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terça-feira, 19 de novembro de 2013

Trilhos seculares - Um caminho pelos mistérios de outros tempos


Pensei na melhor forma de descrever o percurso de hoje e por muito que pense, faltam-me as palavras para o descrever! Que fazer então? Bom, o melhor será percorrê-lo por vocês mesmos, pois este percurso é um sério candidato a ser um dos melhores percursos de montanha de Portugal.

As paisagens que o trajecto nos proporciona estão para lá de qualquer descrição e vulgaridade de uma adjectivação. Apesar da paisagem ser conhecida, as novas perspectivas levam-nos sem a menor margem para dúvidas a recordar percursos existentes noutros maciços montanhosos europeus e é a este nível que esta futura Grande Rota se encontra em muitos dos seus troços.

Começando com uma subida não aconselhável a cardíacos em todos os sentidos, o nosso estado físico é logo posto à prova com uma ascensão pelo Peito de Gemesura. A paisagem vai ganhando outros contornos e os nossos olhos começam a ver recantos e dobras da montanha nunca vistas até àqueles momentos. À medida que vamos subindo o nosso olhar abrange os grandes espaços que por ali abundam. Logo no início temos a oportunidade de testemunhar os restos das instalações de apoio à construção da barragem que continuam silenciosas como testemunha da tristeza que em tempos varreu aquelas paragens. A Serra Amarela torna-se (mais) imponente com as suas escarpas e corgas fundas e inacessíveis. Os muros que percorrem a montanha parecem desenhos só inteligíveis das alturas e o fojo do lobo de Brufe parece algo de estranho no meio de tanto caos de cores e tons.

O Alto da Aguieira é a primeira de muitas conquistas que se irão ganhar até chegarmos ao final de toda a subida dali a algumas horas. O percurso recentemente aberto, leva-nos a passar pela Chã de Cima que nós uma plena vista sobre Vilarinho da Furna. Após esta zona, o caminho vai-se perder por entre a vegetação ainda por cortar e as mariolas por colocar. O objectivo seguinte é chegar às misteriosas Casarotas. Bordejando a Corga Má e sabendo que o abismo termina lá no fundo no Rio de Furnas, vai-se ganhando altitude num zigue-zague insistente por Candeiró. A chegada às Casarotas proporciona algum abrigo do forte vento de nos acompanhou em toda a jornada. Se a montanha é um templo de silêncio, este silêncio esteve ausente no dia de hoje de princípio ao fim.

Deixando as Casarotas para trás seguimos pelo Poulo do Vidoal passando depois acima do magnífico Fojo de Vilarinho. Um pouco mais adiante a perspectiva que se tem do vale de Vilarinho da Furna é de cortar a respiração, pois as forças que terão provocado todo aquele caos terão sido imensas. O caminho segue suave até à Chã do Muro a partir da qual iremos ladear a encosta Sul do Muro para chegarmos à Chã da Fonte onde nos abrigamos na velha Casa das Neves, pois era altura de retemperar forças.

De todo o percurso, terminava aqui a parte mais difícil. O regresso seria feito descendo para Porto Covo, seguindo depois pelas Peijoanas, Toutas e Fundo do Peito da Rocha. O carreiro encontra-se limpo e a progressão é fácil, mas deve ser, como sempre, cuidadosa. Depois de passar o Porto das Furnas chegávamos aos limites da aldeia mártir totalmente submersa sobre um imenso manto de água.

Algumas fotografias...
































































Fotografias: © Rui C. Barbosa

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