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quinta-feira, 17 de junho de 2021

Dias cinzentos à porta do Verão

 


O dia foi-se arrastando pesaroso e em tons de pesado chumbo. O mercúrio encolheu-se nos termómetros e os homens olhavam as vertentes anunciando a chuva que eventualmente chegaria em pesadas bátegas que inundaram a aldeia.

Um trovar de morte anuncia-se pelas sombras que irão chegar e a serra encrespela-se pelos uivos da noite. Um silêncio cai por detrás dos pesados pingos da chuva e a música vai-se ouvido sussurrando pelas paredes da casa.

Os gatos, esses escondem-se do vento frio que sopra das vertentes da serra vindo dos lados da Amarela. É um vento frio, de morte que anuncia a chegada da noite mais curta dentro de dias. Os gatos, esses não se interessam pelas contas das horas que passam, pesarosas arrastando-se pelo meu rosto.

E os dias passam como que rasgados de um calendário aprisionado numa velha moldura. São dias cinzentos à porta do Verão... espera-se pela longa noite.

Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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