A peculiar transumância do Gerês voltou à serra no dia 12 de Maio com as vezeiras de Vilar da Veiga, Rio Caldo e Ermida a ocuparem os respectivos currais.
A vezeira passou ligeiramente atrasada pelas Caldas do Gerês, animada com o burburinho dos preparativos matinais das tasquinhas numa dinâmica que já vem sendo característica e impulsionada pelas forças vivas (empresariais e não só) que vão (re)colocando o Gerês como uma referência a nível nacional. Assim, estão de parabéns todos aqueles que se juntam para a dinamização das populações para mostrar o que de melhor o Gerês nos tem para dar.
No entanto, não posso deixar de passar uma pequena nota para a já usual ausência neste eventos de uma entidade importante no território, isto é do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). O PNPG deveria ser um elemento inseparável nestas ocasiões, pois a sua «marca» é indissociável do território. Porém, já não é a primeira vez que noto a sua ausência. "Também não faz falta!" poderão dizer alguns. Em minha opinião, eu acho que além de fazer falta, o PNPG deveria pugnar por uma maior integração com as populações e deixar de estar isolado, até porque, quer queiramos quer não, a sua ausência é notória em todo o lugar. Pode ser que seja eu que não veja algo mais e que esteja distraído, mas gostaria de compreender tudo isto.
Bom, a vezeira atravessou as Caldas do Gerês em direcção à serra e eu tive o prazer de seguir a vezeira de Vilar da Veiga e da Ermida (comprometo-me para o ano de acompanhar a vezeira de Rio Caldo). O percurso que os animais seguirão, coincide com o bem conhecido Trilho dos Currais entre o Vidoeiro e o Curral da Carvalha das Éguas (ou Lamas de Éguas). Novos e não tão novos (pois velhos são os trapos) acompanharam as cabeças de gado num ritmo alucinante e em pouco mais de 90 minutos todo o grupo chegava ao seu destino. Com os animais seguros no curral e prontos para percorrerem as pastagens geresianas, os homens e as mulheres dedicaram-se a um bom e animado convívio.
Um grande agradecimento a todos que me proporcionaram esta oportunidade de seguir a vezeira e de compartilhar esta magnífica experiência. No dia 15 de Setembro de 2013 as vezeiras irão regressar.
Gostaria de ter a descrição da subida da vezeira de Fafião. Se alguém a acompanhou e quiser escrever um texto sobre a vezeira de Fafião, terei muito gosto em o publicar aqui no blogue.
Antes de terminar, uma história recente que um vezeiro contou ao longo do caminho. Dizia ele, mostrando um certo carinho por aqueles animais, que uma das suas vacas que seguia aquele percurso, há uns tempos atrás estava muito triste e que até passou dias sem comer pois teria sido separada da sua cria: "ela chorava como um bebé e viam-se as lágrimas a escorrer!!!..." Ora, não vou entrar numa desnecessária discussão sobre a existência ou não de sentimentos no mundo animal. Acho que é ignorância profunda a sua negação. Mas estas pequenas histórias não podem deixar de tocar qualquer um e mostrar a de forma directa a relação entre o homem e os animais neste cantinho de Portugal.
Algumas imagens do dia...
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