Acto Primeiro
Onde o silêncio se move com cada animal
Por entre os passos mais ou menos cadenciados do percurso que nos leva ao alto da montanha, mesmo em grupo caminhamos em silêncio na profunda contemplação do nosso interior em perfeita sintonia quântica com os elementos que nos rodeiam. Nas cristas serranas procuramos como que a figura fugidia que algo que nos faça exclamar sem preconceito perante tamanha beleza.
O por entre o estranho fenómeno que transforma a luz nos estímulos visuais, tratamos a paisagem como algo imutável. Ao lado, sempre ao lado da jornada sobre o granito, o rugido do rio envolve-nos como uma mortalha de reflexos argenteos e o vento que se levanta percorre a pela suada pelo esforço. É como dizer adeus ao que deixamos para trás a cada passo em frente em direcção ao ponto mais alto.
Acto Segundo
Abre-te e conta-me os teus segredos
Abre-te e conta-me os teus segredos no mesmo momento que contemplas a imensidão do vale à sombra do colosso granítico. Perante ti,uma exposição do teu ser, estão os segredos encontrados dentro da sabedoria, mas que nenhum homem deve aprender. Uma cascata de fragmentos da vida despenha-se por entre as paredes alcantiladas de granito. O teu olhar é a janela aberta para a imensidão da tua tristeza.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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