Tínhamos previsto uma caminhada até Porta Ruivas, mas logo o vislumbrar longínquo dos cumes serranos atrás do Borrageiro quando deixávamos Xertelo, fez-me temer que a chegada ao nosso destino fosse um pouco difícil. Porém, à medida que percorríamos a longa estrada florestal que nos levou da Chã de Susana até para lá da Lagoa do Marinho, a esperança voltou. Ao fim e ao cabo, podia ser que aquele vento forte levasse as nuvens para longe e nos desse um céu azul e frio, mas azul.
O início do percurso fez-se depois de percorrer toda a estrada florestal com o nosso veículo a ficar estacionado no início da descida para o Porto da Laje. É aqui, à direita, onde se iniciava o nosso trajecto. Os píncaros serranos exibiam ainda a neve que por estes dias faz parte quase constante da paisagem da Serra do Gerês. Porém, surpreendeu-me ainda haver bastante neve para marcar desta forma a paisagem. Isto só prova que o último nevão foi bastante intenso e em alguns locais a acumulação de neve era bastante significativa.
O nosso percurso levou-nos a passar perto da já secular Mina de Borrageiros e subir ao lodo do colosso com o mesmo nome. Não deixa de ser interessante haver na Serra do Gerês e separados por tão pouca distância, dois altos com o mesmo topónimo (orónimo), se bem que no princípio do século XX, este era mais conhecido por 'Borrageiros'.
Gosto muito de percorrer esta parte da Serra do Gerês. Desde as minhas primeiras caminhadas por estas bandas que sinto que caminho num local que posso designar com uma 'natureza selvagem' e onde a presença do Homem, apesar de se fazer sentir na paisagem e na utilização dos espaços, tem uma influência mínima. Aqui é zona de muitos currais que são utilizados na Primavera e Verão para apascentar os gados, mas findo esse período parece que algo toma conta daquelas paragens e lhe incute um ar de mistério que é aprofundado pelo silêncio que por ali reina.
Após passar em frente da face Nascente de Borrageiros, o carreiro leva-nos a entrar na Corga das Mestras. Percorrendo de forma suave a sua margem esquerda, iremos atravessar a ribeira um pouco mais adiante depois de passarmos o Pinheiro da Cigarra. Atravessando a ribeira, o caminho sobre ligeiramente até atingir a parte superior da Corga da Arrocela e depois entra na Corga de Valongo. Aqui, o carreiro vai-nos levar também à parte mais elevada da corga antes de subir um pouco mais até chegar ao Curral dos Bezerros com o seu forno alagado.
Por esta altura caminhávamos batidos por um vento frio e um nevoeiro que nos limitava severamente a paisagem. De facto, em certas ocasiões a visibilidade não iria além dos 20 metros, por vezes nem tanto, e assim seria inglório prosseguir até Porta Ruivas, mesmo sabendo que o capricho do vento faria por vezes com que o horizonte se tornasse mais vasto. No entanto, nestas condições, o nosso trabalho e o nosso objectivo não podia ser cumprido e o bom senso aconselhou a que fizéssemos o percurso de regresso ao ponto de partida, fazendo no entanto duas pequenas paragens na Mina de Arrocela e na Mina de Borrageiros.
No regresso fomos brindados com a presença das cabras selvagens que, curiosas, nos vigiavam ao longe, mas que rapidamente desapareceram quando se aperceberam na nossa movimentação. Da mesma forma, foram vários os sinais do lobo naquelas paragens e a sua presença fez-se notar já quase no final do percurso onde vislumbramos os despojos de uma sobrevivência.
Este percurso é marcado com mariolas não existindo qualquer outra marcação. Recentemente parte do percurso foi limpo o que facilita o seu percurso
Distância folheto: Não aplicável
Distância GPS: 8,93 km
Distância odómetro: 8,8 km
Distância GEarth: 9,06 km
Distância GEarth: 9,06 km
Altitude máxima folheto: Não aplicável
Altitude máxima GPS: 1.363 m
Altitude máxima GEarth: 1.361 m
Altitude máxima GEarth: 1.361 m
Altitude média GEarth: 1.298 m
Altitude mínima folheto: Não aplicável
Altitude mínima GPS: 1.177 m
Altitude mínima GEarth: 1.186 m
Altitude mínima GEarth: 1.186 m
Duração folheto: Não aplicável
Duração jornada (GPS): 5h 13 (com paragens)
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