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sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

O comboio no Gerês - Um sonho do futuro ou uma memória do passado?


Hoje recordei-me deste texto que publiquei aqui no blogue pela primeira vez a 16 de Julho de 2014 e que vale a pena relembrar.

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Há já vários anos que tinha ouvido falar sobre o projecto de haver um ramal de caminho-de-ferro que saindo de Braga se ligaria às Caldas do Gerês.

De facto, existiu um projecto semelhante, que ligaria Braga às Caldas do Gerês e a Montalegre, com a linha a passar nas faldas da serra geresiana.

Com a edição do livro "Os eléctricos em Braga (1914 - 1963)" da autoria de Joaquim da Silva Gomes, voltou de novo a curiosidade de saber mais sobre este projecto ferroviário. Num país que abandonou uma grande parte das suas linhas ferroviárias a favor das auto-estradas e do volátil preço do petróleo, o projecto de desenvolvimento de uma extensa rede ferroviária em finais do Século XIX, surge quase como uma visão futurista de uma sociedade mais avançada que vencendo os lobbies do petróleo, teria desenvolvido uma rede mais economicamente eficaz e ambientalmente avançada. Porém, falo de um projecto do Século XIX e não de uma intenção de uma governação em prol do país que se queria no Século XXI. Há quem lhe chame 'progresso'...

Contactado o autor d'"Os eléctricos em Braga" sobre a questão da existência de um projecto para a construção de tal linha férrea, este indicou-me o livro "Braga e os caminhos-de-ferro", também de sua autoria, onde estariam referidos alguns dados sobre o que certamente seria uma memorável viagem entre Braga e Montalegre.

Então, sobre este projecto, Joaquim da Silva Gomes refere "Alguns dados curiosos desta proposta de lei são as linhas consideradas de segunda categoria. Estas eram linhas de via estreita que, ou estavam a ser construídas, ou estavam em vias de o ser. De entre elas, há a destacar as linhas de Bougado a Guimarães, (...), estando em Fevereiro de 1879 já construídos sete quilómetros; as linhas do Vale do Lima, que ligariam Viana do castelo, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Lindoso, num total de sessenta quilómetros, e ainda uma outra linha, a designada "Valle do Cavado", que ligaria Braga, Caldas do Gerês e Montalegre, num total de setenta quilómetros."

Sendo este um projecto do próprio governo, era justificado "(...) com os cerca de 118 habitantes por quilómetro quadrado dos concelhos de Póvoa de Lanhoso, Terras de Bouro e Vieira do Minho, e ainda os cerca de 24 habitantes por quilómetro quadrado correspondentes ao concelho de Montalegre. Esta linha servirá ainda '...as Caldas do Gerez, notaveis pela abundancia do seu manancial e elevada temperatura das suas aguas, podendo com a facilidade de communicações tornar-se um estabelecimento importante.'"

Sem dúvida, a linha de comboio entre Braga e as Caldas do Gerês seria um projecto memorável e tornar-se-ia, a par da defunta Linha do Tua, um dos trajectos de via férrea de montanha mais interessantes da Europa.

Fotografia retirada do blogue Monumentos Desaparecidos (visitado a 16 de Fevereiro de 2018)

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