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terça-feira, 7 de abril de 2015

As Alminhas da Candorca


No dia 13 de Março, escrevi um pequeno artigo sobre as Alminhas da Candorca, um singelo monumento que existia (pensava eu) em Rio Caldo. O artigo pode ser lido em "Alminhas da Candorca em Rio Caldo".

Pouco depois de colocar o artigo neste blogue, um amigo geresiano contactou-me a dizer que as Alminhas da Candorca ainda existem e estão de boa saúde junto à Quinta da Granja. Dando-me as indicações para chegar ao lugar, foi com muita satisfação que vi a preservação deste monumento certamente pouco conhecido pelos amantes da Serra do Gerês e da sua história.

Curiosamente, e segundo José Maria Araújo, as alminhas também recebem a designação de 'Alminhas do Canhoto', referindo-se o «canhoto» ao grande tronco de castanheiro original que aparentemente terá sido destruído por um incêndio.

Localizadas em Rio Caldo, Tude Martins de Sousa, antigo regente florestal do Gerês, descreve-nos estas alminhas no seu livro "Gerez - Notas Etnográficas, Arqueológicas e Históricas"...

"Não há memória de quando, nem por quem, seriam feitas e colocadas no seu sítio aquelas alminhas, nicho cavado na torada do tronco de um velho e carcomido castanheiro, de pintura já esbatida pelo tempo, mas deixando, ainda assim, a-pesar-do seu abandono actual, perceber as figuras que o habitam.

Da Candorca lhe chamam, porque assim se diz na região do individuo velho, roído pelos anos.

Castanheiro candorco, ou candorçoso, minado no interior e ainda dando fruto longos anos, árvore candorca...

A torada mede cerca de um metro e setenta de altura, sendo de um metro e vinte o seu diâmetro interior, e encontra-se colocada sobre a parede de vedação de propriedade particular, à beira do caminho que do local denominado Ribeiro da Adega conduz à igreja paroquial de Rio Caldo, num sítio pitoresco e aprazível, rodeado de amieiros e outras árvores.

É coberta de telha portuguesa e tem, como se vê, ao alto um Cristo crucificado, ladeado pelas imagens de Santo António e Nossa Senhora do Rosário; em baixo, S. Miguel com a balança, pesando as almas, ou as suas boas e más acções em vida e ainda as labaredas do purgatório, com várias almas em expiação dos seus pecados, ficando na base de tudo a respectiva caixa das esmolas, hoje desconjugada e sem préstimo, pelo abandono em que o nicho, que em dias mais felizes teria o seu esplendor, foi de há tempos lançado, talvez pelo lugar isolado e solitário em que se encontra.

Diz a tradição local, que, aliás, nada pode confirmar, que estas alminhas foram mandadas fazer por uma Teresa da Granja, que da sua bouça levara o castanheiro. Mulher fôra ela de decisão e energia, que em tempos de agitadas lutas políticas se evidenciara por aqueles sítios, indo amiudadas vezes ao Pôrto, e que então seria acto de aventurado heroísmo.

O certo é, porém, que ainda hoje o terreno onde as alminhas se exibem está na posse de uma família Granjas."

Ficam agora algumas fotografias das Alminhas da Candorca, em Rio Caldo...







Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)

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