Tal como havia acontecido em Novembro, encontramos as ruínas envoltas numa capa branca mas felizmente desta vez o nevoeiro não se fazia sentir. Assim, a visibilidade permitia-nos ter uma abrangência mais ampla das ruínas e o sentimento de ausência que elas transmitiam era tão forte como nunca.
O cenário, envolto num silêncio profundo, era quebrado com o leve som do vento. Por momentos, aquela sensação de frio e desconforto do meio de uma caminhada antes do descanso, desapareceu e o som das máquinas fotográficas foi-se sucedendo numa vã tentativa de capturar, além da imagem, vãs sensações.
Apesar de abandonadas, sozinhas e solitárias, a estranha sensação de presença faz-se sempre sentir por ali e ainda mais num cenário invernal como aquele. Por momentos parece que algo de surpreendente irá surgir de uma esquina, pelo canto do olho ou por detrás de uma ruína mais afastada, o suficiente para nos permitir elaborar uma rabuscada explicação que deixará de fazer sentido num momento mais racional.
Por entre as nuvens que rapidamente lambem a paisagem, o Sol acabaria por espreitar e por momentos transformar, mais uma vez, a paisagem com pinceladas de um azul virgem. Como que farrapos arrastados pelo vento, os restos de nuvens vão também desaparecendo para os lados da Nevosa, deixando perscrutar de forma momentânea o seu perfil enigmático coberto com um lençol de neve.
Dali a pouco tudo se transformaria de novo e o momentâneo calor do Sol daria lugar à melancolia do cinza serrano e ao silêncio das eras que ali lentamente vão passando.
Fotografias © Rui C. Barbosa (Todos os direitos reservados)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários para o blogue Carris são moderados.