A Serra do Gerês, toda ela, é um lugar único composto de paisagens ímpares em Portugal. Para lá das imagens de promoção desta montanha, verdadeiros tablóides visuais, encontram-se lugares que por si só são eles também únicos no mosaico que compõe toda esta singularidade. Ninguém que visite o Gerês e não se disponha a percorrer os seus trilhos a pé, diga que o conhece... eu, que o percorro, não o conheço e isso faz-se sentir cada vez com mais vontade de me «perder» nos seus recantos misteriosos, percorrer os seus carreiros enigmáticos, calcorrear as suas corgas e olhar para lá dos seus alcantilados graníticos que o transformam num conto a ser vivido a cada visita.
É quase infindável a lista de locais nos quais nos podemos maravilhar com esta conjugação de lugares e estados que criam o Gerês. Desta lista haverá alguns que são especiais pelas suas particularidades e um desses lugares é Porta Roibas. Foi aqui onde regressei na minha mais recente incursão na imensidão do Gerês.
Desconhecido de muitos e confundido por outros tantos devido aos erros existentes nas cartas topográficas militares, Porta Roibas apresenta-se quase como um marco montanhoso em toda a Serra do Gerês. Digno das melhores paisagens de um enredo do 'Senhor dos Anéis', Porta Roivas leva-nos a percorrer uma das zonas mais selvagens da serra, seguindo por um percurso que iniciado nos Prados da Messe e dirigindo-se para Este nos leva a Borrageiros e à mina que se abriga à sua sombra.
Em Porta Roibas encontramos um pequeno, mas peculiar curral, exemplo do aproveitamento dos espaços por parte do homem serrano que viu ali como que uma fortaleza para guardar os seus animais durante os longos dias de vezeira. Se uma parte está defendida pelo promontório granítico que o caracteriza à distância, o curral abre-se para o abismo da Corga de Valongo encimado pelas Quinas da Arrocela. Mesmo ali adiante, o alto de Borrageiros é um outro ponto distinto na paisagem.
O percurso para chegar a Porta Ruivas iniciou-se na Portela de Leonte passando pelo Vidoal e Preza. Daqui, sobe-se à Chã da Fonte e continua-se para o Curral do Conho através de Lamas de Borrageiro e Lomba de Pau. Antes da descida para o Conho, facilmente se observa o nosso destino logo a seguir à imensa garganta que se abre em Fechinhas. Passando o Curral do Conho e seguindo o percurso recentemente recuperado pela vezeira, passa-se o Ribeiro do Porto das Vacas e segue-se para o Curral da Pedra. Antes de chegar aos Prados da Messe devemos flectir à direita e descobrir as mariolas que nos levarão a entrar no Gerês quase selvagem. É sempre aconselhado estarmos equipados com a carta militar (sinceramente, não gosto de seguir percursos utilizado log's de GPS pois isso tira-nos a sensação da descoberta!). Seguindo este percurso que está devidamente assinalado e recuperado, vamos chegar perto do Curral dos Bezerros. De facto, é mesmo na corga anterior que devemos seguir à direita também por um carreiro marcado com mariolas e recuperado, e que nos levará a Porta Roibas!
Fotografias: © Rui C. Barbosa
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