Já anteriormente havia feito referência sobre o atentado ambiental que espreita na Serra da Cabreira (Em luta pela Serra da Cabreira) na figura de milhares de árvores marcadas para abate.
Perante a mobilização popular e social com o envio de um alerta para o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), muitos receberam a seguinte resposta:
Acusamos a receção da presente denúncia.
Para podermos avaliar com maior urgência a situação, agradecemos se nos podem remeter a localização cartográfica da área em apreço, ou as respetivas coordenadas geográficas.
Apresentamos os melhores cumprimentos,Rogério Rodrigues
Diretor do Departamento de Conservação da Natureza e das Florestas do Norte
Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, IP
Parque Florestal, 5000 Vila Real
Ora, as recentes notícias que dão conta da situação, levam-nos mais uma vez e à semelhança do que aconteceu no passado com outras situações que envolveram o ICNF, nomeadamente a discussão do Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês e a problemática das taxas a cobrar pelos pedidos de autorização para a realização de actividades de visitação em áreas protegidas, assuntos resolvidos de forma mais ou menos satisfatória, levam-nos a questionar sobre o conhecimento da realidade que o ICNF tem sobre os espaços naturais em Portugal.
Quando somos confrontados com notícias que referem que Espécies em perigo de extinção nos 35 hectares para abate na Serra da Cabreira, só nos podemos questionar sobre quem está por detrás de decisões deste tipo. Estamos perante espécies protegidas, não estamos perante espécies invasoras que não merecem qualquer atenção por parte das autoridades (veja-se o exemplo do Vale do Rio Gerês à vista das Caldas do Gerês no nosso único parque nacional). A situação é ainda mais escandalosa quando se sabe que as árvores destinadas a abate foram marcadas por funcionários do ICNF, o próprio instituto que diz desconhecer o que se passa no terreno.
Num país onde raramente as decisões irresponsáveis merecem o respectivo retorno, onde existe uma cultura de impunidade perante quem decide mal, deveríamos ser mais exigentes, a bem do nosso futuro comum, perante quem nos governa e perante quem toma este tipo de decisões.
Perante um cenário diante do qual o comum dos mortais irá ver uma explicação óbvia ditada por um engenheiro florestal qualquer, o futuro que se avizinha para a Serra da Cabreira não pode ser risonho. Todos nós devemos estar atentos na preservação dos espaços naturais e alertas perante as manobras que certamente se seguirão numa tentativa de convencer a opinião pública de que estes espaços destinados a abate (e que em muitos casos fazem corar de vergonha certas áreas do nosso único parque nacional e de muitos dos nossos parques naturais) são dispensáveis numa óptica de lucro fácil... nem que seja com madeira queimada.
Fotografia: PÙBLICO / Hugo Delgado
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