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sábado, 2 de setembro de 2017

Minas dos Carris - um pedaço de história


Sete anos depois do pedido de reconhecimento da mina do Salto do Lobo como uma mina de molibdénio (O pedido de reconhecimento foi feito a 22 de Maio de 1944), a 13 de Setembro de 1951 este reconhecimento tem finalmente lugar por despacho exarado por parte do Engenheiro Chefe da Circunscrição Mineira do Norte. A 22 de Novembro de 1951 a Sociedade das Minas do Gerez é questionada se pretende continuar com o processo de reconhecimento da concessão como uma exploração de molibdénio. A resposta afirmativa por parte da sociedade só é dado a 12 de Março de 1952, sendo esta exploração autorizada pelo Governo a 11 de Agosto. Porém, o despacho ministerial só é emitido a 5 de Setembro de 1952, com o texto a ser lavrado a 27 de Setembro e finalmente publicado em Diário de Governo a 6 de Outubro de 1952 (Diário do Governo n.º 236 IIIª Série, de 6 de Outubro de 1952, página 2025). A 15 de Setembro é solicitado o envio do alvará n.º 4713 e a quantia de 175$00 (100$00 para despesas de publicação do Diário do Governo e 75$00 para selos devidos pelo averbamento). O alvará e o respectivo pagamento são enviados pela Sociedade a 19 de Setembro. O alvará será devolvido devidamente averbado (O averbamento é escrito a 9 de Dezembro de 1952) a 10 de Novembro. Esta autorização também se refere à concessão da Lamalonga n.º 1 (cuja exploração havia sido solicitada pela Sociedade das Minas do Gerês a 25 de Julho de 1952).

Com a transição das concessões mineiras para a Sociedade das Minas do Gerez, todas estas concessões irão ser alvo de novas remarcações. Uma brigada da Circunscrição Mineira do Norte visita o complexo mineiro a 25 de Junho a caminho da concessão do Castanheiro onde irá fazer novo reconhecimento da mina para que esta seja convertida em concessão definitiva. O respectivo relatório de reconhecimento dá-nos uma ideia do estado da concessão mineira naquela altura num texto que quase roça a prosa poética: “Está-se em plenas alturas geresianas, a altitudes entre 1250 e 1400 metros da nossa serra mais rude e áspera. Granitos em caprichosos e gigantescos afloramentos sucedem-se numa avalanche de múltiplas e variadíssimas feições topográficas, com ascendência característica da serra para as profundas e íngremes ladeiras, encaixando tortuosos ribeirinhos, separados por altos picos. Por toda a parte uma vastidão de fantásticos blocos rochosos ora irregularmente distribuídos por altos e ladeiras, ora como que metodicamente sobrepostos simulando ciclópicos muros de insuperável protecção a baixios, por onde irrequietas e velozes águas se escapam a caminho de sossegadas regiões. Quando a erosão forçou à deposição de espessos depósitos nos baixios, constituem-se o que lá chamam ‘lamas’, troço de terreno relativamente rico apesar das péssimas condições climatéricas locais (extremamente frio, com neves mais ou menos duradouras). A este conjunto acrescente-se o imenso e profundo silêncio da inactividade, da quasi total esterilidade nestas alturas onde em extensas áreas não existe uma árvore nem se vê uma ave. Paira o nada, mas numa leveza e subtilidade tais, que não nos suscita impressão de pequenez ou insignificância, pelo contrário, a paisagem é tão bela no seu conjunto, esbatido em profundas extensões, que nos dá a impressão de estarmos num maravilhoso (embota tosco) pedestal, dominando, em soberbo miradouro, este cantinho de Portugal.”

Este relatório refere que a lavra da mina do Castanheiro foi reduzida e nitidamente irregular, sendo realizada a céu aberto e constituídos por cortes e pequenos poços. A parte aluvionar foi mais intensamente explorada, mas devido à desorganização dos trabalhos pensava-se na altura ainda existir bastante minério perdido em áreas tidas por exploradas e noutras dadas como sem valor. O relatório é finalizado, dando luz verde para uma concessão definitiva mantendo-se o plano de lavra para a concessão provisória que havia sido anteriormente aprovado. O alvará de concessão n.º 4993 foi publicado no Diário do Governo a 20 de Dezembro de 1952 .

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