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quarta-feira, 17 de março de 2021

Trilhos seculares - As grandes jornadas Geresianas

 


Com os dias a ficarem «maiores» à medida que os dias se vão gastando no calendário, chega a época das grandes jornadas nas quais podemos ficar mais tempo na montanha ou então alongar um pouco mais os nossos percursos.

O meu objectivo nesta incursão na Serra do Gerês chegar ao Outeiro do Pássaro e ao Curral de Premoinho, este na continuação do percurso para atingir o primeiro. Assim, e com um despertar que não foi tão cedo quanto desejaria, enveredei pela familiar paisagem do Vale do Alto Homem que já tantas vezes percorri para atingir as Minas dos Carris. Este é um local que nos permite os grandes espaços, porém, o que tentava atingir iria proporcionar-me um horizonte no qual iria abarcar longas distâncias e perspectivas únicas. Não que fosse a primeira vez, mas não é um local onde usualmente costume ir.

A descrição da subida do Vale do Alto Homem pode ser lida com pormenor aqui. Assim, e após passar as Águas Chocasa, iniciei a subida em direcção ao marco triangulado de Lamas de Homem com a sua fantástica paisagem sobre o Curral das Abrótegas e o Curral de Cabanas Novas, permitindo já um vislumbre por entre a penedia das ruínas das Minas dos Carris tendo como pano de fundo o Pico da Nevosa e os píncaros dos Cornos da Fonte Fria. À nossa direita, em baixo, estão os vários Currais das Lamas de Homem, nomeadamente o Curral do Roquinha (designação atribuída a dois deles, tendo um deles um abrigo pastoril) e o Curral do Freiria. Ainda do marco triangulado vislumbram-se as alturas da Lage do Sino e da raia, bem como os currais no Couço e o Lago Marinho além de todos os altos do Gerês Ocidental.

Deixando o marco triangulado de Lamas de Homem para trás, dirigi-me então ao primeiro objectivo do dia: o Outeiro do Pássaro. Este é bem visível a partir do marco triangulado de Lamas de Homem pelo aparente pequeno marco geodésico no seu topo. Pelo caminho, passei pelo abandonado posto meteorológico e iniciei a subida final para os 1.482 metros do Outeiro do Pássaro. Este alto está sobranceiro aos Cocões do Coucelinho e a paisagem aqui complementa a visão que tinha anteriormente a partir do alto de Lamas de Homem. Aqui a Serra do Gerês adquire o estatuto dos grandes espaços e os adjectivos tornam-se menores para classificar o que os nossos olhos abarcam. Por entre outras paisagens Geresianas, aqui é o Gerês em toda a sua pujança. É nestas alturas onde a Serra Mãe enche os pulmões de ar e grita a sua beleza única e inigualável!

Na mesma plataforma granítica que nos permite ver o Curral dos Cocões do Coucelinho e os restantes currais do Couço encontra-se a Chã da Fonte (Outeiro do Pássaro, 1.481 metros) por onde se passa para baixar para o escondido Curral do Pássaro perto do qual está uma enigmática construção de pedra solta que, com a proximidade do alto de Cidadelhe e das figuras de Absedo, nos levam a pensar na sua origem. É um local a voltar para uma visita mais atenta às suas imediações!

Continuando a jornada passamos ao largo dos Currais de Cidadelhe e vamos contornar a Cabeça de Valongo, avistando já o titã Geresiano que é o colosso granítico de Borrageiros. O carreiro vai-nos levar agora a percorrer a parte superior da Corga de Valongo (ou Corrego Cambeiro) para chegarmos ao Curral de Premuinho, onde finalmente tive o merecido descanso e repasto, no segundo objectivo do dia. Ao longo das últimas horas, e apesar de caminhar sozinho, fui tendo a companhia de diferentes rebanhos de cabras-selvagens e estive sobre a vigia de um ou outro macho montês mais atento.

Com uma temperatura magnífica e a antecipar a Primavera, entrecortada por vezes por uma brisa fresca, continuei a caminhada passando pela Fonte de Premuinho. O caminho, de forma geral bem sinalizado e mariolado, levou-me a passar pelo Rendeiro já à vista da Vela Branca e vale de Fichinhas, tendo ao fundo os perfis do Iteiro d'Ovos, Meda de Rocalva e Roca Negra. Passando o Rendeiro, e passando a Água da Pala, chegava então aos Prados da Messe à sombra das Albas e depois a descida final pela Costa de Sabrosa ao fim de um pouco mais de 21 km.

Ficam algumas fotografias do dia...



































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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