Numa zona esquecida de um país pobre, as Minas dos Carris eram o ganha-pão de muitos homens que ali procuravam um parco sustento para as famílias.
O dia-a-dia dos trabalhadores era passado entre a profundidade dos poços mineiros e o descanso na camarata. Apesar de ser um complexo mineiro socialmente avançado, as condições de residência limitavam-se ao básico. Augusto Silva refere que a água quente era um luxo só para o pessoal superior da mina e as necessidades eram muitas vezes feitas “atrás de um penedo” havendo, no entanto, instalações sanitárias para quem lá trabalhava. “Quando era frio, com a própria roupa, se não viesse molhada dos trabalhos na mina, deitava-se assim e cobríamo-nos com as mantas, e ali ficávamos o melhor possível e por vezes encostados uns aos outros para enganar o frio. Se a roupa estivesse molhada, então vestíamos uma roupa enxuta e depois dormíamos nos beliches compostos por três camas ao alto… o que estava em cima, quando era no Inverno, é que estava pior, pois o telhado era composto só por uma telha de luzalite e o frio era muito! Passamos lá maus bocados, mas eu gostava daquilo!”
Sem haver outra companhia que não a masculina no complexo mineiro, onde permaneciam por um mês antes de poderem ir às suas casas, muitas vezes os homens iam até às Minas Mercedes Las Sombras onde lá trabalhava um grande número de mulheres, pois a mina galega não estava equipada com muitas máquinas e o trabalho de lavagem do minério era quase todo manual.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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