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terça-feira, 18 de junho de 2024

Trilhos seculares - Da Portela de Leonte ao Curral da Raiz

 


O percurso que liga a Portela de Leonte ao Curral da Raiz e depois ao Prado do Vidoal, foi o suficiente para ter a sensação que procurava por paisagens que nos vão surgindo e que se vão alterando à medida que o nosso estado de espírito se molda ao que a Serra do Gerês tem para nos oferecer.

Assim, nunca é demais repetir estes parágrafos para os de difícil compreensão... Para mim, caminhar na montanha é muito mais do que fotografias bonitas e declarações no Facebook. Uma caminhada sem uma «descoberta», uma caminhada sem algo de novo, quase que acaba por ser tempo perdido. E chegamos a uma altura em que, de facto, tempo é coisa que não queremos perder.



Assim, todos os sentidos estão em alerta! Em alerta por marcas da História, e ignorá-la é apenas uma marca da ignorância e estupidez. A História marcou a paisagem e a simbiose entre Homem e Montanha, e ignorar os seus sentimentos, o que ela nos diz só porque pensamos que somos o centro de tudo, o que somos o objectivo máximo de ali estar, é só uma tentativa de justificar o que fazemos quando o que fazemos não é nada do que estamos a fazer.

Em alerta pela vida que nos rodeia na montanha; quer seja a vezeira, quer sejam os animais e a Natureza que está na sua casa; quer seja respeitar quem ali vive. Se não for assim, então é tudo um vazio... tão vazio como as publicações de vã glória e de um efémero nas redes sociais.

Em alerta por nós próprios. Se não saímos dali mais ricos e melhores do que quando ali chegámos, então foi tempo perdido.

Apesar de ser um percurso curto, os desníveis no caminho que nos levam da Portela de Leonte ao Curral da Raiz necessitam de algum esforço, seja qual for o sentido que decidimos percorrer. Usualmente, e iniciando na Portela de Leonte, começo por dirigir-me na direcção da Fonte do Escalheiro e daqui descer para a Estrada Nacional EN308-1. De facto, este ligeiro troço segue o antigo traçado do caminho florestal que nos idos dos princípios do século XX ligava as Caldas do Gerês à Portela de Leonte. Temos de ter em atenção que o entorno foi substancialmente alterado devido às obras quer então foram realizadas para melhorar o acesso às casas florestais que, entretanto, eram construídas ou melhoradas.




O caminho deixa-nos então na estrada nacional não muito afastados da Cascata de Leonte que vai ficar à nossa direita. Prosseguindo pela estrada na direcção das Caldas do Gerês, vamos passar pela Corga de Mourô e logo adiante, à nossa esquerda, vai-se elevar a Costa da Cantina. Pouco após passarmos a Fonte da Cantina, tomamos um antigo caminho florestal que nos levará encosta acima, passando inicialmente por uma mata de cedros e depois por uma frondosa mata de azevinhos antes de se abrir para os matos rasteiros típicos das alturas Geresianas. Aqui, o horizonte vai-se abrir para todo o Vale do Rio Gerês até à albufeira da Barragem da Caniçada e encimado pelo espigão do Pé de Cabril. Também visível surgirão as alturas do Pé de Salgueiro, mais tímido à nossa direita.

O carreiro vai então subir até chegar ao bucólico Curral da Raiz, com os seus majestosos carvalhos, seguindo depois para a Corga de Mourô que nos proporciona um magnífico cenário das Quinas de Mourô na antecipação das paredes alcantiladas do espigão Nascente do Pé de Cabril. Nesta dia, tive a oportunidade de assistir ao espectáculo da luta entre dois machos de cabra-montês e do movimento da vezeira nas encostas da serra.

O percurso vai-nos levar a passar pelo Mourô e logo a seguir chegamos ao Prado do Vidoal, um ex-libris da Serra do Gerês com os seus carvalhos e cabana de pastoreio tendo como pano de fundo o Pé de Medela, Carris de Maceira e Roca d'Arte.

O regresso é feito pelo típico caminho da vezeira bem referenciado com mariolas até à Portela de Leonte, passando a Chã de Carvalho, sempre à vista do Pé de Cabril.

Este foi um percurso com uma extensão de 5,2 km e um D+ 353 m.


















Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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