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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Que Parque Nacional teremos depois dos fogos?


O ano de 2012 contrasta na perfeição com o ano de 2013. Naquele ano não se ouviu falar de grandes fogos no nosso único Parque Nacional. 2013, pelo contrário, fica marcado por uma grande área ardida com severos danos à Zona de Protecção Total.

Todos os anos o mês de Setembro é conhecido por ser o mês dos incêndios na Serra do Gerês e em 2013 ocorre isso mesmo como que a provar que tal é verdade.

Este ano houve um grande investimento num sistema automático de «prevenção» contra incêndios; um sistema que através da leitura de infravermelhos seria capaz de distinguir entre o incêndio florestal e outro tipo de incêndio! A verdade é que para o sistema ser eficaz o incêndio tem de acontecer, o que implica por si a perda de uma área que será ardida de forma a produzir o efeito suficiente para ser detectado pelo sistema. Assim, pretendia-se complementar os olhos humanos com uns olhos artificiais que seriam capazes de distinguir que tipo de fogo se trata, como se isso fosse importante num combate eficaz no meio de uma floresta ou de uma área na qual não existe qualquer componente químico ou outro capaz de produzir um incêndio cuja origem não seja... florestal!

Em poucas semanas tivemos fogos em Fafião, Cabril, Ermida, Covide, Vilar da Veiga e S. João do Campo que queimaram dezenas de hectares de um parque nacional ainda mal refeito dos trágicos eventos do Verão de 2010.

Pergunta-se o que falhou em todo o processo; o que é que se aprendeu com o Verão de 2010 e porque é que a linha seguida pelo Parque Nacional não investe numa colaboração com aqueles que todos os meses do ano calcorreiam as serras para concretizar um verdadeiro programa de vigilância florestal que possa abranger toda a área crítica daquela área protegida?

Com o fim dos fogos vamos caminhar em terra queimada, num deserto grotesco de figuras retorcidas pelas chamas para o qual ansiamos pelo rápido regresso dos dias curtos e frios na esperança de que a próxima Primavera possa trazer o verde a um mar de rochas no qual as serranias geresianas e não só parecem condenadas.

Acabemos com este jogo do gato e do rato, e que o Parque Nacional seja um local onde visitantes e visitados possam usufruir de um verdadeiro espaço para desfrutar a Natureza em toda a sua plenitude. O Parque Nacional deve abandonar a sua posição intransigente de continuar a assumir uma posição herdada dos Serviços Florestais e ser mais colaborante com as populações na verdadeira preservação de um património que é de todos. Caso não o faça estará condenado a ser o seu próprio carrasco num cadafalso que se vai abrindo aos poucos.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

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