Um artigo de opinião de Paula Ferreira.
Julho foi o segundo mais quente desde 1931. Curiosamente, ou não, há razões para isso, a área ardida é das mais baixas da última década. Boas notícias. Aparentemente, sim. Todavia, a realidade não é animadora. À força de centenas e centenas de hectares ardidos, ao longo das últimas décadas em Portugal, as chamas banalizaram-se. Se é mato, pouca importância tem.
Não é verdade. Com a classificação de mato, ardem dezenas de hectares de floresta. Ontem, na freguesia da Gavieira, no coração do Parque Nacional da Peneda-Gerês, "ardia mato", segundo a página da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Na mesma zona, quinta-feira à noite, deflagrou um outro incêndio, no Ramiscal, zona de reserva integral do Parque Nacional. O mato de que fala a Proteção Civil são afinal carvalhos-alvarinho e azevinhos... e habitat de corços, lobos, gatos-bravos, entre outras espécies que deviam estar protegidas. As zonas mais importantes em termos de biodiversidade no Parque Nacional, como é evidente, são de difícil acesso, mesmo para os meios dos bombeiros. Muitas vezes, apenas é possível chegar a pé ao local onde lavram as chamas. Mas na última década, pelo menos, é a segunda vez que o fogo ataca o Ramiscal.
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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