A transumância na região do Parque Nacional da Peneda - Gerês, regista-se em todas as serras deste conjunto, Serra do Gerês, Serra Amarela, Serra do Soajo e Serra da Peneda.
Os gados (caprino, lanigero e bovino) seguem os trilhos estreitos e muitas vezes murados, sem entrar nos campos de cultivo, desta forma eram protegidos os campos da voracidade dos animais.
Hoje em dia encontram-se muitos vestígios deste tipo de organização agro-pastoril que caracterizou a vida nas regiões montanhosas até ao século XX relacionado com a migração animal, pois desde tempos imemoriais que o homem soube aproveitar essas migrações. É muito provável que o carácter nómada de muitas tribos desde eras pré-históricas reflicta as movimentações da flora mais procurada em termos alimentares, entre os grandes mamíferos herbívoros.
Os abrigos são graníticos construídos com grandes pedras em círculo que vai diminuindo de diâmetro da base para o topo, terminando em cúpula. Destinam-se ao pastoreio de rebanhos, os abrigos são um aproveitamento simples das pastagens de altitude, são abrigos com séculos de existência.
A cabana da vezeira das cabras da Terra Brava, terra inóspita e conhecida pelo sítio das víboras, tal é a abundância deste réptil, serviu desde sempre a Vezeira e o vezeireiro do gado caprino dos lugares de Chelo e S. Lourenço. Era a primeira vezeira a sair depois de um rigoroso inverno em direcção à serra, as cabras pernoitavam no poio de Penacalva, lugar de só uma entrada e saída, ficando assim os animais mais protegidos dos ataques dos lobos e outros predadores, enquanto que o vezeireiro ficava num ponto mais alto, neste caso na cabana da rês da Terra Brava onde dormia e cozinhava e a cima de tudo ficava de constante vigilância aos seus animais.
Texto e fotografias de Ulisses Pereira (Todos os direitos reservados)
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