Quando em Fevereiro de 1955 os habitantes das Minas dos carris ficaram isolados pelos fortes nevões que nesse ano assolaram a Serra do Gerês, foi decidido montar uma expedição de socorro para levar-lhes os bens de primeira necessidade que escasseavam nas minas.
Com os caminhos bloqueados pelo espesso manto de neve, foi necessário recorrer a maquinaria pesada para abrir caminho pela estrada que serpenteia ao longo do Vale do Alto Homem.
O seguinte texto é da autoria de António Gonzalez que assinou uma reportagem na revista O Século Ilustrado onde foi descrita a epopeia então vivida na Serra do Gerês...
"O tractor em plena faina do corte da neve, no alto da Serra do Gerês".
A expedição de socorro que partindo desde a Portela de Leonte, percorreu sete longos quilómetros em condições difíceis para levar artigos de primeira necessidade, tais como pão e legumes, para os mineiros dos Carris, foi organizada em condições difíceis. Os mineiros esperavam pela expedição da Água da Pala, ponto de encontro previamente combinado. No entanto, a descida até à Água da Pala foi uma proeza heróica com momentos de tensão. Os mineiros e outro pessoal da mina percorriam a estrada coberta por um espesso manto de neve, agarrados uns aos outros por cordas. Por vezes, e para elevar o ânimo de todos, os homens entoavam "A Portuguesa", lutando assim contra as terríveis condições que iam encontrando.
O seguinte texto é da autoria de António Gonzalez que assinou uma reportagem na revista O Século Ilustrado onde foi descrita a epopeia então vivida na Serra do Gerês...
"Os directores das Minas dos Carris, lendo as notícias publicadas pelo jornal «O Século» sobre a grande epopeia vivida no Gerês. Na Água da Pela encontravam-se numa corte muitas cabras e cabritos de poucos dias. Alguns dos animais estavam já mortos mas os operários da brigada de socorro puderam salvar os restantes, metendo-os na camioneta e transportando-os para Leonte, onde foram alimentados e postos ao abrigo do frio. Os trabalhos exteriores das minas estiveram paralisados, mas prosseguiram no subsolo. As várias oficinas da lavaria cessaram de funcionar por a água ter gelado nos tubos."
Fotografia: © O Século Ilustrado / Rui C. Barbosa
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