Há uns anos atrás fiz um percurso pela Serra do Gerês que me ficou na memória como proporcionando das paisagens mais deslumbrantes. Gostava de o repetir, mas desta vez no sentido inverso.
A jornada do dia que se antevia quente começou na Chã de Suzana seguindo o estradão em direcção do Ribeiro do Penedo. Antes deste cruzar com o estradão, toma-se um carreiro que nos leva até perto da Cabana do Pinhedo e aqui atravessamos o ribeiro para a sua margem direita. Nesta altura, e não descortinando o carreiro que desejava tomar, decidi enveredar por umas velhas mariolas que se iam assomando junto à margem do ribeiro. Esta foi uma decisão que se revelou assaz feliz, pois permitiu-me percorrer um daqueles trilhos que sabemos estar ali, mas que acabamos sempre para deixar para depois.
O carreiro ia percorrendo o vale ao longo do ribeiro ora pela sua margem direita, ora pela sua margem esquerda até chegar ao enigmático e isolado Curral da Volta da Cuba. Este curral fica junto da zona onde o ribeiro faz um 'S' e se transforma no Ribeiro das Negras. O seu forno está alagado e coberto de vegetação, mas os sinais da passagem do gado por ali são evidentes. Em relação ao carreiro, este acaba por ser intuitivo, o que facilita o seu percurso pois em determinadas zonas é quase imperceptível. No Inverno será impossível percorrer este carreiro.
Após um par de horas de caminhada, chegava aos Currais de Matança e era tempo de retemperar forças nas pequenas sombras que se projectavam a partir dos arbustos.
Após o repasto, prossegui ao longo do Vale da Biduiça, ladeando-o através do valho carreiro que passando pelo Alto do Moreira, nos leva ao Castanheiro. Daqui a paisagem era sublime, uma verdadeira obra prima da Natureza. A partitura da ópera natural que se desenrola perante os nossos olhos, transforma-se num assombro da Natureza, um grito ímpar que ecoa pelos píncaros geresianos. Naquele lugar, o panorama leva-nos desde a forma suavemente matemática da Roca Negra e do Iteiro d'Ovos até aos espigões da Fonte Fria.
Deixando para trás o local da velha mina, tomamos o trilho da vezeira e passamos à direita do Alto das Eiras e pela margem direita do Ribeiro da Fecha do Castanheiro, seguindo depois pelo Alto das Portas do Castanheiro e passando entre a Corga do Gargalão e a Corga de Trás da Meda, chegando então de novo à Chã de Suzana.
Ficam algumas fotografias do dia...
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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