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quarta-feira, 19 de maio de 2021

"Cipo gromático" romano descoberto na Mata de Albergaria

Felizmente, nas caminhadas que vou fazendo por esta Geresiana serra, tenho sempre em atenção a curiosidade normal de querer sempre (sempre) saber mais! Assim, acabo por estar mais atento (mesmo de forma inconsciente) a aspectos que podem passar despercebidos a quem caminha por estes carreiros seculares e transbordantes de História.

O melhor exemplo disto terá sido a minha descoberta das figuras rupestres de Absedo e, como é óbvio, a contribuição para a memória histórica das Minas dos Carris e o seu impacto na dinâmica do território nos anos da corrida ao volfrâmio.

Há umas semanas tive o prazer de descobrir restos de cerâmica romana tosca e de me intrigar com as construções de pedra solta que abundam por essas lajes graníticas em locais recônditos da Serra do Gerês. A emoção da descoberta é algo que me faz arrepiar e bater mais forte o coração. Pode ser um mero pedaço de cerâmica, um caco perdido por entre as fragas ou uma ferradura enferrujada, mas tudo isto terá a sua história, por muito insignificante que seja. Por outro lado, esteve nas mãos de alguém que viveu nestas montanhas e que foi parte delas durante a sua incógnita vida. A sua descoberta dá-me a oportunidade de tornar a sua vida mais valiosa e com significado.

A cerâmica romana foi entregue no Museu Etnográfico de Vilarinho das Furnas / Museu da Geira e talvez um dia tenha interesse para alguém ou então que seja um mero registo da presença romana neste território.

Mais recentemente, e na Milha XXXIII não muito longe da Ponte Feia, chamou-me a atenção um bloco granítico cilíndrico meio enterrado por entre a penedia. À primeira vista parecia ser apenas um bloco de cimento proveniente da Casa Abrigo do Académico F. Clube, mas um olhar mais atento revelou ser mesmo de granito. A sua forma cilíndrica e a proximidade dos miliários da Milha XXXIII levou, de forma já excitada, a dizer que se tratava de um pequeno marco miliário não catalogado.

Fotografei o marco e enviei para os Serviços de Cultura da Câmara Municipal de Terras de Bouro. De facto, não se trata de um marco miliário, mas sim de um "...marco que servia para o cadastro dos territórios (cipo gromatico)."




Dá-me um enorme prazer poder contribuir desta forma para a História deste território. O marco foi recolhido será agora colocado pelos serviços competentes no Museu da Geira, Campo do Gerês.

Assim, e tal como foi referido pelo Município de Terras de Bouro "dado a importância que a Geira tem em termos de património cultural e estando em marcha o processo para a integrar na Lista Indicativa de Portugal, todo o tipo de achado e descoberta é um passo na sua preservação e valorização."

É uma honra contribuir para que assim seja!

Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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