Páginas

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCLXXXIX) - Final de tarde de Outono no Vale do Alto Homem (II)

 


Os curtos dias de Outono e a palete de cores próprias da estação, oferece-nos cenários únicos na Serra do Gerês, tais como os finais de tarde no Vale do Alto Homem.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCXC) - A Corneda e a Mata de Albergaria

 


O alto da Corneda surge envolto em nuvens visto desde a Mata de Albergaria, numa paisagem outonal na Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

terça-feira, 12 de novembro de 2024

A sazonalidade no «Gerês»

 


Um dos problemas que aflige o concelho de Terras de Bouro, ou pelo menos parte dele, é a denominada "sazonalidade".

O Conselho das Finanças Públicas define a sazonalidade como "a presença de variações que ocorrem em intervalos regulares específicos inferiores a um ano, tais como a frequência diária, semanal, mensal ou trimestral. A sazonalidade pode ser causada por vários fatores, como o clima, os períodos de férias, fins-de-semana e feriados, e consiste em padrões periódicos, repetitivos, geralmente regulares e previsíveis nos níveis de uma série cronológica."

Aparentemente, o turismo na Serra do Gerês, ou pelo menos em parte dela, sofre desta «grave» síndrome desde sempre. O ambiente começa a «mexer» em Maio, mas em meados ou finais de Setembro, os números do turismo caiem e é ver restaurantes a fechar, hotéis e alojamentos encerrados. A vila termal regressa a uma tranquilidade por muitos indesejada... ou talvez não.

Há já vários anos que a promoção turística é baseada nas cascatas e lagoas, enquanto o resto do ano vai-se aguentando como se pode. Porém, a realidade da segunda quinzena de Setembro ou mesmo o mês de Outubro mostra que poderia ser diferente.

Sim, a sazonalidade afecta outra regiões de montanha não só em Portugal como noutros países. Veja-se o exemplo do Parque nacional dos Picos de Europa onde os meses de Inverno levam muitos restaurantes e estabelecimentos hoteleiros a fechar. Mas, por que é que isso acontece? Bom, acontece porque o acesso à montanha torna-se impraticável para muitos, pois os carreiros e estradas de montanha estão encerradas por metros de neve. Mesmo assim, o afluxo turístico é constante (apesar de baixo), o que leva o sector do turismo a fazer umas férias em Janeiro.

A montanha está lá, sem cascatas, sem lagoas e é sempre um destino turístico todo o ano.

O que se passa por cá? A fotografia em cima mostra o estacionamento da Portela do Homem no dia 10 de Novembro de 2024. Um dia cinzento e com alguma chuva. No entanto, quem encheu o estacionamento não estava ali para usar as cascatas e lagoas do Rio Homem. Estava ali para ver um produto ignorado nas festas de Maio, ignorado pela promoção turística do concelho: a Mata de Albergaria no Outono ou as montanhas do Gerês. E eram «muitas» as pessoas que caminhavam pelos bosques apreciando a beleza natural da Serra do Gerês, e apesar de «muitas» quase que nem se notavam. Estas pessoas vieram visitar o Parque Nacional, não vieram para a praia...

Quando pertenci a uma associação de promoção turística do Gerês cheguei a sugerir a ideia de se fazer um Festival de Outono na Mata de Albergaria para de certa forma atrasar a maldita sazonalidade. Fui ignorado. Cheguei a sugerir a promoção de um turismo de Inverno numas montanhas nas quais se pode caminhar, mesmo com dias de neve. Não quiseram saber. Interessam festas de bruxedo sem qualquer base na cultura do território e outras que tais.

Infelizmente, dá-se primazia a um turismo desordenado, medíocre e que não respeita o território. O "Gerês" é sempre visto como um destino que deve ser barato e que deve oferecer as condições do Mónaco ou das praias de Ibiza. O resultado está à vista com visitantes que não se respeitam e não sabem respeitar.

Assim, continuaremos felizes e contentes, mas sempre a queixarmos da sazonalidade que podemos diminuir... todavia não queremos.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (12 a 19 de Novembro)

 


Os próximos dias irão trazer uma mudança no padrão meteorológico com um acentuado arrefecimento e precipitação. Com a linha de congelamento acima dos 1.800 metros de altitude, será pouco provável a queda de neve.

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCLXXXIX) - Final de tarde de Outono no Vale do Alto Homem (I)

 


Os curtos dias de Outono e a palete de cores próprias da estação, oferece-nos cenários únicos na Serra do Gerês, tais como os finais de tarde no Vale do Alto Homem.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Paisagens da Peneda-Gerês (MDCLXXXVIII) - Poço da Ponte Feia no Outono

 


O Poço da Ponte Feia, Mata de Albergaria - Serra do Gerês, na sua paisagem de Outono.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

Previsão meteorológica para Nevosa/Carris (11 a 18 de Novembro)

 


Temperaturas a descer e possibilidade de precipitação nas Minas dos Carris nos próximos dias.

domingo, 10 de novembro de 2024

Caminhada pelos "Segredos da Albergaria"

 


A caminhada interpretada "Segredos da Albergaria" é promovida por RB Hiking & Trekking como uma forma de divulgar a importância da preservação do património natural e histórico existente na Mata de Albergaria.

Sendo um dos maiores tesouros naturais que existe no Parque Nacional da Peneda-Gerês, a Mata de Albergaria é classificada como reserva biogenética pelo Conselho da Europa em 1988.

Embora existam outras manchas de carvalhal importantes no Parque Nacional – Castro Laboreiro, Mata do Cabril, Beredo e Rio Mau – a Mata de Albergaria distingue-se pela sua extensão e por ser única em Portugal, uma dos mais bem conservadas da Península Ibérica, ocupando uma área de 1.371,3 ha na Serra do Gerês, ao longo do vale do Rio Homem e dos seus tributários.


A Mata é em si um bosque climácico dominado pelo carvalho-alvarinho, mas onde surge também o carvalho-negral bem como outras espécies características dos carvalhais galaico-portugueses que constituíam a vegetação primitiva da grande parte do noroeste português.

A caminhada "Segredos da Albergaria" tem início na Portela do Homem. Aquilo que hoje vemos na Portela do Homem está muito longe do cenário de há pouco mais de 100 anos. O topo do Vale de S. Miguel foi aterrado, sendo aí construído os edifícios fronteiriços. Já nada resta das construções anteriores e alguns dos marcos miliários ali existentes podem ter sido trazidos de outros lugares (pois as numerações de milhas não correspondem àquele lugar) ou sendo ali mesmo uma zona de fabrico desses mesmos marcos.




Seguindo pelo que terá sido parte do traçado da Geira Romana, envereda-se pela frondosa mata, percorrendo inicialmente o Vale de S. Miguel e passando no Curral de S. Miguel (da vezeira de Vilarinho da Furna). Mais adiante, surgem as ruínas das antigas casas da Guarda Fiscal e um pouco mais adiante os restos do lajeado da estrada romana. Adentrámo-nos mais no bosque e chegamos às margens do Rio Homem, já perto da (nova) Ponte de S. Miguel, onde ainda se vislumbram os restos da antiga ponte romana destruída em 1640.

O caminho vai-nos levar depois a passar pela Milha XXXIII na Ponte Feia, passando ao lado das tristes ruínas do Abrigo de Montanha do Académico F. Clube. Aqui, vale a pena a visita à Ponte Feia com vista para o poço do mesmo nome.

Prosseguindo no traçado da Geira Romana, chegámos aos Viveiros da Albergaria e aos restos de duas outras pontes romanas sobre o Rio do Forno e Rio de Maceira.

O regresso é feito pelo Curral de Albergaria e Rio do Forno, baixando depois para a Ponte Feia e seguindo pelo Curral de S. Miguel.







Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)


Paisagens da Peneda-Gerês (MDCLXXXVII) - Detalhes de Outono (II)

 


Detalhes de Outono na Mata de Albergaria, Serra do Gerês.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

sábado, 9 de novembro de 2024

374... Caminhada às Minas dos Carris pelo Vale do Alto Homem

 


Caminhada interpretada às Minas dos Carris organizada por RB Hiking & Trekking ao longo do Vale do Alto Homem.

O texto que aqui utilizo já foi por muitas vezes utilizado neste blogue. Assim, se se recordam de já ter lido a descrição da subida ao longo do Vale do Alto Homem até ao complexo mineiro dos Carris, podem ser ver as figuras...

A caminhada às Minas dos Carris pelo Vale do Alto Homem

O percurso para as Minas dos Carris inicia-se a uma altitude de 720 metros e rapidamente nos apercebemos que não será um caminho fácil para os mais desprevenidos. A sua dificuldade vai aumentando ao longo do percurso não tanto pela inclinação, mas mais pelo estado do próprio caminho. Em quase 9,8 km de extensão, este é na sua maioria composto por pedra solta que dificulta a progressão. São escassas as extensões em que o terreno é suave.

Na quase totalidade do seu comprimento o trilho é acompanhado pelo Rio Homem e o seu rumor por entre as rochas acompanha-nos quase sempre.

Convém salientar que o caminho para as Minas dos Carris está inserido num vale de extrema importância para o Parque Nacional da Peneda-Gerês e que está integrado numa das duas áreas de protecção total existentes naquela área protegida, logo convém solicitar uma autorização ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.




Tenho por hábito dividir o percurso em duas partes que considero de dificuldade distinta. A primeira parte termina no que eu considero ser a metade do caminho na ponte junto do Cabeço do Modorno e após se ter vencido já cerca de 300 metros de altitude por entre pedra solta e alguma vegetação. A fase inicial da segunda parte do percurso é muito semelhante à primeira parte, mas este vai-se tornando mais suave há medida que nos aproximamos da Ponte das Águas Chocas, sendo um caminho mais fácil a partir daí e até ao final do planalto onde se inicia a subida final para o complexo mineiro, passando nas Abrótegas e já na Corga da Carvoeirinha. A passagem pela Ponte das Abrótegas é muito fácil e somos presenteados por uma paisagem única que nos leva desde o alto de Lamas de Homem até às alturas do Altar de Cabrões já na raia.

No início dos anos 90 ainda era possível observar ao longo do Vale do Alto Homem uma linha de postes de madeira sobre os quais assentava o cabo metálico do telefone, que permitia as comunicações com o complexo mineiro. Nos nossos dias são raros os sinais, ao longo do caminho, daquilo que mais tarde iremos encontrar no sopé dos Carris. Tirando os trabalhos mais «recentes» levados a cabo pelo Parque Nacional da Peneda-Gerês, com o objectivo de melhorar o caminho para a reflorestação de zonas de alta montanha, é possível observar, mesmo no início do percurso, conjuntos alinhados de rochas que marcam o que então foi uma estrada em terra batida que permitia a passagem de camiões para o transporte do minério e não só. Como curiosidade, posso referir que no início da sua construção existia um pequeno caminho que ligaria a Portela de Leonte ao complexo mineiro e pelo qual as largas telhas que iriam cobrir as casas mineiras e outros elementos, eram transportadas em ombros pela quantia de 25$00 nos idos anos 40 do século XX.




Ao longo do caminho vamos observando um ou outro pequeno muro, ou um ou outro alinhamento de pedras que nos podem sugerir a existência de uma rude estrada serrana. O primeiro sinal sólido da existência de algo mais complexo na serra, surge-nos junto da zona que dá pelo nome de ‘Água da Pala’. Aqui, e já coberta pela vegetação, observamos à nossa esquerda uma área delimitada por um pequeno e baixo muro. Em tempos terá servido de curral para abrigo dos rebanhos. Do lado direito podemos observar, também por entre a vegetação, uma pequena construção com tijolos de cimento que nos dá a ideia de ser uma pequena guarita, mas que já foi referenciada como um pequeno abrigo dos cantoneiros que mantinham o estradão em estado de circulação. Esta zona antecede uma ponte de pedra e é extremamente peculiar e bucólico.

Na Água da Pala iniciava-se um carreiro de pé posto que atravessava o Rio Homem e subia ao longo do rio pela sua margem direita no sopé da Encosta do Sol até atingir o topo do Cabeço do Modorno, algumas centenas de metros após atravessar novamente o Homem sensivelmente à cota de 1050 metros de altitude. Não havendo registos cartográficos deste trilho em direcção a Carris, documentos fotográficos atestam a sua continuação para as zonas mais elevadas da serra. Quem observa a Encosta do Sol a partir da Água da Pala, terá a sensação de ainda poder vislumbrar o traçado deste pequeno trilho que, sem dúvida, nos proporcionaria uma visão distinta do vale. Porém, e após várias tentativas de observar no terreno a sua progressão, cheguei à conclusão de que este trilho já desapareceu e será extremamente difícil tentar seguir o seu antigo percurso, senão mesmo impossível.




Após passar a Água da Pala, o percurso entra numa zona mais plana. Até aqui, e olhando para a nossa direita, temos a oportunidade de observar os picos escarpados que delimitam os Prados Caveiros. Esta fase mais plana do trilho segue pela Ponte do Cagarouço sobre a Ribeira do Cagarouço, um pequeno afluente do Rio Homem que parece surgir das escarpas da Ravina do Cabeço da Porca. É nesta fase que o caminho se volta a inclinar ligeiramente e ouvimos o rugido do jovem rio a poucos metros de distância. Por entre a vegetação é por vezes fácil ter um olhar sobre lagoas que no Verão são sempre uma forma de retemperar forças.

O trilho ultrapassa a cota dos 1000 metros de altitude, a poucos metros de entrarmos numa fase do caminho onde vamos superar vários metros de altitude em pouca distância, ultrapassando assim um bom declive. Em Carvalhas Vrinhas, o percurso flecte para a direita no que são conhecidas como as ‘Curvas do Febra’ e em pouca distância subimos 30 metros em altitude antes de flectir para a nossa esquerda. Nesta parte do caminho podemos ter uma imagem do Vale do Homem só superada pela paisagem que nos aguarda poucos metros após a passagem da Ribeira do Modorno. Poucos metros mais à frente entramos numa parte do caminho que é ladeado, à direita, por uma parede sólida de granito e, à esquerda, por uma queda de 50 metros que termina no Rio Homem. O declive aqui é acentuado e notório, mas o esforço para chegar à meia distância merece a pena.




Somos chegados a meio do caminho e o descanso na Ponte do Modorno é merecido. A água da ribeira é sempre fresca e corrente, mesmo no Verão. Ao entrar neste pequeno vale temos a visão de uma pequena queda de água por debaixo da ponte e são poucos os que resistem a uma fotografia. Situados na ponte em direcção ao final do vale, por onde vemos o Rio Homem, temos à nossa direita o imponente Cabeço do Modorno, uma escarpa granítica que atinge os 1317 metros de altitude. Conheci todas as pontes até ao Modorno já em cimento, mas o meu fascínio por estes espaços começou a ser despertado pelas velhas pontes de madeira que antigamente permitiam a passagem célere e um tanto ou quanto aventureira.

Logo após abandonar a Ponte do Modorno e seguindo o velho caminho mineiro, vamos encontrar uma das mais fantásticas paisagens que a Serra do Gerês e o Parque Nacional têm para nos oferecer. É com deslumbre que observamos o Vale do Alto Homem e a forma como este se projecta no céu. O seu delimitar pelos picos das serras leva-nos a imaginar, sonhar um mundo antigo. É aqui que nos começam a faltar as palavras... Ao longe vemos a Serra Amarela e com bom tempo facilmente se vislumbram as antenas do Muro localizadas em Louriça, bem como o Alto das Eiras e a Cruz do Touro, já nos extremos Geresianos, ou a magnificência da Quelha do Palão e da Água dos Vidos. Saindo do pequeno vale da Ribeira do Modorno entramos novamente no vale do Alto Homem e logo ali à nossa frente observamos uma estreita queda de água com uma altura superior a 110 metros, a Água da Laje do Sino. Toda este zona nos dá paisagens deslumbrantes em, ou após, dias de chuva com as paredes rasgadas pelos cursos de água que se precipitam no vale, ou então nos frios dias de Inverno com a imagem das quedas de água geladas que se amarram às paredes graníticas.




Prosseguindo ao longo do vale vamos ganhando altitude, atingindo os 1200 metros de forma suave. Nesta fase o trilho chega a complicar-se devido ao estado do «pavimento». O Rio Homem é, nesta fase, constituído por uma série de pequenos ribeiros que têm origem nos inúmeros vales que golpeiam o topo da serra. Aos 1200 metros de altitude, na zona do Teixo, o trilho flecte ligeiramente para a direita seguindo um dos pequenos riachos que, juntamente com o riacho do Corgo dos Salgueiros da Amoreira, irá mais tarde formar o Rio Homem. O caminho segue a base da Rocha da Água do Cando, passando pela Ponte das Águas Chocas (1285 metros) e entrando nas Abrótegas até atingir a Ponte das Abrótegas (1325 metros). As Abrótegas definem, juntamente com o Outeiro Redondo, um pequeno planalto que é atravessado pelo trilho até atingir e seguir ao longo da base do contraforte de Carris. Foi neste planalto onde esteve montado nos dias 17 a 19 de Setembro de 1908 o acampamento da primeira expedição venatória levada a cabo na Serra do Gerês. Neste planalto têm origem vários trilhos de pé posto, sendo o mais interessante aquele que segue para as Minas das Sombras (Galiza, Espanha) e para os Cocões do Coucelinho (através das Lamas de Homem) e, mais tarde, Mina de Borrageiros e Lago Marinho.

Na Ponte das Abrótegas somos interrogados por umas peculiares construções semelhantes a pequenos pilares de rocha e cimento que tinham essa mesma função. Estas construções serviriam de ponto de apoio, certamente de uma conduta metálica para transportar água desde uma pequena represa ali existente até à lavaria nova situada no topo da Corga de Lamalonga. A paisagem aqui permite-nos observar o marco geodésico de Carris (1508 metros), o Altar de Cabrões ou Altar dos Cabros. Neste planalto podemos também observar vários currais destinados às pastagens de altitude (Curral das Abrótegas e Curral de Cabanas Novas) e à transumância ainda levada a cabo na Serra do Gerês.




A zona das Abrótegas permite o descanso antes da subida final, verdadeiro calvário para quem já está cansado da subida. Ao percorrer o início da subida, um pormenor passa despercebido à quase totalidade das pessoas. Logo no início do declive a antiga estrada dividia-se em duas, com uma a seguir a direcção do Salto do Lobo, local onde decorreram as primeiras extracções de volfrâmio tirando partido do aluvião vindo da Corga da Carvoeirinha. No terreno é difícil vislumbrar sinais desta parte da estrada e só andando alguns metros no caminho principal que segue em direcção à mina, e depois olhando para trás, é que se vê a antiga estrada já coberta de vegetação. Nesta área não existem construções ou edifícios, exceptuando uma ou outra pequena construção de pastores (os formos) ou outros abrigos. Esta zona provavelmente teria o apoio de edifícios de madeira dos quais não existem quaisquer sinais. Por esta zona deveria passar uma conduta de água que teria a sua origem numa pequena represa próximo da Ponte das Abrótegas e que, apoiada em pilares feitos com aglomerados de pedra, atravessava o pequeno planalto para lá das Abrótegas. Mais pilares são visíveis no extremo deste planalto, que serve de pastagem de altitude ao gado que nos meses da vezeira passeia pela serra, já próximo do caminho antes deste flectir para a esquerda para iniciar a subida final. Seguindo o prolongamento deste caminho secundário e depois entrando em trilhos de pé posto, chega-se às Minas dos Carris pela sua zona inferior junto da lavaria nova, no extremo topo do vale da Corga de Lamalonga.

A parte final da estrada vence um declive de 70 metros ao longo da Corga da Carvoeirinha e sem dúvida que é para muitos a parte mais complicada de todo o trajecto. No entanto, o final do árduo caminho é sempre uma motivação forte para vencer estes últimos metros.

No troço final o declive torna-se menos intenso, com a estrada a tornar-se quase plana mesmo a chegar ao muro que delimitava a entrada no complexo mineiro dos Carris.












Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)