No dia 13 de Março, escrevi um pequeno artigo sobre as Alminhas da Candorca, um singelo monumento que existia (pensava eu) em Rio Caldo. O artigo pode ser lido em "Alminhas da Candorca em Rio Caldo".
Pouco depois de colocar o artigo neste blogue, um amigo geresiano contactou-me a dizer que as Alminhas da Candorca ainda existem e estão de boa saúde junto à Quinta da Granja. Dando-me as indicações para chegar ao lugar, foi com muita satisfação que vi a preservação deste monumento certamente pouco conhecido pelos amantes da Serra do Gerês e da sua história.
Curiosamente, e segundo José Maria Araújo, as alminhas também recebem a designação de 'Alminhas do Canhoto', referindo-se o «canhoto» ao grande tronco de castanheiro original que aparentemente terá sido destruído por um incêndio.
Curiosamente, e segundo José Maria Araújo, as alminhas também recebem a designação de 'Alminhas do Canhoto', referindo-se o «canhoto» ao grande tronco de castanheiro original que aparentemente terá sido destruído por um incêndio.
Localizadas em Rio Caldo, Tude Martins de Sousa, antigo regente florestal do Gerês, descreve-nos estas alminhas no seu livro "Gerez - Notas Etnográficas, Arqueológicas e Históricas"...
"Não há memória de quando, nem por quem, seriam feitas e colocadas no seu sítio aquelas alminhas, nicho cavado na torada do tronco de um velho e carcomido castanheiro, de pintura já esbatida pelo tempo, mas deixando, ainda assim, a-pesar-do seu abandono actual, perceber as figuras que o habitam.
Da Candorca lhe chamam, porque assim se diz na região do individuo velho, roído pelos anos.
Castanheiro candorco, ou candorçoso, minado no interior e ainda dando fruto longos anos, árvore candorca...
A torada mede cerca de um metro e setenta de altura, sendo de um metro e vinte o seu diâmetro interior, e encontra-se colocada sobre a parede de vedação de propriedade particular, à beira do caminho que do local denominado Ribeiro da Adega conduz à igreja paroquial de Rio Caldo, num sítio pitoresco e aprazível, rodeado de amieiros e outras árvores.
É coberta de telha portuguesa e tem, como se vê, ao alto um Cristo crucificado, ladeado pelas imagens de Santo António e Nossa Senhora do Rosário; em baixo, S. Miguel com a balança, pesando as almas, ou as suas boas e más acções em vida e ainda as labaredas do purgatório, com várias almas em expiação dos seus pecados, ficando na base de tudo a respectiva caixa das esmolas, hoje desconjugada e sem préstimo, pelo abandono em que o nicho, que em dias mais felizes teria o seu esplendor, foi de há tempos lançado, talvez pelo lugar isolado e solitário em que se encontra.
Diz a tradição local, que, aliás, nada pode confirmar, que estas alminhas foram mandadas fazer por uma Teresa da Granja, que da sua bouça levara o castanheiro. Mulher fôra ela de decisão e energia, que em tempos de agitadas lutas políticas se evidenciara por aqueles sítios, indo amiudadas vezes ao Pôrto, e que então seria acto de aventurado heroísmo.
O certo é, porém, que ainda hoje o terreno onde as alminhas se exibem está na posse de uma família Granjas."
Ficam agora algumas fotografias das Alminhas da Candorca, em Rio Caldo...
Fotografia © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
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