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sábado, 30 de março de 2013

O Gerês Florestal, o Pé de Salgueiro, o Junco e a busca pelo Laspedo

São vários os livros onde podemos encontrar referências à delimitação do Gerês Florestal ou mais precisamente aos limites do perímetro «cedido» ao Estado a 17 de Agosto de 1888 pelo administrador do concelho de Terras de Bouro.

Para além da importância história na compreensão das lutas das populações serranas contra esta «usurpação» dos seus territórios, esta delimitação permite-nos o conhecimento de topónimos serranos que hoje caíram em desuso e que estão em risco de se perder devido à não existência de uma memória escrita ou de uma cartografia que tenha o papel de preservar este importante espólio etnográfico que consiste na designação dos diferentes locais da Serra do Gerês a partir das tradições locais.

No seu livro "Vilarinho da Furna, memórias do passado e do futuro", Manuel de Azevedo Antunes dá-nos uma listagem completa dos limites gerais do perímetro deste Gerês Florestal. Assim, a delimitação deste perímetro nos limites a nascente e caminhando do Sul para Norte desde a Pedra Bela (do qual um dos marcos se encontra junto ao cruzamento): marco geodésico do Varegeiro; marco geodésico do Junco; marco triangulado do Pé de Salgueiro; desde o Pé de Salgueiro até o marco geodésico do Borrageiro, águas vertentes do rio do Gerês.

Ora, em 1888 os orónimos que foram utilizados para a delimitação do Gerês Florestal correspondem, mais uma vez, a alguns dos nomes que são utilizados nas futuras cartas topográficas militares de 1949 e a sequência destes nomes é já nossa conhecida. Aqui, não existe dúvidas quanto à localização do Junco e do Pé de Salgueiro, e da mesma forma é possível localizar no terreno alguns dos marcos que delimitavam o Gerês Florestal entre a Pedra Bela e o Curral do Junco localizado à sombra do Borrageiro na extremidade Norte do Vale de Teixeira um pouco acima do Curral de Camalhão. Mais uma vez, nesta série de topónimos, não existe a referência à localização nesta área do Laspedo que em relatos mais tardios aparece referenciado entre os Prados Caveiros e o Peito de Escada à vista da Mata de Albergaria.

Fotografia: © Rui C. Barbosa

Peneda-Gerês: Esse parque que não se materializa

..."o PNPG não se faz presente" (...) "tem um sistema repressivo em vez de apoiar."

Um artigo muito crítico de Ivete Carneiro no Jornal de Notícias.

Imagem: Rui Manuel Fonseca/Global Imagens

sexta-feira, 29 de março de 2013

As Portas

Na interessante série Caderno de Cultura editados pela Câmara Municipal de Terras de Bouro, e mais precisamente no caderno n.º 2 no artigo de Eduardo Pires de Oliveira "Imagens do Gerês de há cem anos", surge a imagem que encabeça esta publicação.

A legenda refere "Serra do Gerez - Penedos denominados «As Portas» (Segundo desenho do sr. Júlio A. Henriques - O Ocidente, 9 (621) 21 Mar. 1886, p.72)."

A figura faz-nos lembrar o Arco do Borrageiro (ou Pórtico do Borrageiro) tal como surge na fotografia em baixo, mas achei interessante a designação que lhe é dada em 1886, isto é 'As Portas'. Sendo vista de Sul para Norte, a encosta que surge no desenho será o Alto de Varziela.

terça-feira, 26 de março de 2013

Ricardo Jorge, o Pé de Salgueiro, o Junco e a busca pelo Laspedo

Ontem publiquei uma parte de uma mapa de Tude Sousa que faz parte da sua obra "Serra do Gerez, Estudos - Aspectos - Paizagens" editada em 1909 e no qual são bem visíveis as localizações do Pé de Salgueiro e do Junco.

O mapa que hoje aqui publico (isto é, parte dele) faz parte do livro "Caldas do Gerez - Guia Thermal" de Ricardo Jorge, editado em 1891. Tal como o mapa de Tude de Sousa, este «novo» mapa não faz qualquer referência ao Laspedo (e tão pouco se encontra qualquer referência no texto). No entanto, e tal como o mapa de Tude de Sousa, é um instrumento importante na localização do Pé de Salgueiro e do Junco. Estes dois picos estão localizados na vertente Oeste do Vale de Teixeira.

Assim, serve este mapa como mais uma forma de tentar esclarecer a localização do Laspedo baseado em dados do século XIX que nos ajudam a estabelecer uma relação com aquilo que hoje observamos no terreno em comparação com mapas de então e as actuais cartas topográficas. Mais uma vez, não quer isto significar que a localização que hoje nos é transmitida de forma oral esteja errada, quer sim ajudar na localização e na preservação de topónimos que ajudam a enriquecer a Serra do Gerês.

Fotografia: © Rui C. Barbosa (extraída de "Caldas do Gerez - Guia Thermal" de Ricardo Jorge, 1891)

segunda-feira, 25 de março de 2013

Tude Sousa, o Pé de Salgueiro, o Junco e a busca pelo Laspedo

O mapa que ilustra esta publicação no blogue é datado de 1909 e foi publicado no livro "Serra do Gerez, Estudos - Aspectos - Paizagens" de Tude Martins de Sousa.

A informação que contém é extremamente importante na preservação da toponímia da Serra do Gerês, pois guarda velhos nomes (orónimos) que hoje caíram em desuso. Este mapa é importante porque é baseado em testemunhos antigos e foi desenhado com extrema precisão mesmo comparado com as actuais cartas militares que aparentemente serão uma representação fiável daquilo que vemos no terreno (...infelizmente, sabemos que isto não é verdade pois se as cartas de 1949 foram feitas com um certo rigor, as cartas militares mais recentes apresentam erros de localização e de toponímia).

Ora, em que aspecto é que este mapa nos ajuda na localização (ou talvez não) do topónimo Laspedo? Os testemunhos actuais colocam o Laspedo no ponto que hoje está assinalado como Junco e este por sua vez é localizado no ponto que é designado como Pé de Salgueiro (no mapa em cima). Esta localização teria algum sentido, pois o Curral do Junco está localizado um pouco acima do Curral do Camalhão e a pouca distância do Pé de Salgueiro.

Infelizmente, o mapa de Tude Sousa não refere a localização do Laspedo nem tão pouco este topónimo é referido esta obra. Porém, e em várias passagens, as localizações do Junco e do Pé de Salgueiro, bordando a Oeste o Vale de Teixeira, são bem referenciadas.

Assim, temos mais uns poucos elementos para nos ajudar na busca e na localização do Laspedo. As imagens seguintes foram obtidas a partir do Google Earth e ajudam-nos a referenciar a localização do Junco, do Pé de Salgueiro e do Curral do Junco.

Finalmente, a fotografia a seguir mostra o Vale de Teixeira visto do Norte. Do lado direito da imagem é reconhecida a característica forma do Pé de Salgueiro «mesmo em frente» do Curral de Camalhão (recordemo-nos da forma do Pé de Cabril para sabermos a origem do termo 'Pé'). «Atrás» do Pé de Salgueiro ficará o Junco, sendo estes dois picos que delimitam a imensa Corga da Figueira entre a Quelha Verde e o Arenado.

Assim, serve esta publicação mais como uma forma de tentar esclarecer a localização do Laspedo baseado em dados do princípio do século XX que nos ajudam a estabelecer uma relação com aquilo que hoje observamos no terreno em comparação com mapas de então e as actuais cartas topográficas. Não quer isto significar que a localização que hoje nos é transmitida de forma oral esteja errada, quer sim ajudar na localização e na preservação de topónimos que ajudam a enriquecer a Serra do Gerês.

Fotografia: © Rui C. Barbosa (extraída de "Serra do Gerez, Estudos - Aspectos - Paizagens" de Tude Martins de Sousa, 1909)

Fotografia: © Rui C. Barbosa

sábado, 23 de março de 2013

Festival de Caminhadas no Gerês

A Associação Viver Gerês promoveu o 1º Festival de Caminhadas no dia 23 de Março de 2013 no Parque Nacional da Peneda-Gerês. Esta iniciativa envolveu cerca de centena e meia de participantes que vencendo as previsões de chuva tiveram a oportunidade de escolher um de quatro trilhos promovidos por empresas de animação turística locais.

A iniciativa foi muito bem sucedida e deu início a uma série de eventos que se irão prolongar até ao final do ano com a realização de 112 percursos na Serra do Gerês.

Hoje tive a oportunidade de percorrer o 'Trilho da Ermida' que envolveu vários trilhos seculares daquela aldeia comunitária e parte do Trilho dos Currais, tendo sido organizado pela empresa Selvagem Aventura que nos proporcionou momentos de boa disposição como complemento às belas paisagens geresianas.

Após a chegada às Caldas do Gerês e com a reunião de todos os participantes no evento, seguiu-se a Sopa no Pote ao mesmo tempo que decorria na Colunata uma exposição de produtos tradicionais.

O evento foi encerrado com uma tertúlia no Auditório do Centro de Animação Termal com a minha participação juntamente com o fotógrafo João M. Gil.

Fotografias: © Rui C. Barbosa

sexta-feira, 22 de março de 2013

Taxas, um fim à vista?

A semana que agora termina fica marcada pela importante decisão da Provedoria da Justiça em relação à Portaria 138-A/2010, de 4 de Março, e mais precisamente em relação às taxas cobradas pelo ICNF pela análise administrativa dos pedidos de autorização para a realização de actividades de visitação no Parque Nacional da Peneda-Gerês.

A decisão da Provedoria da Justiça foi baseada numa queixa em particular. Porém, a decisão que foi lavrada é aplicável a qualquer pedido que seja feito para uma qualquer área protegida no nosso país. Em suma, é ilegal cobrar essa taxa! Está lá, preto no branco...

Numa instituição que funcionasse baseada em princípios democráticos e que fosse capaz de se aperceber do ridículo da situação que sustentaram durante meses, o mais lógico seria que a portaria em questão fosse imediatamente suspensa ou então interpretada como deveria ter sido desde o princípio. Pelo contrário, o «novo» governo continuou na linha do governo anterior e teimou em manter a portaria mesmo sabendo (porque o sabia desde o princípio) que seria ilegal cobrar a taxa baseada nessa portaria.

A verdade é que a situação irá mudar. No entanto, é nesta altura difícil saber quando mudará pois a tutela há já vários meses refere que a portaria está a ser alterada mas que o processo se arrasta devido à junção de serviços dentro da tutela. Assim, resta-nos ir sempre insistindo sobre o assunto e nunca o deixar esquecer.

Esta foi uma vitória importante mesmo contra aquelas forças que pela calada tentaram evitar que a portaria fosse alterada, tentando proteger interesses comerciais que desde o princípio de todo este processo sempre foram da opinião que o simples cidadão deveria ter de pagar €152,00 para poder desfrutar dos prazeres da caminhar livremente pela Natureza...

Fotografia: © Rui C. Barbosa

quarta-feira, 20 de março de 2013

Duas sugestões para o próximo Sábado

Apesar das previsões de mau tempo para este Sábado, não posso deixar de reforçar o anúncio para a participação nestes dois eventos que terão lugar na Serra do Gerês (mas que infelizmente coincidiram na mesma data).

Assim, este Sábado, dia 23 de Março, terá lugar mais uma Plantação no Gerês organizada pela Associação da Vezeira de Fafião. Os detalhes do evento estão aqui. A inscrição é até dia 20 de Março!
No dia 23 de Março tem também lugar o Primeiro Festival de Caminhadas com a realização de vários percursos pedestres que irão convergir para as Caldas do Gerês. Do programa constam outras actividades conforme de pode ver no sítio do evento.

A taxa ilegal do ICNF


O que fazer quando um instituto do Estado continua a cobrar uma taxa ilegal quando os visitantes das áreas protegidas querem pedir uma autorização para realizar as suas actividades de visitação?

...pedir o livrinho amarelo?!

Fotografias: © PÚBLICO e Diário do Minho

terça-feira, 19 de março de 2013

Trilhos Seculares - Em busca do Laspedo

Continua a minha odisseia para tentar encontrar o Laspedo e hoje segui as indicações que me deram nas Caldas do Gerês para lá chegar. Como as cartas topográficas são muito escassas nos orónimos naquela zona, só posso supor que consegui lá passar...

O objectivo era encontrar um trilho logo após o Curral da Lomba do Vidoeiro na direcção dos Portelos de Teixeira, mas antes de chegar ao Ribeiro da Lomba (do Vidoeiro) rumar em direcção ao Poço Verde e ao Junco; o Laspedo seria naquela zona.

Efectivamente, existem dois ou três carreiros distintos que nos levam em direcção ao Junco. Este é o ponto mais alto antes da montanha se afundar na imensa corga que forma a Figueira antes da chegada a Secelo. Antes da chegada ao Junco, existe uma série de pontos mais elevados localizados acima da Quelha Verde que suponho ser a zona à qual se chama Laspedo. Por outro lado, já me referiram que o Junco é o Laspedo, o que por si só vem confundir um pouco as designações daquelas zonas.

Numa próxima oportunidade irei tentar percorrer o mesmo trajecto que um grupo de jornalistas seguiu em Junho de 1935 e no qual referem observar o Laspedo a partir da Albergaria e após descer o Peito de Escada, fazendo uma descrição completamente diferente da que é feita hoje em dia em relação à sua localização.
Fotografias: © Rui C. Barbosa