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terça-feira, 23 de novembro de 2021

Serra do Gerês - Outeiro e o Fojo da Portela da Fairra

 


Uma tarde pelas terras de Outeiro caminhando pelo traçado da Grande Rota da Peneda-Gerês e pelo Trilho do Fojo da Portela da Fairra.

A tarde estava fria e um vento gélido soprava vindo dos lados de Pitões das Júnias onde o negrume das nuvens escuras tolhava o céu com poesias góticas. Saindo de Outeiro, e tomando a direcção da Portela da Fairra seguindo o traçado da GR50, desceu-se para as margens do Ribeiro de Rebordinho e passando pelo Casarelho, seguiu-se para o traçado do Trilho do Fojo da Portela da Fairra. O percurso leva-nos pelo vale do Ribeiro de Rebordinho por entre pastagens de serra pura e prados de pastoreio ladeado o Alto da Mulher Calça.

Chegando ao Fojo da Portela da Fairra recentemente limpo de vegetação, e que será brevemente intervencionado para a sua valorização como local visitável, vemos que se trata de um fojo de cabrita, ao contrário dos usuais fojos de paredes convergentes.

Os fojos são antigas estruturas de caça ao lobo que somente são encontradas na parte Norte da Península Ibérica e em especial no Norte de Portugal, Galiza e Astúrias. Existem dois tipos de fojos: os de paredes convergentes e 'de cabrita'. Estes últimos, distinguem-se dos primeiros pelo facto de serem compostos por um muro circular com uma única entrada de acesso para o lobo. No seu interior, era colocada uma cabra pequena que com os seus balidos atraia o lobo que era então abatido no interior.

Depois de passar pelo Fojo da Portela da Fairra, segue-se na direcção da Canda caminhando por um magnífico carvalhal nas margens da albufeira da Barragem de Paradela. Esta parte do percurso já é de novo partilhada com o traçado da Grande Rota da Peneda-Gerês e permite-nos observar uma velha silha e um belo exemplar de um tor. Este é um excelente exemplar deste tipo de formações geológicas que encontramos na região, resultado da ação de diferentes agentes, como a água, o vento, os fenómenos químicos e as diferenças de temperatura. Este tem a particularidade curiosa, pois apresenta vestígios de tentativa de destruição motivada por crenças populares, provavelmente associadas à mitologia celta.

Caminhando à vista da albufeira, passa-se novamente nas proximidades de Casarelhe, mas neste ponto decidi não seguir o traçado homologado e enveredei por entre velhos muros que delimitam pequenos campos de cultivo, decidindo então tornear um alto à vista de Outeiro que se designa por 'Malha', voltando mais adiante ao início do percurso em Outeiro.


























Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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