo tosco

 


Um pouco por todo o lado, na paisagem da Serra do Gerês surgem abrigos toscos que tiram partido de grandes blocos de granito que nas suas peculiares disposições criam locais de abrigo que são testemunhos de um passado de pastoreio, carvoaria, mineração e contrabando por aquelas paragens.

Neste caso, um abrigo tosco surge tendo como pano de fundo as Albas vigilantes sobre os Prados da Messe.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)


sábado, 13 de setembro de 2025

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCXXI) - Prenúncios de Outono

 


Prenúncios de Outono no Curral do Conho, Serra do Gerês, onde a Merendera pyrenaica (Quitamerendas) marca presença inconfundível na paisagem.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCXX) - Minas dos Carris

 


O património abandonado das Minas dos Carris, Serra do Gerês.

As edificações construídas nos anos 40 e 50 do século XX, parte da História do território que agora faz parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês, são agora meras ruínas silenciosas na montanha, testemunho de um passado gravado no granito.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCXIX) - A cabra

 


A caminhada aproximava-se perto do fim e apesar de já ter visto alguns animais durante o dia, tinha a sensação de que por aqueles lados pudesse avistar ainda mais.

O dia ia escurecendo, não porque o final da tarde se aproximava, mas porque as nuvens escuras que havia avistado nos céus a Norte pela manhã, já cobriam todo o azul. O ar estava carregado de humidade e a chuva, mais cedo ou mais tarde, chegaria às paisagens ressequidas da Serra do Gerês.

Neste ponto, como durante todo o dia, caminhava em silêncio. De repente, por entre o restolhar das folhas secas agitadas pela brisa, escutei um ligeiro som vindo da parede ao lado que compõe parte do vale. Ao levantar a cabeça para procurar o som, o meu olhar cruzou-se com o olhar da cabra-montês que se resguardava também ela em silêncio. Era a oportunidade perfeita para a fotografia...

O caminhar não era ligeiro e como tal não foi uma paragem brusca. Tentando não a afugentar, afasto o olhar para as vertentes graníticas ao mesmo tempo que preparo, em silêncio, a câmara fotográfica. Fiz duas fotografias de todo o animal e mais três, com zoom, do seu olhar. Arrumei a câmara e segui o meu caminho satisfeito por ter sido contemplado naquele dia, com aqueles «longos» segundos de contemplação da vida selvagem da Serra do Gerês. 

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Visitação na Área de Ambiente Natural do Parque Nacional da Peneda-Gerês

 


Com os dias do estio a chegarem ao fim e com a chegada do Outono, existe a tendência para um aumento das actividades de visitação no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG).

A 15 de Outubro de 2024 iniciou-se o período de análise do Programa Especial do Parque Nacional da Peneda-Gerês que resultou de uma consulta pública que teve a participação de mais de centena e meia de pessoas. Este programa irá alterar de forma significativa a visitação no PNPG. Porém, e enquanto o novo Regulamento de Gestão do PNPG não entrar em vigor, mantém-se o que está estipulado no actual Plano de Ordenamento.

Todos sabemos que os condicionamentos aplicados às Actividades de Natureza na Área de Ambiente Natural do Parque Nacional da Peneda-Gerês, andam ao sabor dos ventos, das épocas do ano e dos interesses que vão surgindo. Assim, e para que todos possam se informar sobre estes condicionamentos, publico de novamente este texto que nos dá uma explicação concisa sobre os mesmos.

Actualmente gerido pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) I. P., o Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) surgiu como o sucessor da presença dos Serviços Florestais e como tal sempre foi visto pelas populações como um elemento «repressor» do poder central.

Assim, a relação entre o PNPG e as populações é uma história de uma relação e convivências difíceis. No entanto, convém sublinhar que foram estas populações que moldaram a montanha para conseguir uma simbiose que transformou a Peneda-Gerês naquilo que é hoje. O PNPG foi criado a 8 de Maio de 1971 através da publicação do Decreto-lei n.º 187/71 que pode ser consultado aqui e no qual se refere que "numa síntese da ética de protecção, trata-se de possibilitar numa vasta região montanhosa, de cerca de 60000 ha - quase na sua totalidade já submetidos ao regime florestal -, a conservação do solo, da água, da flora, da fauna e da paisagem, abrindo-a às vastas possibilidades do turismo, mas mantendo uma rede de reservas ecológicas de alto interesse científico, tanto nacional como internacional."

O actual Plano de Ordenamento vem substituir outro que em termos de actividades de visitação era muito mais restritivo, havendo então áreas interditas nas quais era proibida a presença humana. Este Plano de Ordenamento foi elaborado na premissa e na base de que toda a área do Parque Nacional deve ser visitável, pois de outra forma não faz qualquer sentido tendo em conta a ocupação que há milénios é feita do território e o objectivo do próprio Parque Nacional. No entanto, esta visitação deve ser alvo de regras que permitam uma gestão da protecção a que cada área esteja submetida. Definiram-se assim diferentes zonas de protecção que de uma forma geral definem áreas prioritárias para a conservação da natureza e da biodiversidade. Estes níveis de protecção são definidos de acordo com a importância dos valores naturais presentes e segundo a sua sensibilidade ecológica.

Quais são estas zonas de protecção? O Plano de Ordenamento divide basicamente a área do parque nacional em duas áreas: a Área de Ambiente Natural e a Área de Ambiente Rural. Vamos esquecer esta última porque não nos interessa para o caso em questão e porque a gestão da problemática da visitação é muito mais simples. A Área de Ambiente Natural é por sua vez dividida em três zonas: a Área de Protecção Total; a Área de Protecção Parcial de Tipo I e a Área de Protecção Parcial de Tipo II. Cada uma destas zonas tem as suas especificações.

A Área de Protecção Total tem o estatuto de reserva integral e compreende os espaços onde predominam valores naturais físicos e biológicos cujo significado e importância do ponto de vista da conservação da natureza são excepcionalmente relevantes. Estas áreas correspondem a áreas de mais elevada proximidade a um estado de evolução natural e menos alteradas pela intervenção humana e englobam, essencialmente, bosques de carvalho e bosques de carvalho em associação com teixiais e azerais, teixiais, turfeiras e complexos geomorfológicos de relevante importância. Nas áreas de protecção total são prioritários os objectivos de manter os processos naturais num estado dinâmico e evolutivo, sem o desenvolvimento de actividades humanas regulares ou qualquer tipo de uso do solo, da água, do ar e dos recursos biológicos.


O Plano de Ordenamento do PNPG define que na Área de Protecção Total é permitida a visitação pedestre nos trilhos existentes, estando esta sujeita a autorização por parte do ICNF, IP. A autorização é necessária tanto em termos de visitas individuais como em grupos, não podendo estes ser superiores a 10 pessoas.

A Área de Protecção Parcial de Tipo I compreendem os espaços que contêm valores naturais significativos e de grande sensibilidade ecológica, nomeadamente valores florísticos, faunísticos, geomorfológicos e paisagísticos. Correspondem a áreas de elevada proximidade a um estado evolutivo natural e pouco alterado pela intervenção humana e englobam bosques de carvalho, bosques ripícolas, teixiais, azerais, turfeiras, complexos geomorfológicos de relevante importância e matos.


O Plano de Ordenamento do PNPG define que na Área de Protecção Parcial de Tipo I é permitida a visitação pedestre nos trilhos existentes, estradas, caminhos existentes ou outros locais autorizados, estando esta sujeita a autorização por parte do ICNF, IP. quando realizadas ou organizadas por grupos superiores a 10 pessoas e não previstas em carta de desporto de natureza. Isto é, grupos inferiores a 10 pessoas não necessitam de autorização.

A Área de Protecção Parcial de Tipo II estabelece a ligação com as áreas de ambiente rural, constituindo um espaço indispensável à manutenção dos valores naturais e salvaguarda paisagística, correspondendo a áreas de média proximidade a um estado de evolução natural e enquadram bosques de carvalho, azerais, e medronhais arbóreos, teixiais, turfeiras e matos.


O Plano de Ordenamento do PNPG define que na Área de Protecção Parcial de Tipo II é permitida a visitação pedestre nos trilhos existentes, estradas, caminhos existentes ou outros locais autorizados, estando esta sujeita a autorização por parte do ICNF, IP. quando realizadas ou organizadas por grupos superiores a 15 pessoas, bem como nos termos da carta de desporto de natureza. Isto é, não é necessária autorização para grupos inferiores a 15 pessoas.

Resumindo, para caminhar na Área de Protecção Total é necessária a autorização por parte do ICNF. De notar que o plano de ordenamento diz que qualquer actividade independente do número de pessoas, necessita de autorização! Isto é, mesmo uma só pessoa deverá solicitar essa autorização. As actividades de visitação na Área de Protecção Parcial de Tipo I podem ser realizadas sem autorização até um máximo de 10 pessoas. Isto é, para grupos superiores a 10 pessoas deve ser solicitada autorização ao PNPG. O mesmo acontece na Área de Protecção Parcial de Tipo II, mas para um número inferior a 15 pessoas (grupos superiores a 15 pessoas devem pedir autorização ao ICNF).

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 9 de setembro de 2025

387... Sombras e Carris, um passeio pela história mineira da Serra do Gerês/Xurés

 



Um dia a cheirar a Outono que começou com um céu de um profundo azul e terminou em tons plumbeos a ameaçar chuva.

A jornada foi desejada e longa, cobrindo o estradão florestal que se inicia já do lado galego da geresiana serra e serpenteia ao longo de pequenas corgas e vales até chegar ao longo Vale do Rio de Vila Méa que nos leva ao caminho final para o complexo mineiro Mercedes As Sombras. Caminha-se nos espaços do Parque Natural de Baixa Limia - Serra do Xurés e atinge-se uma das suas áreas de reserva na zona de fronteira a caminho do velho complexo mineiro.





Chegados à Portela da Amoreira, entramos na zona de protecção total do Parque Nacional da Peneda-Gerês; verdade, as duas áreas protegidas compõe a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés. Esta foi a "1.ª Reserva da Biosfera Transfronteiriça. Situa-se no Norte de Portugal, na transição entre o Minho e Trás-os-Montes e no Sudoeste da província Ourense na Galiza, Espanha. As Reservas da Biosfera são nomeadas pela UNESCO. Visam promover a conservação da natureza em harmonia com o bem-estar das pessoas. A Reserva da Biosfera Gerês/Xurés compreende o Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés, criado em 1997, composto pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês e o Parque Natural da Baixa Limia-Serra do Xurés. Apresenta uma riqueza natural e cultural de grande singularidade."

De facto, a componente histórica é de elevado valor, transcorrendo uma linha do tempo que nos transporta desde os anos pré-históricos até à História contemporânea. No entanto, parte desta História é ignorada, apesar da sua importância em termos das dinâmicas territoriais que em períodos mais bélicos marcaram estes espaços. É tudo uma questão de políticas extremistas que ainda marcam a forma como se dirige as áreas protegidas. Adiante...


Localizada dentro da Zona de Especial Protecção dos Valores Naturais do Parque Natural de Baixa Limia-Serra do Xurés, O complexo mineiro encontra-se "... na vertente oeste do Maciço Sobreiro – Altar dos Cabrões, a uma altitude de 1.250 m, nas fontes do rio de Vilameá. 

A mina compõe-se de várias extracções superficiais e de uma boca mina que se penetra da terra, com várias galerias a nível que avançam seguindo o filão. Primeiramente, as perfurações fizeram-se de forma individual e livre, com martelo e picareta. Mas a partir do ano 40 a situação regulariza-se, com a concessão da exploração a uma família de peso na época, os Tejada. Criaram uma companhia que modernizou as Sombras pouco a pouco, chegando a levar luz eléctrica. Construíram barracões para dormirem os trabalhadores e substituíram o martelo e a broca de grandes dimensões dos picadores, por um compressor para perfurar, dotando-os também de lanternas de iluminação.

O volume de tout-venant extraído era depositado numa vagoneta que o transportava à sala de lavagem e selecção. Ali dispunha-se numa mesa que o batia de forma constante ao mesmo tempo que tinha água corrente que arrastava a areia, e o mineral, mais pesado, ficava, passando a ser armazenado em sacos.

O trabalho realizava-se em dois turnos de 8 horas de Segunda a Sexta-feira, apesar de haver muitas denúncias de sobre-exploração. Nos anos posteriores à Grande Guerra a mina deixou de ser rentável e foi abandonada.

Na actualidade, o complexo está em ruínas, com a casa das máquinas desfeita e a boca da mina fechada com um tabique de bloqueio, restos de ferros, vidros, vigas, e três grandes entulheiras. Deve-se pensar nas Sombras como uma exploração menor se comparada com a sua vizinha dos Carris.”





Da instalação elétrica resta um edifício de transformadores, construído em tijolo revestido com argamassa de cimento. Imagens de 6 de Agosto de 2006.

O acesso ao interior das galerias está vedado com um gradeamento actualmente com o cadeado vandalizado. Caso se entre na galeria, deve-se ter especial cuidado na deslocação. Da mesma, deve-se ter cuidado na preservação das colónias de morcegos que habitam o seu interior, sendo uma zona protegida.

A zona do complexo mineiro foi sujeita a trabalho de limpeza e de ordenamento do espaço, preservando as ruínas e transformando-as no ponto de interesse no Parque Natural. Sofrendo de degradação e vandalismo ao longo dos anos desde o seu encerramento em 1976, é complexo é visto agora como ponto de histórico da região.

O complexo mineiro de As Sombras

Tal como acontece com muitos velhos complexos mineiros por toda a Espanha, também as Minas das Sombras foram transformadas num ponto de visita e de formação ambiental numa área protegida.

Além do seu interesse como local mineiro, onde se pode observar o tipo de jazida e vestígios de obras e instalações, é também um ponto de interesse geológico, para poder compreender a configuração da paisagem e observar a sua geomorfologia.




A boca mina fotografada a 6 de Agosto de 2006

A jazida foi descoberta em 1936, quando os afloramentos de veios começaram a ser explorados de forma rudimentar. A exploração subterrânea foi realizada entre 1952 e 1971. Em 1976 foram novamente realizados trabalhos de relavagem dos rejeitos para recuperação da scheelite que continham, uma vez que durante a exploração da mina maioritariamente se fez a exploração de volframite.

O Instituto Geológico e Mineiro de Espanha - IGME - (1978) indica que as operações mineiras nesta área começaram com as conceções “Mercedes 2ª” e “Extensão a Mercedes”, seguidas de outras realizadas em 1941 e início de 1942. Fruto da reunião de diversas concessões, localizadas na encosta da Serra do Xurés formou-se o grupo mineiro "As Sombras".


Boca mina fotografada a 12 de Abril de 2004


Segundo a informação acessível no Cadastro Mineiro da Galiza, em 2013, constata-se que todos os direitos mineiros que cobrem a área explorada da jazida e a sua envolvente, já caducaram.

A zona mineralizada d'As Sombras localiza-se no granito pórfiro do Gerês, sendo composto por megacristais de feldspato de potássio numa matriz de grãos médios a grossos. Estruturalmente, a fraturação NNW-SSE delimita os grandes corredores graníticos.

O IGME (1985) descreve o sítio mineiro como formado por um denso pacote de veios de quartzo e feldspato que se enquadram no granito do “batólito de Lovios-Gerês”. Estes veios formam uma faixa com o granito alterado que os contém, faixa com contactos nítidos e bem definidos. Esta estrutura mineralizada apresenta orientação quase norte-sul, com profundidade entre 2 e 3 m e comprimento superficialmente reconhecido de aproximadamente 1.100 m.

A mineralização é composta principalmente por volframite e scheelite, mas também há importantes teores de molibdenite e alguma cassiterite e bismutina. Localiza-se espalhado nos veios e nos contactos, e também no granito alterado que se encontra entre os veios, diminuindo sensivelmente em profundidade.


Acesso e boca mina fotografados a 17 de Maio de 2009


Na mina d'As Sombras existem diferentes corpos mineralizados, que podem fazer parte do mesmo processo genético. Por um lado, os veios e veios quartzo-feldspatos parecem derivar da solidificação do magma residual, com exsudação de uma fase aquosa silicatada nas fissuras iniciais. Devido às fracturas do granito encaixado, após a formação dos veios quartzo-feldspáticos, inicia-se um fenómeno de greisenização que prossegue com a abertura dos veios de quartzo até a deposição dos sulfetos.

Segundo os resultados das investigações realizadas pelas empresas Peñarroya-España e Minas de Almagrera, no início da década de 1980, foram avaliados recursos de 280.000 t de mineral com teores entre 0,5 e 0,89% de W03, dos quais mais de 75.000 t seria recuperável.

Na pequena estação de tratamento, existente na mina nos últimos tempos da sua actividade, foram extraídos um concentrado rico com 70% de W03, outro concentrado com 57% de W03, e alguns mistos com 20% de W03, 2,8%. S2Mo, 7,4% Sn02 e 2,7% Bi.

História da mineração

Os primeiros trabalhos de mineração na área consistiram em trabalhos superficiais em veios mineralizados e, a partir de 1952, foi realizada a exploração subterrânea. As obras mais antigas do tipo vala localizam-se na parte Norte da área trabalhada, e na parte sul está a dolina transversal que corta os pacotes de veios.


A planta de concentração gravimétrica fotografada a 24 de Agosto de 1995


Na parte Norte da área de trabalho podem ser identificadas algumas trincheiras mais ou menos contínuas, com menos de 2 m de largura, que acompanham o pacote de veios mineralizados numa extensão próxima de 200 m e seguem uma orientação submeridiana. A vegetação arbustiva esconde na maioria essas tarefas, tornando perigosa a sua abordagem. Demarcando as valas e imediatamente junto aos vestígios das antigas e novas instalações da central de concentração, encontram-se as principais lixeiras de resíduos grossos e finos resultantes da actividade mineira.
Na cota de 1.340 m, localiza-se a dolina transversal, com secção de 2 m de largura e até 4 m de altura, que dá acesso à obra. Foi explorado em vários níveis num troço de mais de 200 m e uma altura de cerca de 35 m. A exploração foi efectuada através de galerias de direcção e câmaras elevadas, para as zonas acima do nível de entrada, e através de contrafuros, galerias de direcção e câmaras de reentrância abaixo desse nível. As câmaras tinham 2 m de altura e largura igual à potência do pacote mineralizado. Entre as câmaras e a galeria foram deixados maciços no sentido que eram interligados a cada certa distância por drenos.



A exploração foi intermitente, devido, entre outros motivos, à dureza do clima. Por volta de 1976, foram feitas tentativas de acesso ao local mediante acessos feitos em cotas inferiores, para facilitar a entrada no inverno.

O conjunto foi transportado em carroças de ferro até uma pequena planta de concentração gravimétrica, localizada bem próxima à entrada da mina. Ainda se podem ver os restos da via-férrea por onde, em vagões, os resíduos eram levados da moderna central de concentração para a lixeira.
Texto adaptado de "Mina de As Sombras" (https://patrimonio.camaraminera.org/gl/lugar/mina-de-sombras).

Passando a fronteira e dirigindo-se ao marco geodésico dos Carris, nota-se ainda de forma marcada os efeitos de um Verão muito quente e extremamente seco. Os pequenos ribeiros estão secos e os prados apresentam-se queimados pelo Sol. Os animais deambulam na busca incessante de pastos mais apelativos, enquanto os dias se encurtam em direcção a um Outono que irá chegar.

A chegada ao complexo mineiros dos Carris foi já feito com o dançar dos primeiros farrapos de nuvens sobre a velha represa, um oásis por entre o ressequido granito tostado pelo Sol ao longo de várias semanas.

O regresso seria feito de forma tranquila descendo o Vale do Alto Homem e olhando o céu que se ia escurecendo enquanto as nuvens começavam as lamber os píncaros serranos na Encosta do Sol. Lá atrás, o Modorno mantinha-se imóvel, hirtamente guardando as passagens.

Ficam algumas fotografias do dia...










































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)