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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

O IVº Magusto Celta de Pitões das Júnias


Teve lugar a 11 de Novembro, a IVª edição do Magusto Celta de Pitões das Júnias que juntou naquela pequena aldeia Transmontana centenas de pessoas.

O programa de 2017 do Magusto Celta teve a sua abertura com a apresentação do livro "Sombras na noite",do autor Rui Barbosa, seguindo-se o Baptismo Celta Galego (utilizando nomes Celtas) e a entrega de fitas da Sorte (este ano com a cor azul).


Finalizada esta cerimónia, procedeu-se à apresentação do filme de etnografia da Raia Galego Portuguesa “Em companhia da morte ou mulheres da Raia”, apresentado por Eduardo Sanches Maragoto, Presidente da Associação Galega da Língua (AGAL).



Os visitantes concentraram-se depois no Largo do Eiró para assistir ao Pregão do Magusto e à despedida do Verão, seguindo-se o Magusto convívio com animação a dos Gateiros de Pitões.

Neste dia a aldeia de Pitões das Júnias teve aceso o seu forno comunitário para a cozedura de pão num evento que é raro e que acontece por altura de ocasiões festivas na aldeia.


Esta é uma festividade, que noutros países onde a cultura Celta permanece viva, recebe a designação de Samhain (Irlanda), Samhuinn (Escócia), Hop tu Naa (Ilha de Man), Calan Gaeaf (País de Gales), Kalan Gwav (Cornualha) e Kalan Goañv (Escócia), tendo vínculos entre todas as variantes atlânticas da festividade.

Um dos pontos altos, para além do convívio entre todos, é a queima do Velho Sol, que simboliza o ano velho. A queima é feita ao lado de dois cráneos de vacas barrosãs que simbolizam a prosperidade de uma sociedade que vive, de entre outras coisas, da criação de gado.



No blogue Desperta do teu Sono é referido por David Outeiro, que "Durante as datas ao redor do 1 de Novembro, os celtas acudiam a celebração duma das grandes óenach. Este tipo de festejos consistiam em grandes assembleias religiosas, políticas e rituais que tinham lugar num território fronteiriço e com presença de tumbas. É por isso habitual que nos territórios de celebração haja grande quantidade de túmulos megalíticos posto que para os celtas era necessário lembrar os devanceiros e recriarem as façanhas dos tempos míticos nos que teve lugar a génese do seu povo. Como não podia ser doutro jeito, na Galiza contamos com muitas evidências da celebração deste tipo de festejos por causa da existência de múltiplos encraves que cumprem ditas características. Também existem epígrafes que mostram esta tradição, tal é caso de "Coso Oenaego". Acreditava-se que neste tempo e nestes lugares, o mundo do Sidh, o Além irlandês é que se abria. Esta abertura permitia que os espíritos que habitavam o mundo inferior, o dos túmulos, saíssem ao exterior e pudessem interagir com o mundo dos vivos. Na Galiza temos o seu equivalente no mundo da Mouramia, o mundo inferior dos mouros. Tal e como apontamos noutro artigo, o termo que designa a esta mágica gente, poderia provir da voz celta MWROS que designa aos mortos.

(...)







A celebração herdeira do Sámonios na Galiza é o Magosto ou Magusto. Com respeito a presença do termo Sámonios na antiga Galiza, Tomás Rodríguez comenta:

'Assim e tudo convêm saber que na Galiza temos o topónimo do mosteiro de Samos, antigo "Sámanos" (documentado), que segundo os filólogos provém do céltico e significa "reunião, junta de gentes, assembleia". Tem a mesma raiz que Samhain ou que o galo Sámonios (documentado no
Calendário de Coligny), que se refere ao mês no que começa a metade escura do ano, quando as portas estão abertas para mortos e vivos, que se misturam numa grande festa documentada ainda nos séculos iniciais do cristianismo medieval, e cristianizada como Todos-Os-Santos e Fieis Defuntos'

Segundo afirma o Tomás, o termo Sámanos podemo-lo achar em documentos do ano 785 em Samos: /"monasterii samonensis"//, //"ad dominos de casa de Sámanos"/entre outros. Estadata pagã seria cristianizada, portanto, com o nome de Todos-Os-Santos (1 de novembro) no S IX e o dia seguinte no S XII como Dia de Defuntos. A pesar disto, na Galiza sobreviveu com o nome profano de Magosto. O José Manuel Barbosa num artigo por ele publicado em 2004 diz ao respeito do termo:

'Ao nome de Magusto têm-se-lhe dado várias origens etimológicas. Dentre elas a de “MAGNUS USTUS” que vem significar algo assim como “grande fogueira”, donde MAGNUS é grande e USTUS, queimado, ardido, em particípio passado do verbo “Uro”, arder, queimar. Pode ter umha certa lógica mas nós quereríamos propor outra desde aqui que tem a ver com as palavras “MAGUS” feiticeiro, bruxo, mago e “USTUS”. A maioria das palavras em galego-português provêm do acusativo latino que neste caso seria “MAGUM USTUM” donde seria mais fácil explicar a deriva para “Magusto”, e mesmo em dativo “MAGO USTO” literalmente “…ao ou para o mago queimado”.










Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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