As nuvens escuras faziam prever a chuva que acabaria por cair já no final da jornada que me levou entre as Rocas e o Curral de Pinhô.
Inicialmente seguindo o traçado da Grande Rota da Peneda-Gerês, passei pela tranquila aldeia de Ermida envolva no cheiro da roupa lavada pela manhã. As ruas desertas, apesar dos longínquos sons do trabalho nos campos, faziam relembrar os tempos que vivemos. Por vezes, e assim sem avisar, parecia que o silêncio cobria o dia e paisagem tornava-se, ela também, surda e silenciosa.
Seguindo as indicações do percurso fui-me desviando aqui e ali para ir visitar os belos miradouros que o engenho das gentes da Ermida foi criando: o Miradouro da Vela com as suas vistas para o Vale do Rio Arado e do Rio Fafião, e os Miradouros das Silhas que se precipita sobre as margens do Rio Arado.
Com a chuva do dia anterior e a humidade que se fazia sentir no ar, preocupava-me de certa forma o carreiro que vence a encosta depois da Ponte da Rajada. A Cascata da Rajada fazia-se ouvir à distância e debitava a água que se despenhava nas lagoas agora vazias e, de certa forma, tranquilas. Os meus receios acabariam por ser infundados e o carreiro apresentava-se livre de perigos, devendo-se sempre, naquelas passagens, tomar as precauções necessárias para que não se acabe com os costados no leito do Arado.
Continuando o meu já conhecido percurso, acabaria por fazer um pequeno desvio para passar pelo Curral das Cortes, voltando depois às marcações da GR e chegando à Tribela. Aqui, decidi seguir para o Curral de Pinhô seguindo o velho estradão, algo que nunca havia percorrido nos meus anos de Serra do Gerês. Finalmente, acabaria por ter o satisfatório repasto no Curral de Pinhô onde um vento frio se fazia sentir.
Uma pequena nota de saudação às pessoas que usando os abrigos, fornos ou cabanas, têm o cuidado de os limpar e de os deixar prontos com lenha para os próximos que possam vir; assim estava Pinhô. Sim, para muitos será difícil entender estas palavras, mas para quem vai usando estes refúgios e principalmente para os pastores, deverá ser gratificante encontrar e deixar estes lugares assim. Bem hajam!
Estava então a hora do regresso ao ponto de partida; seguindo o traçado do GR, desci à Ponte das Servas e em pouco estava na Tribela, seguindo depois pelo Curral dos Portos, Curral de Malhadoura e Arado, regressando ao ponto inicial a tempo de me abrigar da chuva que entretanto começara a cair copiosamente.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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