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segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Trilhos seculares - Entre Lagoa e Cabril por Taboucinhas


De novo os velhos caminhos da serra serviram para esta caminhada entre Lagoa e Cabril, com uma passagem por Taboucinhas num dia quente de Outono com o Gerês então a necessitar urgentemente de água que eventualmente acabaria por chegar nos dias seguintes.

A jornada entre a paisagem tranquila de Lagoa e o burburinho agrícola de Cabril fez-se tomando o carreiro de pé-posto a passar por Lajas de Lagoa seguindo depois pelo Couçadoiro, Curral do Carvalho, Teixinhal, Penedo do Encosto, Porto Tapado, Porta Fernandes e Taboucinhas.

Taboucinhas guarda a história do "Ti" Secundino aqui contada pelo Ulisses Pereira: Na verdade ninguém sabe dizer de onde veio o "Ti" Secundino, apesar de ainda existir muita gente que o conheceu. Dizem que apareceu em Cabril com uma filha, pois antigamente aparecia assim muita gente que ficava a dormir nos palheiros. Havia muitos pobres, muita gente a fazer esse modo de vida. Ninguém sabia qual era a terra dele, alguns dizem que era de Cabeceiras, outros de Fafe e ainda aqueles que afirmam que era de Celorico. Veio para Cabril como resineiro e acabou por ficar, fixando residência no lugar de Cavalos, no sítio da Balteira e por lá ficou, até que teve a possibilidade de comprar uma parcela de terreno a comissão fabriqueira de Cabril. Porém, o que o pedaço de terreno era muito longe das aldeias, demasiado longe, e estava localizado em Taboucinhas, mesmo no começo da serra. Isso não o desanimou o "Ti" Secundino, que murou o pedaço de terreno, cavou, lavrou, procurou água, fez duas poças, construiu casa.

O homem passou a morar em Taboucinhas, cultivava batatas e milho à época, couves, vinho, tinha árvores de fruto, chegou a criar porcos e galinhas. Apesar de ter a residência na aldeia de Cavalos, o "Ti" Secundino e o seu burro, só desciam quando as condições eram muito adversas.

Com a morte do "Ti" Secundino, tudo em Taboucinhas e na sua "mini" branda morreu. A casa acabou por arder, restam as paredes. As cerejeiras caíram, as vides morreram, as couves e as batatas deram lugar a silvas e tojos e fetos, sinais do tempo.

De Taboucinhas faz-se a descida vertiginosa para Cabril por entre medronheiros e uma paisagem marcada pela Surreira do Meio-Dia.

(Um agradecimento ao Ulisses Pereira pela ajuda com a toponímia)

Algumas imagens do dia...































Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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