Durante quatro dias percorri a Grande Rota da Peneda-Gerês (GR50) ligando o Campo do Gerês a Pitões das Júnias.
O segundo dia levou-nos a percorrer a Etapa 13 (Caldas do Gerês - Ermida) e a Etapa 14 (Ermida - Fafião), num total de 18,80 km.
O texto a seguir é retirado da página da Grande Rota da Peneda-Gerês, sendo editado quando necessário.
A Etapa 13 faz a ligação das Caldas do Gerês à aldeia da Ermida, pelo interior da Serra do Gerês, percorrendo os antigos trilhos que os pastores utilizavam para subir o gado até aos prados de montanha. Ao longo de pouco mais de nove quilómetros, o percurso proporciona paisagens e vivências muito distintas, revelando alguns testemunhos da realidade contada por Tude Martins de Sousa e também da narrada por Miguel Torga, dois ilustres que se apaixonaram pela serra do Gerês.
A etapa tem início em pleno centro das Caldas do Gerês, na avenida principal, junto à Praceta Prof. Dr. Emídio José Ribeiro. Deixando a avenida, seguimos para Este, tomando a rua Augusto Sérgio Almeida Maia para, cerca de 100 metros depois, desviar na primeira derivação à esquerda, subindo uns 300 metros pela rua do Lugar Carona, até encontrar sinalização que obriga a deixar a rua asfaltada e a continuar, à esquerda, por um carreiro aberto entre a vegetação. Depois de caminhar cerca de 1 km, atingimos a estrada florestal da Pedra Bela, em asfalto. Continuamos à direita pela estrada asfaltada e, escassos metros despois, encontramos a Fonte do Azeral, onde a sinalização nos orienta para o trilho que passa por detrás da fonte. Este trilho leva-nos ao estradão que nos conduzirá, pelo Trilho dos Currais (percurso de pequena rota sinalizado), ao Curral da Lomba do Vidoeiro, onde podem ser observadas várias mariolas que se impõem na paisagem.
Continuamos pelo velho caminho de pastores, de acesso aos prados da serra. Cerca de 700 metros depois da Lomba do Vidoeiro, passamos o Curral da Carvalha das Éguas, de maior dimensão que o anterior e com abrigo mais sofisticado, onde o percurso atinge o seu ponto mais elevado, aproximadamente 940 metros de altitude.
Continuamos para sul, na direção do Varejeiro. Depois de atravessar a linha de água, quase sempre seca no período de verão, passamos a caminhar sobre um caminho mais largo e regular, até que chegamos a um cruzamento de caminhos, numa zona aberta e plana, onde o percurso da GR50 se separa do Trilho dos Currais, para encurtar caminho para a Ermida. Tomando a direção da Ermida, atingiremos o entroncamento da Cascata do Arado daqui a 1 km. Aqui, entramos no trilho de acesso ao Miradouro das Rocas (que poderá subir para apreciar, do alto, a fantástica paisagem), contornando o conjunto granítico que sustenta o miradouro. Um pouco mais à frente apanhamos um caminho florestal que nos conduz à Ermida, cruzando, já muito próximo da aldeia, a estrada municipal asfaltada.
Ermida é uma comunidade de montanha com fortes ligações à serra e aos seus recursos. Para além do património rural e infraestruturas turísticas que as entidades e a comunidade local têm vindo a criar, poderá usufruir dos serviços existentes, nomeadamente restaurante, mercearia, café, alojamento e atividades turísticas.
Após um já merecido descanso na Ermida, iniciamos a Etapa 14 que nos levou a Fafião (Montalegre), ligando as duas aldeias serranas por antigos trilhos de pastores, completando uma extensão de 9,4 quilómetros. O percurso revela aspetos muito peculiares desta zona da serra do Gerês, das suas comunidades, culturas e património, mas destaca-se sobretudo pela admirável paisagem e pela intimidade que nos proporciona com a montanha. Tem como momentos mais marcantes a passagem dos rios Arado (Ponte e Cascata da Rajada), do Conho (Ponte de Servas) e Fafião (Ponte da Pigarreira), os miradouros das Cilhas, o carreiro pelas fragas graníticas, o bosque de floresta mista na Tribela e a inesperada “Casa do Médico”, a chegada ao Curral de Pinhô e, já no final da etapa, o belo Fojo do Lobo de Fafião.
O percurso enquadra-se em ambiente de serra, sem qualquer serviço de apoio intermédio e a etapa inicia-se junto ao miradouro da Ermida, seguindo pelos arruamentos da aldeia, em direção ao caminho agrícola que ladeia a zona da veiga e que conduz à ponte da Rajada, onde atravessamos o rio Arado. Segue-se uma subida algo íngreme, por um velho carreiro marcado na vertente granítica, que define o caminho até às Fragas de Viseu, onde surgirá o caminho florestal que devemos seguir até à denominada “Casa do Médico”, na Tribela. Continuamos na mesma direção, contornando o muro da propriedade. Escassos metros depois entramos no trilho de acesso à ponte de Servas, onde atravessamos o rio do Conho. Deixando o fundo do vale do Conho, continuamos para Este e rapidamente chegamos ao Curral de Pinhô, onde o percurso atinge o ponto mais elevado (784 m). A partir daqui, iniciamos a descida para o rio Fafião, maioritariamente ao longo de um caminho florestal. O troço final da descida é muito acentuado e é efetuado por trilho, com partes em escadaria granítica. Atravessamos o rio Fafião na Ponte da Pigarreira, continuando cerca de 500 metros pela estrada asfaltada, até apanhar o carreiro que nos levará à aldeia de Fafião, passando ao lado do magnífico Fojo do Lobo.
Em Fafião não deixe de visitar o Pólo do Ecomuseu de Barroso, dedicado ao tema da “Vezeira e a Serra”, através do qual a comunidade tem vindo a divulgar a sua cultura e património, iniciativa que muito tem contribuído para a preservação da identidade local.
A pernoita e a dormida foi feita no Restaurante Fojo dos Lobos.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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