Em toda a sua riqueza, a Serra do Gerês guarda inúmeros tesouros que nos ajudam a compreender a simbiose que existe entre a serra e o Homem. De uma ocupação milenar ficaram testemunhos espalhados por toda a área da Serra do Gerês desde as suas pitorescas aldeias, passando pela monotonia caótica das suas encostas, até aos píncaros serranos.
Testemunhos dessa milenar convivência é a profusão de orónimos (topónimos) peculiares semeados por todos os recantos. Um desses orónimos é 'Matança' para os lados de Lamalonga.
No seu livro "Para que a memória não se apague" (Dezembro de 2013, Edição de autor), Fernando Guimarães, refere uma possível origem para esta designação aos nos explicar a origem do próprio orónimo 'Gerês'. Citando na pág. 55 um manuscrito de 1744 do Padre Diogo Martins Pereira, refere que:
No seu livro "Para que a memória não se apague" (Dezembro de 2013, Edição de autor), Fernando Guimarães, refere uma possível origem para esta designação aos nos explicar a origem do próprio orónimo 'Gerês'. Citando na pág. 55 um manuscrito de 1744 do Padre Diogo Martins Pereira, refere que:
"Outrora era Jurês por vir de juramento: "E seria na ocasião que o príncipe Dom Pelágio, se viu, favor vindo do Céu nas Covas de Oviedo, quando as setas que contra ele aos seus atiravam os mouros, as mesmas que atiraram e se feriam e matavam e os muitos mouros que ali escapavam se vieram ou se viriam com esta serra em paradeiro fazendo nela vários redutos e cateteres no áspero da mesma serra, donde os cristãos os expulsaram e fizeram retroceder até Matança, onde lhe deram batalha, e por isso lhe deram o nome de Matança pelos muitos que ali mataram, donde não puderam entrar nesta freguesia, a qual tinham extremado ódio, sendo este ódio comum contra toda a cristandade que vivia nas Espanhas (...)"
Em tempos contaram-me uma outra explicação para o orónimo Matança, estando este possivelmente relacionado com o roubo do gado por parte das gentes da Galiza e que naquele local, em certo dia, teriam sido surpreendidos pelas gentes locais, tendo-se travado uma luta na qual teria resultado uma matança desses ladrões.
E é assim que esta montanha nos vai prendendo e oferecendo os seus segredos a quem a deseja conhecer cada vez melhor.
Tenho sérias dúvidas sobre a explicação do topónimo do Padre Diogo Martins Pereira que também conheço. Julgo que já falámos sobre isto. Eu escrevi sobre este topónimo em 2010 e 2012. Aliás em, 2012, quando descobri a explicação de Diogo Martins Pereira, escrevi apresentando as duas e deixando para terceiros a opção entre elas. Ainda que explicando porque me inclino para uma. Tudo isso está em http://asnotasparaomeudiario.blogspot.pt/2012/02/sobre-possivel-origem-do-toponimo.html
ResponderEliminarOlá
ResponderEliminarPara quem, como vós ambos, autor e comentador anterior, conhece bem o Gerês, é reconhecível alguns lugares com esse nome. Para mim, que não posso dizer que conheça o Gerês, de modo nenhum, mas apenas alguns poucos sítios, quando me/nos (eu e amigos) nos cruzamos com um pastor, a metros da 'Ponte da Matança', em Fafião, questioná-mo-lo e 'essa explicação' é-me preferida, mesmo que nada de factual acrescente à motivação desta entrada do blog, por ser bem mais poética e tão enigmática quanto esses montes; e o pastor respondeu-nos: "Chamam-lhe a Ponte da Matança. Dos vivos, não há quem se lembre porquê."
pastor de Fafião!!!
Abraço
Carlos M. Silva
Obrigado pelo comentário Carlos.
ResponderEliminarEm relação à Ponte da Matança já me contaram que o nome estaria associado à passagem dos exércitos napoleónicos pelo local. Não deixa de ser um local estranho para tão grande exército passar por ali; de qualquer das formas, desconheço a origem do topónimo.