Com a pomposa designação de "I Jornadas Internacionais sobre Sustentabilidade Económica dos Espaços Ordenados e Protegidos", previstas para 13 e 14 de Abril de 2019 em Arcos de Valdevez, foram em boa hora suspensas devido à acção e luta daqueles que verdadeiramente se preocupam com a Natureza e com as nossas áreas protegidas.
Segundo os seus organizadores, "as jornadas (com a presença confirmada de dois membros do Governo português e um da Junta da Galiza, e a participação de personalidades de referência nacionais e estrangeiras) destinavam-se a reflectir sobre a forma como países e culturas diferentes conjugam nesses espaços (normalmente territórios deprimidos e de baixa densidade) a preservação dos habitats naturais e dos ecossistemas com a gestão dos recursos naturais, e influenciam as condições de vida das populações neles residentes." Como em tanto texto se tenta dar palha aos mais incautos, dando a ideia de uma preocupação relativamente ao que denominam de "territórios deprimidos" e tentando desde já associar-se à "preservação dos habitats naturais e dos ecossistemas com a gestão dos recursos naturais." Ora, o que a esta gente verdadeiramente interessa é a criação de zonas onde possam matar! Não é a presença desta gente que irá constituir um anti-depressivo para estes territórios e tão a aclamada repovoação e preservação por eles preconizada só tem como único objectivo a criação de indivíduos que mais tarde irão constituir alvos a abater por estes marialvas.
Continuemos...
"Um dos aspectos sectoriais da discussão seria naturalmente o da gestão dos recursos faunísticos, dos quais o mais emblemático no PNPG é, desde há 20 anos, uma população de cabras-monteses (Capra pyrenaica victoriae) proveniente do transfronteiriço Parque Natural Baixa Límia-Serra do Xurés (PNBLSX), na Galiza.
Censos recentes apontam para um efectivo superior a 700 indivíduos, que dentro de três anos rondará o milhar. Isto é muito bom, mas porá um dia problemas sérios relacionados com os limites da capacidade de carga dos ecossistemas e da disponibilidade alimentar dos seus habitats, e com a preservação da sanidade animal: se nada for feito para gerir cientificamente o excesso da população, surgirão doenças graves, extensíveis a cabras domésticas e outras espécies domésticas e selvagens, e prejuízos importantes ao nível da agricultura e dos valores naturais do PNPG (e.g. espécies de flora endémicas ameaçadas), enquanto o inevitável furtivismo se encarregará de roubar aos habitantes do PNPG uma riqueza que lhes pertence."
É tão bonito e parece tão inteligente apontar todos estes males para o aumento da população da cabra-selvagem. No entanto, é intelectualmente estúpido deixar fora a própria Natureza. Para esta gente não interessa de forma alguma dar tempo para que a Natureza e o ambiente se equilibrem, e eles perfilam-se desde logo como os arautos da conservação e da preservação do PNPG. O caçador é o herói que finalmente vai salvar o Parque Nacional!!!... Quem extinguiu a cabra-selvagem no Século XIX?... devem ter sido as bexigas!
Nota curiosa para o piscar de olho aos habitantes do PNPG... Uuuuuh, os amigos deles, que eles tanto gostam de chamar 'furtivos' (mas que são caçadores!), irão dizimar e roubar tudo aos pobres habitantes da Peneda-Gerês! Vai ser a pobreza generalizada, o caos, o drama... o horror!
"Do lado de lá da fronteira, no PNBLSX, a caça é permitida a todas as espécies, incluindo à cabra-montês. Do lado de cá, no PNPG, a caça não é proibida, mas a cabra-montês não se pode caçar por ainda ser considerada em Portugal uma espécie “criticamente em perigo”, embora felizmente os últimos censos evidenciem realidade diferente. As 23 associações de caçadores portugueses do PNPG e as cinco espanholas do PNBLSX estão na primeira linha da defesa responsável da biodiversidade."
Esperem que vou só ali a um canto rir... volto já!!
"Nenhum outro instrumento de gestão é mais eficaz para manter a proporcionalidade desejável entre machos e fêmeas e entre adultos e juvenis, ou para eliminar selectivamente os indivíduos fenotípica e/ou genotipicamente indesejáveis." Hummmm, os seus predadores naturais não tratam disso? Ah, é concorrência à vossa ganância...
"Nenhuma outra actividade gera mais valor nesses territórios deprimidos e melhora tão significativamente as condições de vida dos seus habitantes, graças às receitas do turismo cinegético e às contrapartidas económicas pela eliminação selectiva dos exemplares terminais cujos troféus são valorizados em 10.000 euros em Espanha (Capra hispanica) e na Turquia (ibex bezoar), e em 250.000€ no Tajiquistão (markhor)." Isso, acenem com as notas porque é a única forma que vocês têm de ultrapassar uma coisa que vos é difícil de explicar... empatia! Com a caça à cabra-selvagem toda a gente será feliz e rica no deprimido PNPG! Vocês, os arautos da conservação da Natureza e da selecção dos animais mais fracos, irão proporcionar a solução para todos os problemas do território.
"Mas irromperam a (má) política e comportamentos censuráveis. A discussão serena de factos e argumentos não interessou a um grupo animalista radical, que decidiu utilizar as redes sociais para criar localmente um clima de tensão social, exacerbado pela convocação de manifestações e pelo exercício de pressões intimidatórias sobre populações e autarcas, manipulando demagogicamente a realidade — o populismo antidemocrático em todo o seu esplendor.
Mais grave ainda, decidiu instrumentalizar o debate quinzenal na Assembleia da República com a cumplicidade do único deputado de um partido ultraminoritário que — tomando as dores desse grupo, distorcendo sem pudor a verdade e lançando um grotesco anátema sobre os caçadores — exigiu publicamente do primeiro-ministro que exercesse a censura sobre as jornadas impedindo a presença dos dois membros do Governo anunciados. O primeiro-ministro respondeu-lhe que nenhum membro do Governo estaria presente."
Comportamentos censuráveis são a utilização de técnicas bárbaras de caça por vossa parte e a utilização de argumentação falsa para tentarem convencer as populações de que terão a solução para todos os seus problemas com a implementação da caça à cabra-selvagem. Comportamentos censuráveis têm vocês ao tentar comprar as populações acenando-lhes com as notas de euro e afirmando a sua qualidade de vida irá melhorar com a caça à cabra-selvagem. Comportamentos censuráveis têm vocês quando fazem as vossas caçadas em países do terceiro mundo, tirando partido da miséria humana aí existente!
O partido ultraminoritário a que se referem foi eleito democraticamente pelos Portugueses e Portuguesas para estar representado na Assembleia da República e juntamente com outros partidos ali não representados, representa a vanguarda de uma sociedade mais Humana que está para além da vossa compreensão.
"Face a esta resposta e às atitudes dos que ao diálogo preferem os tumultos televisionados na rua, para eles provas de vida política mais valiosas do que a força da razão, e perante os (maus) sinais, aos mais diversos níveis, de fragilidade da nossa democracia perante as tentativas de imposição da ditadura do “politicamente correcto” por parte de aprendizes de “reizinhos” que vão nus, mas a quem os que deviam não têm a coragem de lhes dizer que o vão, as jornadas foram suspensas — mas hão-de ser realizadas.
Não confundimos o grupo em causa com outros movimentos genuinamente ambientalistas. Destes podemos discordar mutuamente, claro, mas sabemos ouvir-nos e sabemos respeitar-nos; e até sabemos que somos incontornáveis aliados, dialecticamente indispensáveis numa estratégia comum de conservação da natureza e da biodiversidade."
Continuarão a ter a oposição dos milhares que se indignaram que vossa tentativa cobarde e às escondidas de legitimar a caça à cabra-selvagem e não é a vossa tentativa de vitimização ao escrever este inacreditável artigo de opinião que não muda um milímetro a posição de quem se opõe à barbárie por dinheiro.
"Tal como qualquer outro fim em democracia, a protecção dos animais selvagens não pode ser contaminada por preconceitos ou ideologias, nem deve utilizar a arruaça como meio, a intolerância como regra, a inverdade científica como padrão e a arrogância como atitude."
A protecção dos animais selvagens pode e deve ter como base princípios ideológicos que os defendam do marialvismo bacoco e ultrapassado. Dizem bem quando sublinham que a "...cultura sobre a caça também tem de mudar..." Pois tem, tem mudar acabando de vez, pois não tem lugar numa sociedade moderna do Século XXI. E não adianta criar artificialismos infantis de uma luta entre aquilo que vocês tão habilmente gostam de chamar de "mundo rural" contra a "urbe moderna".
De quem está deste lado da barricada, nunca desistiremos da preservação da natureza como ideal, da ciência como suporte, da Natureza auto-sustentável como ferramenta, do diálogo como ferramenta de ensino àqueles que por vós são iludidos e enganados, dos outros como parceiros, da Verdade como referência e da democracia como modelo de um mundo melhor e livre de carrascos que vêm os animais como instrumentos de gozo e prazer sádico.
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