São vários os livros onde podemos encontrar referências à delimitação do Gerês Florestal ou mais precisamente aos limites do perímetro «cedido» ao Estado a 17 de Agosto de 1888 pelo administrador do concelho de Terras de Bouro.
Para além da importância história na compreensão das lutas das populações serranas contra esta «usurpação» dos seus territórios, esta delimitação permite-nos o conhecimento de topónimos serranos que hoje caíram em desuso e que estão em risco de se perder devido à não existência de uma memória escrita ou de uma cartografia que tenha o papel de preservar este importante espólio etnográfico que consiste na designação dos diferentes locais da Serra do Gerês a partir das tradições locais.
No seu livro "Vilarinho da Furna, memórias do passado e do futuro", Manuel de Azevedo Antunes dá-nos uma listagem completa dos limites gerais do perímetro deste Gerês Florestal. Assim, a delimitação deste perímetro nos limites a nascente e caminhando do Sul para Norte desde a Pedra Bela (do qual um dos marcos se encontra junto ao cruzamento): marco geodésico do Varegeiro; marco geodésico do Junco; marco triangulado do Pé de Salgueiro; desde o Pé de Salgueiro até o marco geodésico do Borrageiro, águas vertentes do rio do Gerês.
Ora, em 1888 os orónimos que foram utilizados para a delimitação do Gerês Florestal correspondem, mais uma vez, a alguns dos nomes que são utilizados nas futuras cartas topográficas militares de 1949 e a sequência destes nomes é já nossa conhecida. Aqui, não existe dúvidas quanto à localização do Junco e do Pé de Salgueiro, e da mesma forma é possível localizar no terreno alguns dos marcos que delimitavam o Gerês Florestal entre a Pedra Bela e o Curral do Junco localizado à sombra do Borrageiro na extremidade Norte do Vale de Teixeira um pouco acima do Curral de Camalhão. Mais uma vez, nesta série de topónimos, não existe a referência à localização nesta área do Laspedo que em relatos mais tardios aparece referenciado entre os Prados Caveiros e o Peito de Escada à vista da Mata de Albergaria.
Fotografia: © Rui C. Barbosa
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