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quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Serra do Gerês - Da Portela de Leonte ao Borrageiro

 


A subida ao Alto do Borrageiro a partir da Portela de Leonte é um percurso que no total (ida e volta) conta com pouco mais de 8 km. No entanto, é um trajecto que nos oferece em cada estação do ano a verdadeira sensação de uma certa «conquista» da montanha... ou melhor, na verdade somos nós que somos conquistados por ela, em todo a sua pujança e beleza. Esta sensação é aumentada quando a caminhada é feita num dia invernal e onde parte da paisagem nos oferece já um manto branco.

Tal como a maioria dos percursos na geresiana serra, este começa logo a pôr à prova a nossa capacidade física e cardíaca. A subida vai-se fazendo lentamente num ziguezaguear constante Encosta do Morujal acima à medida que atrás de nós o imenso farol da serra, o Pé de Cabril, se vai afundando na paisagem. O caminho é duro e surpreende pela magnífica calçada que os povos serranos foram fazendo para facilitar a subida nos meses da vezeira. Uma calçada secular que se mantém nos nossos dias e que sem dúvida nos ajuda a ir superando o declive.

O caminho vai-nos levar a passar pela Chã do Carvalho e em breve chegamos a uma interessante varanda que nos permite um olhar sobre a Matas de Albergaria. Nos perenes dias de Outono, a paisagem - que se alarga até às alturas da Serra da Peneda no colosso de Anamão - é ainda mais espantosa com a variação de cores. São chegados os dias das cores outonais dos carvalhos que dão à Mata de Albergaria um tom de despedida para os dias de Inverno que aí se avizinham.

A Oeste as paredes alcantiladas do Pé de Cabril assumem-se aos céus num chamamento eterno que conquista e domínio de paisagem no topo de um vale que se vai abrindo até à albufeira da Barragem da Caniçada. O caminho vai continuar a subir, levando-nos ao Prado do Vidoal e mostrando-nos toda a personalidade da Serra do Gerês: o acastelamento paisagístico do Pé de Medela leva-nos a cenários de fantasia numa Terra Média ou por entre os Sete Reinos; os Carris de Maceira encimam e guardam o profundo vale junto da vertente dos Cântaros; a Roca d'Arte surge altiva com as suas paredes alcantiladas antevendo o Cabeço de Lavadouros. Toda a paisagem está já pintada com a neve que foi caindo na fria noite anterior, dando-lhe uma áurea de mais profundo mistério.

Envereda-se à sombra do Outeiro Moço e depois de passar pelo seculares teixos, chegamos já ao Colo da Preza que nos permite a visão do Vale de Teixeira. Os farrapos de neve vão-se acentuando e após mais uma dura subida, chegando à Chã da Fonte, a paisagem é toda ela Inverno em tons de branco e cinza, sincelos, mariolas adornadas de gelo e arbustos batidos pelo vento. O frio faz-se sentir por entre a roupa e o vento gelado encontra sempre um caminho através dos espaços abertos fazendo-nos lembrar que não estamos num sonho.

E continuamos a subir, passando a Fonte da Borrageirinha e o Arco do Borrageiro quase todo «pintado» de branco. O cume destino está já ali perto, mas é necessário ir-se vencendo as placas de gelo que se foram consolidando. A subida final foi feita por entre uma magnífica paisagem gelada e o topo presenteia-nos com uma paisagem gelada e um vento forte que nos estar pouco tempo no cume.

O regresso foi feito pelo mesmo trajecto.

Algumas fotografias do dia...







































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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