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quinta-feira, 20 de junho de 2019

A novela das águas


Como é do conhecimento público, pela primeira vez em mais de cem anos, as termas do Gerês não entraram em funcionamento na data prevista (1 de Maio).

A concessionária das águas afixou no local um comunicado a dar conhecimento do triste facto e a indicar as razões do mesmo.

Tal facto criou, como é óbvio, algum alarme social numa terra cuja economia é sustentada essencialmente nas actividades do turismo, da hotelaria, das termas, da restauração e do comércio.

Os empresários destas actividades tinham programado o início da sua actividade para o dia 1 de Maio, tendo inclusivamente contratado os seus trabalhadores e ficaram de mãos atadas (como é vulgo dizer) ao tomar conhecimento da não abertura das termas no dia 1 de Maio.

Naturalmente, porque as razões ou causas da não abertura no dia 1/5 talvez não tenham sido totalmente explicadas, a especulação à volta do caso explodiu e alastrou intra-muros e até extra muros.

E dia após dia o descontentamento popular foi aumentando.

Os empresários locais começaram a fazer contas aos prejuízos.

Os trabalhadores reclamam descontos para a Segurança Social que lhes garanta o período mínimo de garantia (seis meses) para no final dos contratos poderem usufruir das prestações de desemprego.

Entrementes algumas reuniões (restritivas, acusaram alguns) entre a concessionária das águas e alguns empresários empresários foram realizadas, sem resultado.

A Câmara de Terras de Bouro aparece em cena a fazer a sua obrigação, iniciando diligências no sentido de conseguir o mais rápido possível a abertura das termas. E para o efeito ruma à capital. Aí, participa numa reunião com a entidade competente para desbloquear o imbróglio. Nessa reunião, diz-se, foi aconselhada a rezar pela entidade competente, se queria a abertura das termas.

Um clamor público ao São Bento? E porque não a Santa Eufémia que é a entidade divina mais próximo da nascente das águas?

Finalmente, é anunciada a data de abertura das termas, ainda que parcial (10 de Junho).

A quem deve ser dado o mérito da abertura? A alguma entidade divina? Claro que não.

O aproveitamento e adulação política inundaram a petite villlage.

No dia 13 de Junho, já com a buvette a funcionar, foi realizada uma reunião alargada com a presença da concessionária, da Câmara e de convidados. Convidados que esperavam tomar finalmente conhecimento do que efectivamente se passara ou estava a passar.

Pois bem, se os convidados não sabiam e queriam saber o que se tinha passado ou estava a passar, ficaram a saber a mesma coisa, NADA.

E mais, foi dado a entender aos presentes que, no interesse geral o assunto devia continuar tabu.
Nem mesmo à lei da bala deveria vir para a praça pública.

Sendo assim, pergunta-se: Então a causa da não abertura das termas no dia 1 de Maio está, ou não, explicitada no comunicado da concessionária que esteve afixado na buvette?

Ou será que "Afinal havia outra" como na canção da Mónica Sintra?

Caríssimos, a verdade é una, absoluta, uma só como diz o povo. Mais tarde ou mais cedo tudo se saberá. E então, será a altura de apurar responsabilidades.

Texto de Álvaro José Pontes Oliveira

Fotografia: O Amarense

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