Para este dia tinha pensado num regresso ao distante Curral de Lagarinho nos domínios de Fafião, porém o Paulo Figueiredo deu uma ideia à qual não resisti: percorrer os escondidos carreiros que ligam o Portelo de Teixeira às alturas da Chã de Pinheiro!
O dia adivinhava-se limpo, ou quase, e a chuva do dia anterior era agora apenas uma memória que corria já nos ribeiros e riachos da Serra do Gerês, se bem que as pesadas nuvens matinais ainda fizeram franzir o sobrolho. No entanto, a chegada ao Arado foi já feita com céu azul, mas um vento frio...
A parte inicial do percurso leva-nos desde a Ponte do Arado às proximidades do Curral de Giesteira que ainda estava na sombra e na sombra iria continuar nestes dias onde o Sol tem preguiça de mais se erguer no horizonte. Depois de passar pelo Miradouro do Arado, é caminho acima, sempre, até chegarmos ao colo com a magnífica paisagem que nos enche os sentidos ao vermos o Vale de Teixeira que se estende até à Preza.
Chegados ao colo, e à nossa direita, surgem na pequena encosta as velhas mariolas que nos indicarão o caminho até à Chã de Pinheiro. Basicamente, estas mariolas marcavam a ligação entre o Prado de Teixeira e o Curral de Arrocela (havendo um outro trajecto que liga estes dois locais, mas que envereda ligeiramente pela extremidade da Corga de Areeiro seguindo depois até à Chã de Pinheiro). O percurso que seguimos borda a Corga de Giesteira pela sua margem direita, levando-nos a passar perto (ou pelo) marco triangulado de Portelo de Teixeira e a seguir pelo Curral do Azevinheiro onde encontraríamos uma pachorrenta manada de cavalos que ali descansava deitados a aproveitar o morno Sol d'Inverno.
Bem mariolado, o carreiro vai-nos levar a um alto quase «à sombra» da Arrocela que esconde o seu pequeno curral. A paisagem é magnífica e leva-nos a percorrer as serranias meias encobertas pela neblina matinal que ainda ia resistindo já com os topos de Rocalva e Roca Negra à vista. Seguindo caminho, ladeamos a Chã de Pinheiro, nosso objectivo, e prosseguimos em direcção ao Curral de Roca Negra à medida que o grande circo do Cando se ia abrindo aos nossos pés. Aqui, a paisagem é magnânime com a parede vertiginosa da Roca Negra a mergulhar em direcção à minúscula cabana do Curral do Cando encimada pelo domo da Meda de Rocalva; um cenário só possível nas montanhas que são majestosas!
O frio da noite anterior materializou-se nos resquícios de neve que ainda eram visíveis espalhados pelo chão e nas pedras do velho forno pastoril do Curral de Roca Negra, talvez um prenúncio dos dias frios que ainda hão-de vir. Com a paisagem a arrastar-se para os limites de Trás-os-Montes, descemos então para o Curral de Rocalva para um merecido descanso.
O regresso far-se-ia seguindo parte do Trilho da Vezeira de Fafião passando pelo Curral de Videirinho, Estreito, Curral de Pradolã, Pousada e logo a seguir flectindo à direita e seguindo por Pinhô, Ponte de Servas, Tribela, Curral de Portos e Malhadoura, antes de terminarmos a jornada de volta ao Arado.
Lagarinho fica para breve!
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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