Num mundo que vive de noções deturpadas, vejo muita gente a
defender matérias como se tivessem uma perfeita definição do que é arte e
principalmente como se achassem donos e senhores da definição de 'cultura'. A
prova disso mesmo é a ignóbil convicção - num certo cultivo grotesco de uma
profunda ignorância - de que o prazer na tourada não é consequência da tortura
e do sofrimento de um animal inocente, isto é o touro entra na arena porque é
seu destino ser toureado. Não é necessário salientar a indigência de
semelhante... não lhe vou chamar raciocínio, mas absurda dedução... A «lógica»
pseudo-moralista desta maralha é a mesma das beatas que passam horas
infindáveis em oração por si próprias. Ou a dos doentes mentais que passam
horas a puxar o brilho ao pelo dos cavalos numa mostra doentia de um afecto que
terminará um dia pelos transformar em base de mesas depois de serem feridos de
morte, mas que no entanto não são capazes de se levantar para afagar o bebé que
chora a meio da noite, pois isso não é coisa de macho e a mulher que o faça.
Que dizer de quem acha que o sentimento que se pode ter por um animal, o prazer
de partilhar momentos de alegria e a angústia de uma correria para o
veterinário, não passam de modas? Tudo não passa de um sentimento menor, ressabiado,
de uma pequenez sem sentido e de um profundo sentimento de frustração perante a
vida e a sociedade que os envolve. Partir do princípio de que o homem é o único
que pode ter direitos e de que o direito é uma realidade cultural, é a mais
profunda demonstração de uma falácia ignorante e desprovida de qualquer
sentido.
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