Escrevo-vos este texto enquanto aguardo que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) termine a certificação da minha candidatura à marca Natural.pt que "...visa a promoção integrada do território, dos produtos e dos serviços existentes na Rede Nacional das Áreas Protegidas e na sua envolvente próxima e que com elas partilhem valores e princípios de sustentabilidade e valorização da natureza e dos recursos endógenos." Perceberam a nota? Ora, cá vai...
Todos nós tivemos conhecimento dos recentes casos relacionados com a caça ilegal de espécimenes de cabra-selvagem no território da nossa única área classificada como 'Parque Nacional', o Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Os casos, sim, no plural apesar do ICNF se «esquecer» de referir um abate registado a 13 de Novembro de 2021 e que foi atempadamente denunciado, mereceram uma cobertura por parte da comunicação social que serviu para alertar a população em geral para o que se passa não só na Peneda-Gerês (onde até se constrói uma vedação para supostamente se preservar a cabra-selvagem, mas que na realidade irá servir para levar os animais para outras áreas onde não há predador natural... espertos, não é?), mas também noutras áreas protegidas do nosso país.
A verdade, é que a protecção ambiental em Portugal foi sempre (SEMPRE!) um parente pobre de todos os Orçamentos de Estado, com as diferentes áreas protegidas a viverem de migalhas e a sofrerem sempre a intensa pressão dos mais variados quadrantes (mineiro, imobiliário, turístico, etc.). As nossas áreas protegidas, PNPG incluído, assemelham-se a janelas partidas nos quais os pedaços são colados com cola grude, com tudo o que isso implica para quem lá trabalha, sejam eles funcionários, técnicos, vigilantes da natureza, etc....
Os recentes casos ocorridos no Parque Nacional da Peneda-Gerês, juntamente com os recentes abates de lobos ocorridos no território, põem a nu as fragilidades da sua gestão geral. Reina um caos e no meio deste caos, em vez de se tornar medidas imediatas (já em finais de 2021) para que casos semelhantes voltassem a ocorrer, o ICNF parece ter desencadeado uma certa caça às bruxas para tentar saber a origem das fontes que denunciaram os casos. O resultado terá sido uma certa «caquinha na cueca», uma daquelas diarreias que assustam e depois ficam na memória como uma ardência no esfíncter para um se lembrar de manter a boca fechada.
Felizmente, há muitas netas e netos das bruxas...
Boas rui,
ResponderEliminarNão querendo dar o meu parecer sobre este assunto de forma negativa,(pois na verdade estou totalmente de acordo consigo) faço a seguinte questão que procuro resposta à muito: muitos dos lobos envenenados, ou mortos são mortos por pastores? Em 2020 fui de xertelo a lagoa e por lá conheci um dos vezeireiro de cabril. Ele próprio me disse que já tinham posto veneno em carcaças para acabar com alguns lobos que são muitos. Sei tambem que tem havido uma tentativa de mudança de mentalidade nas aldeias para que situações como esta não se voltem a repetir (caso do Lobo em particular não da cabra montes), como é o caso do trabalho de ulisses Pereira, no entanto continuam a acontecer. Seram apenas os pastores? Obrigado!
"Nenhum ser humano é capaz de esconder um segredo. Se a boca se cala, falam as pontas dos dedos"
ResponderEliminarSigmund Freud
Desconhecido, é pergunta para a qual não tenho resposta.
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