"Se algum dia conhecesse todo o Gerês, desejaria ser acoitado por uma amnésia que me permitisse passar pelas emoções de conhecer tudo de novo." É com este sentimento que se fica após mais um dia de percorrer velhos trilhos, e não só, pela Serra do Gerês. Com os dias de chuva atrás de nós e com o fulgor do Sol que aos poucos vai ganhando o seu lugar na paisagem serrana, era tempo de voltar. Oh, se era!
Este (re)começo foi perfeito com um pequeno percurso pelos domínios da aldeia comunitária da Ermida. A quando do Festival de Caminhadas, os membros da empresa Selvagem Aventura apontaram-me a direcção do pouco conhecido Curral de Viseu. Assim, este dia só poderia ser dedicado a passar por lá. Bom, não é que o tenha feito... passei lá perto, mas parece que de forma inconsciente ando sempre a deixar estas coisas a meio... Não é que tenha de haver uma forte razão para se voltar ao Gerês! Volta-se e pronto, mas se houver algo de novo por onde se passar, melhor ainda. Sim, porque eu não quero conhecer conhecer todo de uma vez só... há muito tempo para tamanha façanha e o Gerês está sempre lá!
Saída então da Ermida em direcção à Ponte das Relvas descendo por estradões manhosos e labirinticos a Costa da Vela. De facto, a ideia não era para ir por este caminho... queríamos descer a uma outra ponte cujo nome teimo em esquecer e que nos daria um acesso quase directo (encosta acima) ao Curral de Viseu. Porém, havendo uma experiência anterior do sentido que seguíamos, descemos às Relvas e passado o Rio Arado empinamos encosta acima por um velho e tortuoso caminho escavacado pela água. A subida foi penosa mas gratificante, pois acabaríamos por encontrar as marcas tímidas de um carreiro que nos levaria para onde queríamos e que nos daria uma perspectiva que não gozaríamos se tivéssemos ido pela ideia original. Este carreiro ajudar-nos-ia a atravessar duas corgas e levou-nos a um magnífico trilho encosta acima que nos levava para Viseu. Bom, na minha ignorância, irei chamar Viseu a toda aquela área. Como já referi, não vi um curral típico e acredito que passámos perto do dito cujo. Outros dias virão, pois naquela altura era tempo de descoberta.
Passado Viseu, seguimos o carreiro por entre pequenas corgas ricas de água e encostas com velhas árvores até atingirmos o vidoal para os lados do Curro da Tribela e do curral da vezeira da Ribeira. Daqui, seguimos a estrada florestal passando ao lado do Curral dos Portos, Fonte da Malhadoura, Fonte das Letras, até chegarmos ao estacionamento antes da Ponte do Arado. Aqui tínhamos duas opções: ou continuávamos pela estrada florestal ou descíamos ao Rio Arado. Optamos por descer ao rio e seguir depois pela levada que nos colocaria de novo num emaranhado labirintico de estradões até chegarmos de novo à Ermida. Nada de GPS's nem tracks...
Algumas fotos do dia...
Fotografias: © Rui C. Barbosa
Há uns tempos procurei uma solução para ligar a Ermida à Tribela de forma a deixar os carros na segurança da aldeia e evitar os assaltos estivais. O que explorei foi a zona mais a montante do que fizeram(passei na ponte que aparece na última foto). É um trilho engraçado mas tinha havido uma quebrada e o caminho numa parte tinha desaparecido (passei por uma levada que também estava em risco de ir encosta abaixo). Uns metros acima desse caminho há um outro quase paralelo que obriga depois a uma pequena descida pelo meio do mato. Não fosse a quebrada já teria voltado a fazer esse trilho. No final julgo que se junta com o que fizeste porque tb passei pela rocha com as inscrições. Na ponte que cruzei havia muitos vestígios de ser um local de passagem dos rebanhos de cabras da aldeia. O início do trilho é logo após o campo de futebol da aldeia.
ResponderEliminarÉ isso mesmo. A nossa ideia era seguir esse trilho, mas na aldeia «enganamo-nos» e acabamos por ir ter à Ponte das Relvas que fica mais abaixo da ponte na foto (e cujo nome continuo a esquecer!)
ResponderEliminarO trilho é fantástico nessa zona.