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quarta-feira, 10 de abril de 2024

A Capela de Sta. Eufémia nas Caldas do Gerês

 


A Capela de Sta. Eufémia é um dos elementos arquitectónicos mais antigos, existente nas Caldas do Gerês. Local de culto, foi erigida no reinado de D. João V (1689-1750).

No seu livro "Memórias Geresianas" (Edição do Jornal Geresão, 2011), Agostinho Moura dedica-lhe um interessante capítulo (págs. 239 a 241) que aqui reproduzo...

A Capela de Sta. Eufémia

Reza a história das Caldas do Gerês que por volta do ano de 1699, segundo o investigador Dr. Ricardo Jorge, ter-se-á registado o início do funcionamento normal das caldas, sempre remetido exclusivamente ao período do Verão, de Junho a Setembro de cada ano. Porque, entretanto, o movimento de frequentadores provenientes das mais diversas partes do país foi crescendo consideravelmente, e atendendo a que as condições de acolhimento e de tratamento dos aquistas eram bastante precárias, cerca do ano de 1730 o povo acorreu à generosidade do rei D. João V, o qual acederia de bom grado às solicitações apresentadas.

Nessa conformidade, poucos anos depois, aquele rei, cujo nome foi incluído na toponímia geresiana em reconhecimento da sua beneficência para com o Gerês, mandou aqui construir o hospital - que não passaria dos alicerces (...), poços cobertos para banhos, capela e residências para o médico, boticário e capelão.

A Capela mandada erigir por D. João V na primeira metade do século XVIII, foi dedicada a Santa Eufêmia, a virgem e mártir padroeira do Gerês que, segundo uma versão lendária se terá refugiado nas serranias geresianas e nelas teria sido presa e martirizada em 13 de Abril do ano 140. Esse pequeno templo, inicialmente com a sua fachada principal voltada para Sul, nela ostentando o escudo da monarquia portuguesa, sofreu a primeira ampliação e restauro em 1934, graças à generosidade do grande benemérito geresiano que foi o saudoso sócio-gerente da Empresa das Águas do Gerês, Eduardo Honório de Lima. Do templo primitivo, apenas se conservou a capela-mor, ficando com a configuração actual, no sentido nascente-poente, mantendo-se o escudo monárquico na sua fachada principal e sobre a porta principal, embora já pouco perceptível, encontra-se a inscrição latina "Introibo in domum tuam, adorabo ad templum Sanctum tuum" ("Entrarei em tua casa, adorar-te-ei no teu templo Santo").

Estas obras de ampliação incluíram também o respectivo equipamento com um riquíssimo altar-mor, adquirido na Sé Catedral do Porto, bem como os alteres laterais e diversas alfaias litúrgicas, algumas das quais doadas pelo rei D. João V. A partir de 1941, esta capela passou a dispor também da pia baptismal, normalmente apenas atribuída àsigrejas paroquiais.

Em face do aumento demográfico, a capela-mor foi ampliada nas laterais em 1991, tendo as obras decorrido entre 18 de Fevereiro e 31 de Outubro desse ano, reabrindo ao culto em 3 de Novembro seguinte, data em que realizou a festividade em honra de Sta. Eufémia, antecedida, no dia 2, com a realização do 1 Convívio dos Geresianos e Amigos do Gerês, ainda no âmbito da comemoração da elevação do Gerês à categoria de vila.

Estas obras de ampliação e beneficiação da Capela de Sta. Eufémia importaram em 4 mil contos, suportados pela população e beneméritos, fazendo parte da respectiva Comissão de Obras o pároco de então, Pe. Albino Azevedo Faria, e Fernando Rebelo Monteiro.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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