A caminhada na montanha traz-nos um prazer e um estado de espírito que só se torna compreensível a quem a pratica. Isto não quer dizer que quem por lá caminha se encontre num estado superior a quem não o faça... basta dar uma volta por alguns grupos no Facebook para que essa ideia peregrina caia por terra. No entanto, é quase indescritível o prazer que o acto proporciona.
Por outro lado, e no meu caso em particular, o prazer da caminhada de montanha torna-se mais profundo quando sei por onde ando, isto é, quando sei «dar o nome às coisas» que vou vendo e percorrendo. Ajuda-me a tentar (tentar!) perceber o porquê daquelas paragens. Por muitas vezes que tenha cruzado carreiros num determinado local, tudo se torna diferente quando sei como aquele local se designa.
A toponímia, e em especial a micro-toponímia, ajuda-nos a perceber a história dos lugares e, acima de tudo, a história dos que lá vivem (e viveram). Para mim, ir conhecendo a toponímia, procurando em velhos mapas e aprendendo com quem sabe, é um acto de valorização pessoal muito importante e que acrescenta algo de especial às caminhadas que faço.
Sei pouco e não espero saber tudo. No dia que pense que tudo sei, nada saberei... por certo!
Esta caminhada em solitário teve como objectivo aprender um pouco mais sobre a Corga dos Fitoiros Negros que se percorre entre a Chã de Pinheiro e o Vale de Teixeira. A corga deve o seu nome a um dos castelos graníticos que se elevam sobre a Corga de Giesteira. Assim, comecei a jornada no Arado e segui a estrada florestal ladeando os Cabeços de Junceda seguindo depois para o Sobreiral e Coriscada. Depois de passar o Curral de Coriscada, segui para Arrocela e daqui para a Chã de Pinheiro com o seu abrigo pastoril que tira proveito de uma pala.
A passagem para a Corga dos Fitoiros Negros está assinalada por mariolas e inicia-se uma descida para o fundo do vale. Aqui, entramos num interessante corredor que a Oeste termina no Vale de Teixeira e a Este se inicia na Eira Bonita. A Corga dos Fitoiros Negros esconde vários carreiros que dali saem tanto em direcção ao Vale de Teixeira, como um outro que irá merecer uma visita em breve e que sobe para a aresta que limita o Vale do Cando. Na zona, procurei várias opções e seria possível que em tempos idos se pudesse descer de forma confortável para a Corga de Arieiro, porém, actualmente torna-se um acto de bravura tentar vencer a vegetação de cobre as encostas da corga.
Assim, e depois de me maravilhar com «novas» perspectivas de paisagens conhecidas, segui em direcção ao Vale de Teixeira, passando pelo prado e seguindo em direcção aos Portelos de Teixeira, descendo depois para o Miradouro da Cascata do Arado e finalmente chegando, mais adiante, ao ponto de partida.
Ficou completo mais um bocadinho deste imenso puzzle...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
olá, já andei por aí de certeza e alguns desses noms não me são estranhos, mas de alguns nem ouvi falar. Tambem gosto de conhecer os locais pelos nomes e como quando comecei a caminhar pelo Gerês a tecnologia mais avançada que dispunha era o mapa e a bussúla completada com as indicações de um ou outro pastor que tinhamos dificuldade em descodificar fui obrigado a conhecer os nomes e gosto de identificar a topografia pela toponomia.
ResponderEliminarSuponho, ou tenho até a certeza, que a geração que começou a navegar pelo GPS não sabe os nomes e nem sequeer orientar-se, muitos só sabem seguir o trak e muitas das vezes de origem duvidosa.......
Bons passeios,
Félix Barbosa