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segunda-feira, 16 de maio de 2022

Trilhos seculares - O solitário Poço Azul

 


O título deste texto pode parecer estranho para quem conhece as andanças do Poço Azul nos dias do estio, mas a verdade é que neste dia de calor foi assim que o encontrei: solitário, sossegado, como uma mostra do verdadeiro paraíso que pode ser a Serra do Gerês em dias de Verão. Infelizmente, quase nunca o é...

Esta é uma curta, mas agradável caminhada que se pode fazer numa manhã ou então mais relaxados, numa tarde. Deixando o carro na zona do Arado, seguimos pela antiga estrada florestal que nos leva à Tribela passando pelo Curral da Malhadoura e pelo Curral dos Portos. Saindo do Sol, o passeio torna-se agradável e as fontes pelo caminho dão-nos a oportunidade de experimentar a frescura da água da montanha. 



Na Tribela, vamos encontrar um cruzamento mesmo junto ao antigo Curral de Tribela, há muito ocupado por uma casa particular. Aqui, voltamos à esquerda e por algumas centenas de metros vamos seguir o traçado da GR50 Grande Rota da Peneda-Gerês que desce nos Portelos de Rio Conho para a Ponte de Servas que nos permite a passagem do Rio Conho. Correndo apressadas, as águas do Rio Conho são translúcidas e ajudam a diminuir a sensação de um calor húmido que se instala por aquelas paragens. Por outro lado, um vento fresco trazia a tranquilidade nas zonas mais inclinadas.

Após passar a Ponte de Servas, o caminho leva-nos de volta à estrada florestal que vamos abandonar à esquerda uns metros mais adiante, adentrando-nos vale adentro tendo como fundo as magníficas Roca de Pias e Roca Negra. O carreiro acompanha uma levada e vai percorrendo a encosta da Carvalhosa, começando a descer para o rio, já muito perto do Poço Azul. Este, fica a pouca distância depois de atravessarmos para a margem direita. 


Depois da passagem pelo Poço Azul, seguimos o caminho junto à margem do Rio Conho que teremos de atravessar por mais duas vezes, até chegar ao Curral de Entre Águas. Aqui juntam-se as águas da Corga Giesteira e da Corga das Cerdeiras. Será pela Corga Giesteira que irei subir num dos carreiros mais incríveis que a Serra do Gerês nos tem para oferecer, permitindo ver a imensidão da Roca de Pias e das vertentes anexas. À medida que se sobe a paisagem vai-se transformando num cenário de grandes montanhas com a Quina do Meio a conseguir o seu lugar e mais acima deixando mostrar os cumes da Meda de Rocalva e da Roca Negra.

Chegando ao topo da subida pela Corga Giesteira, depara-se perante um incrível vale que se afunda desde o alto de Arrocela até ao Curral de Giesteira. Foi aqui onde surgiu o ribombar da trovoada que entretanto se havia formado para os lados de Braga e se encaminhou para a Serra do Gerês. Em pouco tempo, o céu que se pintava de azul tornou-se negro, cor de chumbo, e o vento soprava de forma intensa fazendo balancear as árvores e levantando as suas folhas. Em passo apressado, chegava-se ao Curral de Coriscada (Portelos) e começava-se a caminhar pelo caminho florestal que nos levaria, por entre coriscos e trovões, até às imediações do Curral de Malhadoura e pouco depois até ao ponto de partida.









Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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